Com o incremento do consumo de “crack” revela-se a nudez da
sociedade e portanto a da metrópole onde
esta sociedade é formada. Nus ficamos expostos, nos mostramos como realmente
somos; marcas, cicatrizes, gordurinhas localizadas, pequenos defeitos, tudo
enfim aparece. Com a visibilidade do consumo “skankarado” do crack e outras
drogas, a cidade fica nua. Então se revelam as feridas abertas, as manchas da
sujeira mal lavada, os podres.
A incoerência então impera. Os mesmos que pedem providência
e ação, quando isso é feito – e tem que ser feito com autoridade e energia –
denunciam abuso de autoridade, maus tratos, preconceitos. Mais uma chaga
aberta: a hipocrisia. Isso sem falar de corrupção e da cooptação de jovens de
classe média pelo crime.
A Rio+20 desnudou a cidade. Promovidas pelos eventos
paralelos, manifestações esdrúxulas agitaram o Rio de Janeiro. Mulheres seminuas
reinvidicavam seus direitos – que direitos? Matar? (aborto). Índios armados de
arco e flecha ameaçavam motoristas atônitos em pleno centro da cidade.
Ativistas do MST (sem terra no Rio?) tumultuavam o já caótico trânsito. Tudo
isso diante da passividade e inércia das autoridades constituídas.
A cidade está nua. Por trás da incontestável beleza do Rio
de Janeiro escondem-se chagas abertas e pútridas. A grande e bela São Sebastião
do Rio de Janeiro está enferma. Em verdade a nação está enferma, o mundo
inteiro está enfermo. A Conferência Rio+20 ofereceu a solução para o mundo – o
físico, o material – mas quem pode se levantar para curar o âmago, as chagas
abertas pela nudez? Somente outras
chagas, mas estas, chagas de amor: “Tomou
sobre si nossas enfermidades, carregou nossos sofrimentos. O castigo que nos
salva pesou sobre Ele; fomos curados graças as suas chagas” (Isaias 53,4s).
Façamos o que nos cabe: denunciar a iniquidade, agir de acordo com os preceitos
legais e deixemos Deus fazer a Sua parte; onde não podemos ir Ele com certeza
irá. Daí quem sabe, a cidade, o mundo, não precisarão mais esconder sua nudez.
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