sábado, 27 de fevereiro de 2010

Não ao Mal

Disse Jesus: no mundo haveis de ter tribulações, mas coragem, Eu venci o mundo! Nesse mundo passamos por dificuldades, sofrimentos; mas não se trata de castigo, de abandono. Tudo é consequência da irresponsabilidade humana. Nos afastamos de Deus, rejeitamos sua misericórdia, abdicamos de sua proteção e assim nos tornamos vulneráveis aos ataques de Satanás, este sim, mentor e fomentador de todo mal. Deus fez aliança com seu povo, mas seu povo virou-lhe as costas. Deus é onipotente, não prepotente, por isso não impõe sua vontade e nos deixa livres para escolhermos nosso caminho, mesmo que esse caminho seja diferente daquele que leva a seu reino de justiça e paz.
Vimos que o mal não é intrínseco ao ser humano. O mal não teve origem em nosso coração. Porém o mal nasce no coração do homem, concebido por traumas, decepções, influências do mundo que nos cerca, inveja, cobiça, opressão... O homem não é mal em sua essência, na verdade é fraco, se deixa iludir, pensa que é dono da situação, que está no controle, mas se deixa levar ao vento de qualquer vã doutrina ou filosofia. Usando termos bem populares: acha-se o dono da cocada preta, mas é um bobo alegre.
Sempre haverá dor no mundo. É inevitável (No mundo haveis de ter tribulações...), mas isso não é motivo de desespero nem de falta de confiança, ao contrário (...Coragem, eu venci o mundo). O homem bom, aquele que segue os passos do Vencedor, procurará aliviar as dores e consolar os que sofrem, buscando anular a ação do homem mau que levará consigo o mal e o espalhará onde for. No entanto, bons ou maus, justos ou pecadores, vivemos todos no mesmo mundo, sujeitos as mesmas influências, boas ou perniciosas. Se caminharmos com aqueles que seguem o Senhor estaremos sob a influência daquilo que é bom e sadio. Se ao contrário, voltarmos as costas ao Senhor vencedor do mundo e buscarmos outros caminhos, estaremos sob o domínio do mentor e fomentador do mal.
O mundo tenta nos mutilar, nos desfigurar, nos afastar do reto caminho, transformando-nos em objetos, em coisas. Mas o Espírito Santo vem em nosso socorro, nos amparando, fortalecendo, orientando e pelo nome vitorioso de Jesus restaura em nós a dignidade de filhos de Deus.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A função do profeta hoje



Para que a proclamação da Palavra seja eficaz, é necessário que ela se faça com a força impactante da profecia, com audácia (parhessia), capaz de ressoar nas raízes da pessoa lá onde Deus plantou o desejo de encontrá-lo. Ao ouvir o querigma a pessoa deveria poder experimentar a Morte e Ressurreição do Senhor como mistério que a envolve e lhe afeta profundamente a própria existência. Quem o proclama, se não o faz de dentro desta mesma experiência, não estará falando de uma realidade atual que lhe toca as raízes e, por isso, tornasse incapaz de fazer uma proclamação que leve à conversão (Doc 80, pág. 26). Sem dúvida a voz profética da igreja é uma indicação ao exercício do nosso ministério, que de fato, por meio de um anúncio inflamado, ousado, mudará as realidades atuais com combatividade e mais do que nunca a pregação ousada, parte daquilo que cremos e cremos naquilo que experimentamos, por formar assim o nosso caráter, a identidade ou ainda o selo do pregador, pois anunciar o Evangelho não é glória para nós; é uma obrigação que nos é imposta. Ai de nós, se eu não anunciarmos o Evangelho! (Cf. I Cor 9, 16).

O profeta tem como missão hoje de encorajar o povo de Deus a confiar exclusivamente na graça, e no Seu poder, como também avisar ao povo que sua segurança depende da fidelidade à aliança pelo sangue de Cristo, o dever de encorajar Israel (a igreja) é constitutivo da nossa pregação que tornará presente na vida das pessoas as coisas eternas. Somos chamados a sermos criadores da esperança, anunciadores de que o povo de Deus deve ser preparado para Ele na glória, mesmo que no momento presente seja ela incutida pelo mau testemunho de alguns dos seus membros, porém não seja acuada pela pressão de um mundo ímpio. Isto nos põe diante de uma verdade que não se pode ignorar devemos encorajar o povo a permanecer fiel no compromisso com Deus, a confiar Nele e não arrefecer de sua missão neste mundo.

