sábado, 31 de maio de 2014

Ser ou não ser Santo?


“Ser Santo ou não ser Santo” é uma decisão que parece que temos que tomar todos os dias em nossa vida, no entanto, para aqueles que desejam ir para o céu e fazer parte do reino definitivo de Deus, não existe outra escolha se não a de ser Santo. No início de cada jornada devemos nos colocar em posição de diálogo com o Senhor e perguntar o que preciso fazer nesse dia, qual deverá ser a minha escolha diante das mais diversas situações que se apresentarão ao longo da caminhada rotineira e no quotidiano de minhas atividades que farão com que eu escolha “ser Santo”. O resultado de todas as minhas pequenas ou grandes decisões definem o caminho que estou tomando, definem por qual das posições escolhi para lutar - “Ser ou não ser Santo”.
Em nosso dia a dia a expressão “ser Santo” pode soar estranha, visto que o mundo nos lança diversas situações totalmente contrárias em quase todas as suas demonstrações. Somos colocados à prova diariamente e, por diversas vezes, sejam em nossas inter-relações pessoais ou nas profissionais, sendo aqui a resposta clara, não se afastar da palavra de Deus: “Não te afastes dela nem para direita nem para a esquerda” (Josué 1, 7). Se o desejo de nosso coração é chegar à terra prometida (ser Santo), para nós que cremos, não nos resta outra coisa.
Fora de nosso meio – os que vivem a mesma fé através das atitudes da vida, aqui me refiro às pequenas atitudes concretas de ação ou reação diária, refiro-me àqueles que lutam para viver o que professam a cada segundo, nos pensamentos, nas atitudes e nas palavras – “ser Santo” parece algo tão distante, tão longe para os que vivem num outro mundo, que viver distante da fé ou na superficialidade, na aparência externa, parece ser a forma correta e justa. Medir o quanto faço, o quanto ajudei, o quanto pareço bom é a medida certa e justa.
Ser Santo não significa não errar ou não ter errado, ser santo significa que a partir do momento que reconheci Jesus como Senhor, lutei diariamente, verdadeiramente, para que o nome do Senhor fosse elevado, lutei insistentemente para não cair, lutei com todas as minhas forças para testemunhar o amor do meu coração, vindo do coração de Jesus. E quando caí, lembrei-me da misericórdia do Senhor e do quanto Ele fez e faz para que eu possa ser salvo e busquei, através do Sacramento da Reconciliação, voltar para o meu Deus. Ser santo significa buscar o auxílio do Senhor quando perceber que está afundando e dizer “Senhor, salva-me!” (Mateus 14,30). Ser Santo é usar dos meios que recebemos do Senhor: A Ação do Espírito Santo em cada atitude, a força do Espírito para as boas ações, o diálogo diário e a cada instante, os sacramentos – em especial o da Eucaristia e da Reconciliação – e nesses, o maior auxílio dos Santos, a misericórdia de Deus.
Para que toda a luta, todo o esforço, todo o sacrifício tenha algum fruto de santidade é necessário que tenhamos sobre nós a ação direta do Espírito Santo de Deus, o “Espírito que nos dá a força” (Atos 1, 8). Para qualquer obra, seja em pensamentos ou em ações, necessitamos da força do alto, pois conforme diz o Senhor “sem Mim nada podeis fazer” (João 15,5) e mais “praticamos as boas obras que de antemão o Senhor preparou para nós” (Efésios 2,10). Só assim seremos capazes de SER SANTOS.

Paulo Giunani Mecabô - Coordenador estadual da RCC no Rio Grande do Sul

sábado, 24 de maio de 2014

Amor e perdão, uma feliz combinação




 Todos nós, combatentes, deveríamos trazer sobre a nossa farda esta frase: 'Amor e Perdão'. Não pode faltar amor nem perdão na vida do combatente do Senhor. O amor e o perdão caminham lado a lado. A natureza humana e a nossa tendência para o pecado nos levam a agir de forma contrária à vontade de Deus. Muitas vezes, não conseguimos encarar os acontecimentos na visão do amor. O joio que o inimigo semeia, no meio dos filhos de Deus, é o desamor e a recusa em dar o primeiro passo para perdoar.

