sexta-feira, 27 de julho de 2018

Divina Misericórdia



Ao anunciar o querigma, o primeiro item apresentado é o amor de Deus. Apresentamos o Pai amoroso, o “Abba”, carinhosamente o “Paizinho”; mostramos quão grande e incondicional é esse amor. Contudo muitos se fecham e de certa forma não crêm ou aceitam esse amor; não sinto e não tenho motivos para acreditar nesse amor, não valho nada, Deus não me enxerga, dizem. Costumo então comparar esse amor com o ar que nos cerca: não o vemos, às vezes não o sentimos, mas sabemos que ele existe e nos envolve. Assim é o amor de Deus; muitos não o sentem, não o percebem, mas como o ar, ele existe e nos cerca. Para perceber o ar (que é matéria) basta respirar fundo, então o sentimos. Para perceber o amor misericordioso do Pai (que é sentimento) é necessário se abrir por inteiro e tomar a decisão de assumir para si esse amor, apesar dos pesares que possam estar nos assolando; é então questão de decisão pessoal, de vontade. Não que o amor de Deus dependa da nossa vontade, não é isso, ele é constantemente derramado sobre todos indistintamente, mas para senti-lo é preciso que o aceitemos e assim tomamos posse dele.
No livro do profeta Isaias, capitulo 43, versículo 4a, a palavra de Deus nos fala: “Por que és precioso aos meus olhos, porque eu te aprecio e te amo.” Ele revela que somos importantes, estimados, nos tem apreço, que somos amados. Em Salmos 144(145),9   o salmista experienciando Deus, nos revela: “O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras.” E somos todos, bons ou maus, justos ou pecadores, obras primas de Deus. Recentemente ouvimos numa pregação que somos frutos do amor de Deus, o transbordante e incontido amor de Deus, pois fomos criados no transbordamento desse amor. Isto é mais que lindo e poético, é verdadeiramente verdade verdadeira! Assim mesmo, extremamente redundante.
Esse amor incontido e transbordante se manifesta na misericórdia. Misere(miséria) + cordes(coração): o coração amoroso de Deus debruçado sobre nossa miséria. Somos pequenos, mas Deus nos tem apreço, ou seja, nos eleva em graça; isto é misericórdia. Não temos valor, mas para Ele somos preciosos; isto é misericórdia. Por isso, como Sta. Faustina podemos afirmar: “Nosso pecado é uma pequenina gota no oceano da misericórdia de Deus”. Que possamos viver envolvidos no amor imenso de Deus Pai, mergulhados na Sua infinita misericórdia e nos sentirmos restaurados em nossa dignidade de filhos e não mais coisas sem valor. A Divina Misericórdia nos sustenta.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Eminência de Cristo



Para ele foram feitas todas as coisas. Ele que existe desde sempre junto ao Espírito, consubstancial ao Pai, partícipe e também autor da Criação; existente antes de todas as coisas, todas as coisas subsistem nele. Ele é o principio, meio, fim. Alfa e ômega, estrela da manhã, sol radiante da justiça, príncipe da paz.
Nele e para ele foram feitas todas as coisas nos céus e na terra. Tudo foi criado pelo Verbo; as coisas visíveis e invisíveis; o céu, a terra, o mar; plantas e animais; os seres humanos e os seres angelicais; toda criação, porque aprouve habitar nele a plenitude de todas as coisas.
Porque nele habita a plenitude dos dons e da graça, assumiu também nossa humanidade. Assim o Verbo Divino se fez carne e habitou entre nós para reconciliar consigo todos os homens. Reconciliação essa através de seu sacrifício, o derradeiro sacrifício conciliatório. Portanto, por intermédio dele ao preço do seu sangue, aprouve Deus reconciliar consigo toda a humanidade decaída, restabelecendo a paz a tudo que existe no céu e na terra.
“Sendo vós noutro tempo estranhos e inimigos de coração pelas más obras, agora por certo vos reconciliou no corpo de sua carne, pela morte, para vos apresentar santos e imaculados e irrepreensíveis diante dele. Para tanto é necessário perseverar na fé, firmes e inabaláveis na esperança que é dada pelo evangelho que vos foi anunciado”.(Epistola aos Colossenses, cap. 1, vv. 21 a 23).