Assim como Novo Testamento, encontramos profetas na Igreja e a profecia é mostrada sendo um dom ou carisma como o exemplo mostrando na missão de Paulo (At 21, 11-12) e vemo-lo profetizando uma grave fome no Império Romano (At 11, 27-30). Mas o fato está aqui: a Igreja está edificada sobre o fundamento dos “apóstolos e profetas” (Ef 2, 20), como a comunidade do passado, Israel, estava edificada sobre “sacerdotes e profetas”. Do sacerdotalismo judaico, que é o levitismo do templo, cede lugar à Palavra profética. Constituir o profetismo nos tempos de hoje é reviver a angústia de Jeremias revelado em um homem que vê o que está por acontecer ao seu povo e que sofre com isso, que é tomado de uma inquietude interior. Ele não se alegra com o que vê, mas chora por causa dela: “Ah! Minhas entranhas! Minhas entranhas! Eu me contorço em dores. Oh! As paredes do meu coração! Meu coração se agita! Não posso calar-me, porque ouves, ó minha alma, o som da trombeta, o alarido de guerra” (Jr 4, 19).

“Por isso, nós, como discípulos e missionários de Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Anunciamos a nossos povos que Deus nos ama, que sua existência não é uma ameaça para o homem, que Ele está perto com o poder salvador e libertador de seu Reino, que Ele nos acompanha na tribulação, que alenta incessantemente nossa esperança em meio a todas as provas. Os cristãos são portadores de boas novas para a humanidade, não profetas de desventuras” (DA 29). O profeta é um embaixador de Cristo inserido no povo de Deus com a missão de conduzir-los na Palavra de Deus e na doutrina da Igreja para os preceitos da aliança, e proclama, em nome de Deus, a maneira correta de proceder. Ele fala não apenas em nível individual, mas também em nível coletivo em uma instrução voltada à conversão. Pois denuncia o pecado individual e estrutural e aponta o caminho correto: o arrependimento.

“Porque não ousaria mencionar ação alguma que Cristo não houvesse realizado por meu ministério, para levar os pagãos a aceitar o Evangelho, pela palavra e pela ação, pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito. Vê-lo-ão aqueles aos quais ainda não tinha sido anunciado; conhecê-lo-ão aqueles que dele ainda não tinham ouvido falar” (Rm 15, 18-19a.21b).

Por James Apolinário – RCC CE

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cinzas

“Carnaval desengano, deixei a dor em casa me esperando” – linda poesia, linda canção, mas não é mais minha realidade. Neste carnaval permaneci com Jesus, alegria que não me abandona nunca e está comigo onde quer que eu vá.
Quantos cristãos, pessoas de Deus se desviaram nesse carnaval. Ateus e indiferentes a Deus costumam brincar o carnaval – alguns se acabam (literalmente) – sem traumas ou culpas, embora grande número reencontre a dor, as frustrações e as carências na quarta feira. O crente, porém, que se desvia o faz com sentimento de culpa, mas ainda assim faz. O verbo desviar aqui usado, não é brincar o carnaval; isso pode ser feito de maneira sã, sem excessos, de modo a não ofender os preceitos cristãos. Desviar é desviar mesmo: sair do caminho, tomar outra via, perder o rumo. Não poucos se dizem cristãos, mas agem como pagãos.
Carnaval em si não é pecado. Como, porém, os ambientes típicos de carnaval não são modelos de virtude, é salutar que o cristão os evite. Evitá-los como se deve evitar qualquer ocasião de pecado para não cair em tentação. Quem é cristão e ainda assim gosta de carnaval, procure um ambiente propicio: os rebanhões e encontros de carnaval de comunidades católicas; em Curitiba havia (não sei se ainda existe) uma escola de samba evangélica.
Caríssimo irmão, cristão autêntico, evite o carnaval mundano. Não que ele seja errado, mas pelo que há de errado nele. Caso você tenha desviado o caminho e tropeçado: “Por isso agora ainda voltai a mim de todo o coração com jejuns, lágrimas e gemidos de luto. Voltai ao Senhor vosso Deus porque Ele é bom e compreensivo, longânime e indulgente” (Joel 2,12-13).