O perdão é um ato de vontade e, se não lutarmos para sair de nós mesmos, se não deixarmos de lado o nosso orgulho para ir ao encontro dos nossos irmãos, perderemos tudo e todos. A lei do amor precisa triunfar em nossa vida, em nossa casa, em nossa família. Quantas famílias,
casamentos e comunidades cristãs estão sendo destruídos pela falta de perdão! Precisamos entender: o perdão é a chave que nos devolve a unidade e que nos conduz a uma vida no amor.

Não podemos nos deixar levar pelos sentimentos. Os nossos sentimentos nos arrastam e nos levam a fazer o que não devíamos. A nossa luta é espiritual, há em nós forças que nos levam ao perdão; mas existem também forças nos segurando, nos prendendo, nos amarrando e escravizando, dizendo 'não', impedindo-nos de perdoar. Jesus, no entanto, quer nos dar a vitória do perdão. Perdoar é um presente de Deus, é uma porta de graças. Sempre teremos necessidade de perdoar. Quantas vezes devemos perdoar? É preciso perdoar sempre! Assim como temos dificuldade em perdoar as pessoas, elas também sentem a mesma dificuldade em perdoar as nossas faltas.

A partir do momento em que decidimos perdoar, somos curados e restaurados no amor, recuperamos a alegria e a paz. Quando perdoamos, não estamos fazendo papel de bobo, não estamos compactuando com o erro dos outros. Ao contrário: perdoar é algo muito concreto. É como quando se perdoa uma dívida. Você sabe que a dívida existe, que determinada pessoa deve para você tal quantia; você não é nenhum cego, nenhum “trouxa”. Você sabe de tudo, mas, de olhos abertos para a realidade, você perdoa aquela dívida. Veja: a dívida existe, mas você perdoa.

Perdoar é algo nobre. Não se prenda a coisinhas: salve sua vida. Procure vencer o seu orgulho. Perdoe a todos, perdoe por tudo, perdoe sempre. O perdão faz crescer o amor entre as pessoas, e todo o corpo de Cristo, que é a Igreja, ganha com isso. Muitas vezes, não recebemos as bênçãos do Céu, porque não perdoamos. Deus quer nos abençoar, mas, se estivermos fechados ao perdão, a graça não acontecerá. O nosso coração precisa estar aberto ao perdão para que a graça de Deus seja abundante em nossa vida.

Façamos a oração de São Francisco pedindo a Deus a graça de perdoar sempre: "Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve a perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erros, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz! Ó Mestre, fazei com que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando, que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna! 

Não se sinta humilhado ao dar o primeiro passo para o perdão. Muito pelo contrário: você é vencedor, porque teve a coragem de perdoar primeiro. Nunca espere que os outros deem o primeiro passo. Dê você e verá a grande libertação que Deus fará em sua vida. Quando nos humilhamos diante dos homens, crescemos diante de Deus e Sua graça é superabundante em nossas vidas! Esta é a vitória do combatente: amar e perdoar, uma feliz combinação. O amor nos leva a perdoar, e o perdão nos faz crescer no amor. 
Monsenhor Jonas Abib