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Coroa Indestrutível



Perdemos a Copa do Mundo. E daí? É só um jogo. Jogos nem sempre nos são favoráveis; às vezes ganhamos, às vezes perdemos, por mais que nos julguemos melhores e talvez até sejamos. Mas mesmo se ganhássemos o último jogo, chegaria o dia em que, fatalmente, seriamos derrotados nesta ou em outra Copa. Então o que importa verdadeiramente é lutar por algo que seja definitivo, que jamais nos será tirado, a coroa indestrutível de que nos fala o Apostolo Paulo em sua carta aos corintios, cap. 9, versos 24 e 25: “Nas corridas de um estádio, todos correm, mas bem sabeis que um só recebe o premio. Correi pois, de tal maneira que consigais. Todos os atletas se impõem muitas privações; e o fazem para alcançar uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível”. Esta é a coroa final, o troféu da glória eterna.
Esse troféu só podemos conquistar com uma vida em Cristo, segundo moção do Espírito Santo. Não é um jogo, é uma corrida de obstáculos onde não há adversários, há companheiros; não há ninguém a vencer (Nossa luta não é contra a carne e o sangue... - cf Ef 6,12), há irmãos a compartilhar. O adversário, o verdadeiro inimigo a vencer não é nosso próximo; está em nós mesmos (a concupiscência) e a nos afrontar, as investidas do maligno. Portanto, guardemos a fé, caminhemos firmes, passos largos na via traçada para nós, caminho, verdade, vida: Jesus de Nazaré. Como Paulo, possamos também dizer: “Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4,7).
Copas do Mundo podem ser roubadas. Surrupiadas sorrateiramente pelo apito de um árbitro tendencioso ou literalmente furtada (cadê a Jules Rimet?). Mas a coroa da vitória em Jesus ninguém nos tira, pois em Cristo somos mais que vencedores.

 

sexta-feira, 13 de julho de 2018

O Cordeiro de Deus



Inicio esta reflexão citando o catecismo da igreja Católica: “Pela sua morte Jesus nos liberta do pecado; pela sua ressurreição Ele nos abre as portas de uma vida nova” (CIC 654).
Quando Jesus foi para a cruz e deu sua vida por nós, era Ele o cordeiro de Deus, o derradeiro holocausto expiatório, o definitivo sacrifício para remissão dos pecados do mundo inteiro.  Sacrifício atemporal, pois contemplou passado, presente e futuro. Toda a Terra, em qualquer lugar, a qualquer tempo, foi alcançada pela graça do perdão Divino. A ressurreição, manifestação do inconteste poder de Deus, nos abriu o caminho para a eternidade. Esse caminho inicia-se em Jesus, passa por Jesus e prossegue com Jesus.
A fé, baseada na Palavra de Deus e nos ensinamentos da igreja nos convence disso. Entretanto uma grande questão permeia essa assertiva: basta a fé para obtermos o perdão Divino e consequentemente alcançarmos a salvação e a glória eterna? A fé é fundamental, porque pela fé reconhecemos e aceitamos o sacrifício e a glorificação do Senhor. Mas a fé simplesmente não é o bastante. Lembremo-nos que Jesus, o Verbo Eterno (ver Jo 1,1-2.14), veio ao mundo para remir a humanidade e reconciliá-la com o Pai. Durante três anos formou discípulos, elegeu um grupo para sucedê-lo, ensinou, revelou seu propósito e por fim doou-se venceu a morte e retornou aos braços do Pai na eternidade. Portanto, o direito à salvação passa por tudo isso.
O mérito de nossa salvação é todo de Jesus, porém é necessário que desejemos e aceitemos as condições. A salvação nos foi oferecida, o mérito é Dele e a fé nos certifica isso; no entanto, temos que conquistá-la. O sacrifício, a ação principal, foi Dele e o que Ele nos pede é que façamos a nossa parte. E nossa parte, a contribuição pessoal para a salvação é simplesmente ouvi-lo e obedece-lo: “Fazei tudo que Ele vos disser” (Jo 2,5).
  

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Jesus Libertador



Nós cristãos dizemos – e dizemos com convicção – que Jesus Cristo cura, liberta, salva. Realmente, Jesus é Nosso Senhor e tem poder sobre tudo e sobre todos. Na cruz nossos pecados foram remidos: “Mortos pelos vossos pecados e pela incircuncisão de vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele. É ele quem nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-os definitivamente ao encravá-lo na cruz”   (Cl 2,13-15). Portanto, Cristo já nos libertou, cabe a nós sair do cativeiro. A morte, consequência do pecado, foi vencida e cabe ainda a nós, como Lázaro, vir para fora do sepulcro. Jesus abriu as portas de todas as prisões, rompeu os grilhões que nos acorrentavam, e da porta nos chama a si. Muitos, porém são surdos aos apelos do Senhor; ouvem, no entanto, os clamores do mundo. Estes ao invés de sair, ficam acuados no fundo de suas prisões, escravos que se fazem do pecado.
Nenhum de nós é pecador porque abandonados por Deus; ao contrário, abandonamos Deus, por isso somos pecadores. O mal não tem poder sobre nós se estamos em Deus com Jesus Cristo. Se alguém proclama que Jesus é senhor de sua vida e ainda assim vive em pecado, na verdade não tem Jesus como senhor e peca porque quer. Permanece no interior de sua cela no calabouço da iniquidade, não dá ouvidos a Jesus e atende aos clamores glamourosos do mundo, deixando-se seduzir pelos embustes do maligno.
Ouçamos, pois, a voz do Senhor que nos chama. Sigamos Jesus que é o caminho. Caminho que leva à verdade; verdade que liberta; liberdade que dá vida; vida plena e abundante.