A paz de Jesus, meus irmãos!
Sob a luz da palavra pediremos o auxílio de nossa Mãe Maria
para permanecermos unidos.
Voltaram eles então para Jerusalém do monte chamado das
Oliveiras, que fica perto de Jerusalém, distante uma jornada de sábado. Tendo
entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer.
Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago,
filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, irmão de Tiago. Todos eles
perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas
Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele. (At 1, 12-14)
Depois da ascensão de Jesus e antes de Pentecostes, Maria e
os Apóstolos foram para o Cenáculo. Essa é a cena que mostra os primeiros
passos para o nascimento da Igreja. Jesus já não estava mais com eles, e tinham
agora a esperança do Paráclito que havia sido prometido. Por isso, foram para o
Cenáculo. Lucas faz questão de citar 12 nomes, de cada um dos Apóstolos e o de
Maria. Até existiam outras pessoas, mas Lucas quis citar os nomes dos doze.
Perseveravam
Eles estavam sob a ordem de Jesus: “E comendo
com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o
cumprimento da promessa de seu Pai”(At 1, 4). A perseverança deles
não era fruto de uma ideia própria, e sim obediência à ordem de seu Mestre. A
volta deles do Monte das Oliveiras não foi em tom de despedida, e sim com o
ânimo das palavras de Jesus. Por isso, estavam motivados e perseverarem. Não
foi cada um pro seu canto, pra sua casa, não. Foram todos obedecer à ordem de
Jesus. E precisavam ficar lá, naquela sala, como de costume. Não podiam se
afastar de Jerusalém, mesmo sem saber o que estava por vir, simplesmente
obedeceram e perseveraram.
Podemos levar pra alguns lados essa meditação, mas quero que
pensemos no nosso Grupo de Oração. Nós fomos chamados a servir no Grupo de
Oração, portanto, o lugar da nossa perseverança é o nosso grupo. Como Renovação
Carismática Católica o nosso ministério só se realiza plenamente, em sua
totalidade no nosso Grupo de Oração. Nossas raízes estão fincadas no grupo. É
como a nossa casa, onde podemos ir pra qualquer lugar, mas temos pra onde
voltar.
Lucas diz que o cenáculo era o lugar onde eles costumavam
permanecer. Para nós também deve ser assim. A nossa casa é onde a gente
permanece, é onde realmente somos enraizados. Lá no grupo é o nosso berço. É
onde aprendemos dar os nossos passos. A perseverança no Grupo de Oração
legitima nosso ministério. Não há sentido ser missionário com seu ministério e
não ser perseverante no Grupo de Oração.
Infelizmente essa é uma das realidades do nosso Movimento.
Muitos querem ser missionários, mas não são perseverantes e assíduos em seus
Grupos de Oração. Alguns veem os grupos como um estágio: começam, mas já
imaginando que podem ser missionários, e assim, deixam o grupo. Ser missionário
não é o problema, o que não se pode acontecer é fazer do grupo um degrau, sair
por aí cantando, pregando e nunca mais querer servir no grupo. Isso não tem
sentido, não tem legitimidade.
Um dia perguntei pra um colega que tocava em um ministério
da minha diocese, por que não estava mais tocando em seu grupo de oração. Ele
respondeu que tinha desanimado, porque eles tinham parado de fazer shows, e ele
não queria mais “só” tocar no grupo de oração.
Sinceramente, foi uma das respostas que mais me doeu neste
tempo de caminhada. Era como se tocar no grupo fosse uma regressão. Hoje ele
não toca mais em lugar nenhum, nem à missa vai.
Meu ministério também faz eventos fora, como
evangelizashows, congressos, retiros etc. Tenho total convicção que a qualquer
momento nossos compromissos podem diminuir ou até acabar, e o que seria de mim
se eu colocasse nesses tipos de eventos toda a minha razão de ser RCC? Se me
faltar convites para tocar em qualquer outro lugar, não sentirei nenhum pouco.
Agora, quando falto em meu grupo de oração, aí sim, é uma semana vazia e
estranha pra mim. Meu Grupo de Oração é minha raiz, é lá que sou amado e
acolhido. A vida missionária é extremamente necessária (mais pra frente
trataremos desse assunto), contanto que você tenha pra onde voltar e
permanecer.
