Ao anunciar o querigma, o primeiro item apresentado é o amor
de Deus. Apresentamos o Pai amoroso, o “Abba”, carinhosamente o “Paizinho”; mostramos
quão grande e incondicional é esse amor. Contudo muitos se fecham e de certa
forma não crêm ou aceitam esse amor; não sinto e não tenho motivos para
acreditar nesse amor, não valho nada, Deus não me enxerga, dizem. Costumo então
comparar esse amor com o ar que nos cerca: não o vemos, às vezes não o
sentimos, mas sabemos que ele existe e nos envolve. Assim é o amor de Deus;
muitos não o sentem, não o percebem, mas como o ar, ele existe e nos cerca.
Para perceber o ar (que é matéria) basta respirar fundo, então o sentimos. Para
perceber o amor misericordioso do Pai (que é sentimento) é necessário se abrir
por inteiro e tomar a decisão de assumir para si esse amor, apesar dos pesares
que possam estar nos assolando; é então questão de decisão pessoal, de vontade.
Não que o amor de Deus dependa da nossa vontade, não é isso, ele é
constantemente derramado sobre todos indistintamente, mas para senti-lo é
preciso que o aceitemos e assim tomamos posse dele.
No livro do profeta Isaias, capitulo 43, versículo 4a, a
palavra de Deus nos fala: “Por que és
precioso aos meus olhos, porque eu te aprecio e te amo.” Ele revela que
somos importantes, estimados, nos tem apreço, que somos amados. Em Salmos
144(145),9 o salmista experienciando Deus, nos revela: “O Senhor é bom para com todos, e sua
misericórdia se estende a todas as suas obras.” E somos todos, bons ou
maus, justos ou pecadores, obras primas de Deus. Recentemente ouvimos numa
pregação que somos frutos do amor de
Deus, o transbordante e incontido amor de Deus, pois fomos criados no
transbordamento desse amor. Isto é mais que lindo e poético, é verdadeiramente
verdade verdadeira! Assim mesmo, extremamente redundante.
Esse amor incontido e transbordante se manifesta na
misericórdia. Misere(miséria) + cordes(coração): o coração amoroso de
Deus debruçado sobre nossa miséria. Somos pequenos, mas Deus nos tem apreço, ou
seja, nos eleva em graça; isto é misericórdia. Não temos valor, mas para Ele
somos preciosos; isto é misericórdia. Por isso, como Sta. Faustina podemos
afirmar: “Nosso pecado é uma pequenina
gota no oceano da misericórdia de Deus”. Que possamos viver envolvidos no
amor imenso de Deus Pai, mergulhados na Sua infinita misericórdia e nos
sentirmos restaurados em nossa dignidade de filhos e não mais coisas sem valor.
A Divina Misericórdia nos sustenta.