quarta-feira, 21 de maio de 2014

O extermínio de inocentes na Bíblia


“Amar os inimigos, orar pelos que o perseguem” (Mt 5, 39,44)
A violência que aparece no AT está de acordo com o sentimento e a moral da época. Deus age conforme o nível e o entendimento do homem. Também não podemos tomar todos os relatos de violência ao pé da letra, algumas vezes é apenas figura de linguagem e não realidade. É ainda D. Estevão Bettencourt, no seu livro “Para entender o Antigo Testamento” (Ed. Lumen Christi, RJ), quem nos ajuda a entender essas cenas de violência que nos assustam.
O extermínio dos inimigos (hérem, anátema) se baseava num grau de cultura pouco evoluída e também numa concepção religiosa estranha para nós hoje. Não se esqueça que Abraão foi tirado da Mesopotâmia pagã que acreditava que os astros eram deuses. Neste contexto, cada povo julgava que, na guerra a honra dos seus deuses estava em jogo; uma derrota militar representava vergonha e escárnio para os deuses da nação vencida, assim como a vitória significava triunfo da divindade.
Aqui na nossa América Central, os maias e astecas faziam milhares de sacrifícios humanos aos deuses, especialmente nas pirâmide do México. Os inimigos vencidos eram sacrificados aos milhares aos deuses porque eles acreditavam que o deus da tribo vencedora devia ser honrado com este sacrifício. Essa carnificina horrorosa só acabou quando os missionários católicos trouxeram o cristianismo para o México a partir de 1526.
Assim, os deuses dos povos vencedores julgavam que deviam ser religiosamente sacrificados e imolados, por um ato de extermínio total, os homens, as famílias, as cidades, os haveres, do povo vencido. O uso era tão comum que não somente os semitas, mas também os germanos faziam o mesmo. O escritor Tácito dizia que “Os vencedores devotaram a Marte e Mercúrio o acampamento inimigo, voto este, em virtude do qual são entregues ao extermínio cavalos, homens e tudo que pertence aos vencidos.” (Annales, 13,57)
Portanto, esta prática era  muito comum na Antiguidade antes de Cristo; era o rosto mais duro do paganismo. Os gauleses, por exemplo, queimavam as presas ou as atiravam aos lagos. A Bíblia mostra outros exemplos disto (2Cr 32,14; Is 37,11; 2Rs 14,11).
Esta praxe era familiar aos antigos, normal para eles, e Deus respeitou isto nas suas relações com Israel, até poder mudar este costume devagar, de forma que o povo pudesse entender; foi mudando esta realidade, até que Jesus a modificou completamente no Sermão da Montanha. Mas foi necessário um processo; de outra forma o povo não entenderia a Revelação de Deus, e talvez o  rejeitasse por completo.
Para os hebreus o extermínio dos inimigos se tornava religiosamente necessário e imperioso: este povo e ele só, possuía a verdade da fé, para um dia transmiti-la ao mundo; portanto, era de sumo interesse na história sagrada que Israel não deixasse corromper a sua religião. Então, não havia outro jeito a não ser separar Israel do convívio dos outros povos pagãos, por causa da influência e prejuízo que isto causaria a fé de Israel.
Dentro da mentalidade do Antigo Testamento pode-se dizer que o reino das trevas (Satanás) triunfava sobre o reino da luz toda vez que o povo judeu era vencido por seus inimigos. Os inimigos de Israel eram tidos como inimigos de Javé (Num 10,35; Ex 17,16). O povo judeu achava que o próprio Deus exigia o hérem (Js 10,40).
Mas é bom notar que mesmo praticando o extermínio dos inimigos, Israel o fazia de maneira muito menos cruel do que os outros povos, como os assírios, moabitas, etc. Essas passagens mostram a maneira cruel dos pagãos tratar os vencidos (cf. Am 1,3; 2,3; 1,13; Os 14, 1; 2Rs 8,12; 2Rs 25,7; Na 3,10 ). Portanto, o hérem praticado por Israel era atenuado; e assim, Deus já dava a entender ao povo que era imperfeito (cf. Dt 20,10-18; Dt 21, 10-14; Jz 21,13; 2Sm 20,14-22; 2Sm 8,2; 1Rs 20,31).
É claro que houve excessos de crueldade por parte de alguns chefes judeus; e isto não estava de acordo com a vontade de Deus (1Sm 27,8-11; 1Cr 22, 8-10; 28,3). E Deus repreendeu o povo algumas vezes pela crueldade de alguns chefes israelitas e os punia (cf. Os 1, 4ss; 1Rs 9,2-10; 2Rs 10,1-17 ).
Um outro fator a explicar a violência da Bíblia é o fato de que os povos antigos por serem nômades, pastores, eram coletivistas e, não como hoje, individualistas. Não havia o “cada um para si” de hoje. Então, uma pessoa da comunidade que era ferida, atiçava a ira de toda a tribo, que reagia com violência, não apenas contra o agressor, mas contra a sua nação ou tribo.
Em tudo isto vemos a paciência de Deus na sua tarefa de educar o povo.
Às vezes encontramos no Antigo Testamento, especialmente nos Salmos, palavras onde o autor sagrado deseja o mal e até a morte aos inimigos.  São frases que, a principio nos assustam, ofendem a consciência do cristão. Algumas delas são paixão desregrada, e não são  propostas pelo Espírito Santo.
Muitas, porém, não são condenáveis; têm significado bom, até hoje válido. Para entendê-las, e preciso entender que os autores sagrados, ao colocar uma causa perante o Senhor, não o faziam a título pessoal, reivindicando direitos particulares, próprios, mas advogavam os interesses do bem, da justiça ou da verdadeira religião; sua causa se identificava com a de Deus, e os seus inimigos vinham a ser também os inimigos de Deus.
 Com esta mentalidade, e na defesa de Deus, costumavam pedir com rigor o castigo dos adversários. Não podia haver compatibilidade entre o bem e o mal, entre o reino de Deus e o do pecado; e o homem justo devia desejar completa ruína a toda instituição que se opunha a Deus.
Quanto aos termos com que as imprecações são formuladas, elas pertencem ao vocabulário oriental, dado às hipérboles e ênfase.  São muitas vezes tiradas diretamente da linguagem militar ou do direito de guerra de outrora.  É o que dá tanta crueldade  às frases imprecatórias.  Para entender a verdadeira intenção do autor sagrado, é preciso descontar o que essas fórmulas tem de hiperbólico e convencional.
Ao ler a Bíblia devemos ver nas imprecações a expressão do desejo de que a justiça seja feita, os abusos coibidos; entendendo-as como dirigidas contra os males e o Mal, não contra os maus;  mas contra o pecado e contra o reino das trevas.