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Profetismo na Antiga Aliança


Para alguns em nossos dias, o profeta é uma pessoa dotada de uma ação sobrenatural que lhe permite adivinhar coisas - Profecia, que nesta perspectiva, é adivinhação. É assim o conceito secular, no entendimento de pessoas sem o conhecimento do sentido bíblico da expressão. Da mesma forma, era esse o conceito de profeta entre os povos pagãos o chamado lecanomancia ou leitura do futuro pela figura do azeite derramado numa taça sagrada, ou ainda a hepatoscopia que era a leitura do futuro pelos riscos do fígado de animais sacrificados aos ídolos, o uso de árvores sagradas, como os cananeus faziam com os carvalhos (Gn 12, 6 - Moreh, em hebraico, significa “mestre”), sonhos após alucinógenos, a interpretação do vôo dos pássaros, tudo isto fazia parte do ofício profético pagão.
O primeiro homem chamado de “profeta” surge, com o termo no hebraico, ‘navi’ que é atribuído a Abraão (Gn 20, 7) pelo testemunho que o próprio Deus dá a Abimeleque - “restitui a mulher a seu marido, porque é um profeta”. Abraão é visto como profeta nacional, nesse mesmo sentido tem um outro ‘navi’ que é Moisés, que inclusive, torna-se o padrão para os demais profetas. Em Dt 18, 15 se lê: “o Senhor teu Deus te suscitará um ‘navi’ como eu, do meio de ti, de teus irmãos. A ele ouvirás”. Esta palavra é digna de atenção especial porque é a única referência, na Torah, à profecia como instituição. Por isso que requer nossa atenção, porque Moisés nos é mostrado como o padrão profético. Tal expressão parece vir do verbo ‘nivva’, que teria vindo do acadiano ‘navvu’, que significa chamar, nomear. O verbo ‘nivva’ significaria, então, o ato de designar alguém como arauto. Que sentido maravilhoso, o primeiro significado bíblico para profeta, na antiga aliança, seria o de proclamar, o de anunciar, fazendo assim o papel de um ARAUTO. O primeiro ‘navi’ tem uma relação próxima com Deus e é um peregrino. Porém, o segundo ‘navi’ também tem uma relação próxima com Deus, é peregrino, também, mas já é arauto, o que o primeiro não foi.
Outro termo no hebraico para “profeta” é o ‘ish Elohim’, homem de Deus que classifica como um reconhecimento que os outros faziam do profeta, o qual é mostrado como uma pessoa de confiança de Deus e as pessoas vêem isso em seu testemunho de vida. Não é ele quem se proclama assim. Na realidade, o profeta não alardeava sua condição profética. As pessoas viam isso por ter uma autoridade que o tornava alguém credenciado.
Duas palavras hebraicas expressam o profeta como vidente, o que requereria uma maior observância: ‘ro’eh’ e ‘hozeh’, ambas com o sentido de vidente. ‘Ro’eh’, o termo mais comum, deriva do verbo “ver” como em Am 7, 12 no qual Amasias chama a Amós de ‘ro’eh’: “Vai-te, ó vidente (ro’eh), foge para a terra de Judá, e ali come o teu pão, e ali profetiza”. Nem sempre o termo está associado com vidência. É muito mais uma interpretação dos eventos ou a compreensão de algo mais profundo numa visão comum relacionada ao discernimento. Pois o profeta é aquele que vê o que os outros não vêm. Nós, como profetas, somos chamados, em meio a uma cultura banalizada, que acha tudo normal, a denunciar a injustiça e as condutas imorais em um mundo marcado pela cultura de morte que defende a união conjugal de homossexuais, na descriminalização de drogas, na liberação total de costumes, aborto, tudo isso mostrado com tolerância e progresso, e vê as conseqüências, vê o que os outros não conseguem ou não querem ver e quase sempre, é uma voz contra a multidão, um solitário, um rejeitado. Na LXX são traduzidos os três termos, ‘navi’, ‘ro’eh’, ‘hozeh’ por ‘prophetês’, vendo-os em uma única direção no sentido é “falar por alguém”. Diria que expressa bem o caráter profético na sua essência ou raiz. Não muito comumente, aparecem também três termos hebraicos: ‘sophi’im’, significando atalaia (Jr 6,17; Ez 3,17; 33,2.6.7); ‘shomer’, significando atalaia, sentinela, guarda (Is 21, 11-12; 62, 2) e ‘raah’, significando pastor (Jr 23, 4; Ez 34, 2-10; Zc 11, 5.16).
Em suma, o profeta é um homem de Deus, por Ele indicado, é um homem que vê além dos demais, que tem inquietude interior, que entende, que vem como arauto. É também uma sentinela no serviço e um pastor, que cuida do rebanho. E sem dúvida sabe como as coisas devem ser e sabe das consequências de não serem como devem. Tem uma relação de guarda com o povo de Deus, adverte e ensina. Nem sempre é amado pelos homens, mas mesmo assim segue com sua missão.
Por James Apolinário – RCC Ceará