Os Apóstolos perseveravam em Jerusalém, onde Jesus havia
sido morto e os Cristãos passaram a ser perseguidos. Mas eles estavam lá, em
meio a essa batalha. Eles perseveravam mesmo na tribulação. Exatamente porque
cumpriam o que Jesus havia lhes ordenado, porque estavam enraizados nas
palavras do Senhor. Eles não desistiram e perseveraram até vinda do Paráclito.
Nós, porém, se não estivermos como os Apóstolos e Maria,
desanimaremos rapidamente. Quem não tem raiz, qualquer vento que sopra é
derrubado. Quando é decepcionado, quando é humilhado ou até perseguido, se
torna suficiente para que desista. Porque não tem raiz.
A perseverança se prova exatamente na dor, o Apóstolo Paulo
vai nos dizer, que a tribulação produz a paciência e a paciência prova
a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança (Rm 5,
3-4). Jesus vai nos dizer: “Sereis odiados por causa do meu nome,
mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 10, 22).
Definitivamente o que se espera de quem foi chamado é a perseverança, mas a
perseverança que vai até o fim.
Muitos estão atuando até há muitos anos, mas não são esses
perseverantes, porque vivem como se não estivessem ali. Comprometem-se até onde
convém e fogem da cruz. Não é essa perseverança que Jesus diz. Jesus está
falando de Cruz, de perseguição, de lágrima, de serem odiados. Jesus está
falando de martírio, de vazio, desprezo, deserto, renuncia.
Essa perseverança está totalmente ligada ao amor a Jesus.
“Mas o que perder a sua vida POR AMOR de mim e do evangelho, salva-la-á” (Mc 8,
35).
Eu costumo dizer que por vezes lamentamos a desistência de
muitos irmãos e ficamos preocupados em querer saber por que desistiram, porque
pararam... E ficamos somente na lamentação. (Lógico que devemos ir atrás dos
que se perderam, mas não é esse o caso). Eu digo, em vez de querer saber o
porquê tantos foram embora, pergunte aos perseverantes, porque ficaram. A
resposta será uma só: Perseveramos por que amamos ao nosso Senhor!
E Maria? Quem perseverou mais que essa mulher? Chego a me
emocionar, só de pensar no quanto nossa Mãe do céu foi tão cheia de amor por
seu Deus, que mesmo cheia do Espírito Santo, como nenhum dos Apóstolos, Ela
estava lá, junto deles, perseverando unanimemente em oração. A vida de Maria
foi uma constante perseverança e persistência. À Maria não foi revelado tudo nitidamente
o que ela teria que passar. A Ela não foram dados antes de tudo, os itinerários
dolorosos ricos em detalhes que devia seguir. Mas perseverou até o fim, passo a
passo. Da alegria da anunciação e magnificat até a solidão e escondimento. Do
júbilo dos anjos que cantavam “Glória a Deus nas alturas” até a humilhante e
dolorosa morte de seu Filho.
Por isso que não é de se estranhar a delicadeza de Lucas ao
comunicar que Maria, a mãe de Jesus, está com os Apóstolos, perseverando
unanimemente em oração. Ah Maria... Cada dia nos surpreendendo mais...
Rezemos irmãos Artistas, pela nossa perseverança. Peçamos a
Maria que nos ajude a perseverar no amor a Jesus. Que possamos reacender o amor
ao nosso Grupo de Oração, que se apagara. O Grupo de Oração é o tesouro de
Deus. Rezemos irmãos, rezemos pela perseverança não só sua, mas de todos esses
irmãos que caminham com você. Que a Cruz seja pra nós a alegria de provar a
nossa fidelidade.
Próximo mês nós continuaremos meditando esses versículos.
Graças a Deus, ainda não se esgotou nossa meditação.
Abraços a todos! Um grande abraço desse pobre pecador.
Juninho Cassimiro - Coordenador Nacional do
Ministério de Música e Artes-Renovação Carismática Católica do Brasil
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