O cristão tem por lei “amar os inimigos, orar pelos que o perseguem” (Mt 5, 39,44). No entanto, sem desprezar o amor aos homens, ele deve, como Jesus, odiar ao pecado e o reino de Satanás; deve desejar sua extirpação completa. É isto mesmo que deseja o salmista; então, ao rezar os Salmos imprecatórios, tenha em vista os vícios e as instituições inimigas do reino de Cristo, todas as instituições e seitas que se esforçam por disseminar o erro e o pecado no mundo.  É contra isto que devemos proferir os Salmos imprecatórios.

Prof. Felipe Aquino

domingo, 18 de maio de 2014

Ativismo



Muitas vezes sob o pretexto de servir a Deus executamos tarefas – até extenuantes – com o real intuito de aparecer diante dos outros: “Vejam como ele é dedicado! Não mede esforços para trabalhar, para ajudar nos serviços paroquiais!” Essa é na verdade a intenção; chamar a atenção para si, ser reconhecido, elogiado. Contudo, não devemos generalizar; há casos e casos. Outras tantas vezes, pessoas realmente dedicadas trabalham com afinco, porém discretamente, na reta intenção de auxiliar, de diligentemente executar as tarefas sob seu encargo.

Estes últimos, em verdade executam o que pontualmente lhes aparecem e que sejam concernentes com sua missão e ministério na igreja. Os primeiros, porém, procuram avidamente o que fazer, na intenção de liderar os trabalhos, recebendo assim “os louros e a glória” por um possível trabalho bem feito. Infelizmente é nossa realidade. Muito de Marta, nada ou quase nada de Maria. A recíproca é verdadeira; há Marias nada Martas (ver Evang. Lucas 10,38-42).

Ativismo exagerado não é bom. Uma espiritualidade intimista sem vinculo comunitário, também. “Ora et labora” assim deve ser; vida de oração e ação concreta sempre que necessário. Orar e trabalhar, trabalhar orando; ser como Marta sem deixar de ser como Maria e vice versa. Há pessoas cujo carisma é o trabalho, o ativismo; isso é bom, mas não se deve esquecer a oração e que se tenha em mente que todo trabalho em ambiente eclesial, nas capelas, na paróquia ou em instancias superiores, deve ser feito para honra e glória do Senhor e não para engrandecimento pessoal. Lembrar sempre que igreja não é ONG nem firma empresarial.  

Trabalhar, trabalhar, num ativismo desenfreado sem vida de oração não é ser pertença à igreja. Rezar, somente rezar sem compromisso comunitário, e aí se insere as frentes de trabalho concreto, também não é ser pertença à igreja.

Essa reflexão parece um contra-senso – rezar demais é bom ou ruim? Trabalhar na e para a igreja é bom ou ruim? Parece incoerência, mas não é. Simples: rezar, só rezar, egoisticamente pedindo só para si sem pensar no próximo, sem compromisso com a comunidade de fé a qual pertence, é estar longe da comunhão entre irmãos. Do mesmo modo que trabalhar, só trabalhar pensando em granjear “fama e poder”, é também estar longe da comunhão fraterna.