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Distorções


Em Isaías encontramos essa revelação: “Ai daqueles que ao mal chamam bem e ao bem chamam mal. Ai dos que fazem das trevas luz e luz em trevas, que tornam doce o amargo e amargo o que é doce”.(Is 5,20). Vivemos num país e num mundo onde essas palavras reveladoras do profeta Isaías se tornam cada vez mais uma realidade vivida, defendida, publicada e até transformada em normas de vida, em leis governamentais e até constitucionais. A morte de fetos congelados para fins de pesquisa, até mesmo com aprovação escrita dos pais; o tremendo infanticídio provocado pelas leis que aprovam e patrocinam o aborto; as guerras desencadeadas por interesses econômicos e ganâncias de poder; as leis que aprovam as uniões homossexuais; a corrupção política e econômica; toda falta de ética e moral no desempenho de funções publicas e profissões, bem como todo tipo de pecados de natureza pessoal, como adultério, homossexualismo, prostituição, vícios morais e outros tantos, são um grande mal, mas considerados um ‘bem’; são as trevas, mas agora consideradas ‘luz’; são tidos como modernismos, conquistas da sociedade; são o amargo do mal, agora defendido como o ‘doce’de uma vida de progresso.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Esperança

São Paulo testemunha que devido a realidade da ressurreição de Jesus Cristo e da certeza de nossa própria ressurreição, sua fé não era inútil nem vazia.
A Palavra nos lembra e de certa forma exorta a olharmos para frente, visando um futuro além do horizonte material. Pessoas fazem provisão para o amanhã, cadernetas de poupança, não é assim? Desta maneira buscam garantir o futuro da família, dos filhos e de si próprio. Devemos pensar no futuro não simplesmente como o dia de amanhã, o futuro imediato, mas sim pensar no futuro como eternidade. Porque haverá um dia, quando caírem todas as nossas imperfeições – assim esperamos – estaremos diante de Deus e O veremos tal qual Ele é! Veremos então, o que olho nenhum viu e ouvido nenhum jamais ouviu! (Estas são palavras da escritura, não minhas; vêem portanto do coração, não da mente). Em vista do exposto, nossa caderneta de poupança deve ser espiritual não material, nossos tesouros devem estar no coração, não no cofre.
Deus nos criou perfeitos como Ele mesmo, à Sua imagem e semelhança. Mas o pecado nos desfigurou. Em Adão perdemos a imortalidade e a graça original; vaidade, orgulho, soberba, auto suficiência e desobediência geraram o pecado e com o pecado a dor, o sofrimento, doenças, morte. Mas veio alguém que tudo venceu, inclusive triunfou sobre a morte. Com Adão vieram o pecado e a morte, com Cristo a graça santificante e a vida eterna. Em Adão abundou o pecado, em Jesus a graça é superabundante!
Tem gente que sabe que algo é errado e mesmo assim, faz. Nada importa, para esses tudo é permitido, tudo convém. São amantes do pecado, capazes de lutar para ganhar o mundo, mas não se disponibilizam para Deus. Querem tudo do mundo e perdem a graça da salvação. O cristão não é, não deve e nem pode ser assim. Nossa esperança reside naquele que morreu e ressuscitou para nos salvar e garantir a eternidade junto ao Pai Celeste. Vivamos intensamente nossa fé, vivenciemos com fervor a Boa Nova de Cristo para alcançarmos a salvação e podermos adentrar um dia o Santo dos Santos. Como nos diz São João Bosco: “Vivamos como se cada dia fosse o primeiro, único e último de nossa vida.”
Haveremos, um dia, de ver Deus face a face. Enquanto não chega esse dia, vivamos nossa obscuridade com fé, enxergando-O como que através de um véu, à contraluz. Vivamos de modo que quando advir a hora, possamos adentrar o Santo dos Santos e permanecermos resplandecentes com Ele na eternidade.