Se não houver Maria de Betânia, não haverá ninguém para ouvir Jesus; se não houver Marta, não haverá ninguém para preparar o local para receber Jesus. Sejamos Marta e ao mesmo tempo Maria: Arrumemos a casa para receber e ouvir Jesus. E essa casa não seja apenas a igreja de pedra (o templo), principalmente seja a igreja viva – nosso coração.  

quinta-feira, 15 de maio de 2014

A Vida Eterna – O reino dos Céus III


“Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com ele, com ele viveremos.” (2 Timóteo 2, 11)
                      Verdade, é um fato que não há mentira. Absoluto, é um fato que não existe outra forma. Certo, é um fato que é claro, preciso, exato e que não erros. Juntando os três é simplesmente perfeito. Morremos com Ele e assim com Ele vivemos.
                     “Cada um de nós, entretanto, recebeu a graça na medida em que Cristo a concedeu. Por isto diz a Escritura: Quando subiu ao alto, levou muitos cativos, cumulou de dons os homens (Sl 67,19). Que quer dizer subiu? Quer dizer que primeiro desceu aos lugares mais baixos da terra. Aquele que desceu, é o mesmo que subiu acima de todos os céus, para plenificar o universo.” (Efésios 4, 7-10)
                     Junto A Ascensão de Nosso Senhor, todos os mortos que na graça e na amizade com Deus partiram desta vida em busca da terra prometida, alcançaram a glória eterna, foram levados pela mão de Nosso Senhor até o Reino dos Céus.
                    “Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos como primeiro fruto dos que morreram. De fato, se por um homem veio a morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos receberão a vida. Cada um, porém, na sua própria ordem: Cristo, como primeiro fruto, depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda.” (1 Corintios 15, 19 –23)
                      A passagem é muito clara, se recebemos o pecado através de Adão, por sua vez, recebemos a vida eterna por Cristo, com Cristo, em Cristo. Ele foi o primeiro, abriu o céu para que todos nós entrarmos. Cristo não ressuscitou simplesmente para nos mostrar a salvação, mas também para nos provar que existe uma vida após esta vida.  
                     “Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido.”
(1 Corintios 13, 12)
                       No Reino de Deus, estaremos face a face com a glória eterna, na sabedoria infinita da graça de Deus, nos conheceremos plenamente, encontraremos a felicidade perfeita, o amor total de Deus e o conheceremos assim como Ele nos conhece.
                     “Em razão de sua transcendência, Deus só poder  ser visto tal como é quando Ele mesmo abrir seu mistério à contemplação direta do homem e o capacitar para tanto. Esta contemplação de Deus em sua glória celeste é chamada pela Igreja de "visão beatifica".
Qual não ser  tua glória e tua felicidade: ser admitido a ver a Deus, ter a honra de participar das alegrias da salvação e da luz eterna na companhia de Cristo, o Senhor teu Deus (...) desfrutar no Reino dos Céus, na companhia dos justos e dos amigos de Deus, as alegrias da imortalidade adquirida.” 1028

                  “Na glória do Céu, os bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus em relação aos outros homens e à criação inteira. Já  reinam com Cristo; com Ele "reinarão pelos séculos dos séculos" (Ap 22,5).” 1029

sábado, 10 de maio de 2014

O que será semeado será colhido


 A vida e a semente são semelhantes: estão sempre carregadas de surpresas. Quem pode medir a força escondida numa semente? Quem pode medir o que exatamente se passa em cada coração humano? Há um mistério! Tanto o coração como a maior semente que exista cabem na palma da mão, mas sua força e seus segredos são incomensuráveis, imensos, infinitos. A semente mais ínfima tem dentro de si uma decisão: tornar-se um arbusto ou uma grande árvore, como o eucalipto conhecido nosso. Você conhece a semente de eucalipto? Procure conhecê-la e se surpreenderá!
Nós somos como a semente, dotados por Deus de uma capacidade que não dá para medir. Nós ainda acreditamos pouco em nós mesmos e em Deus. Ainda somos insuficientes em nossas decisões. Por isso, Jesus vem nos dizer: "O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra" (Mc 4,31-32).
Nós paramos de sonhar muito cedo. Jesus não, sonhou sempre e continua a sonhar e apostar em nós, e nós continuamos insuficientes em nossas apostas sobre nós mesmos. Se a criança acredita que é a semente que irá nascer e frutificar amanhã, ela não tem medo de o tempo passar. Os adultos ficam com medo do amanhã e não vivem o tempo de agora. Não estendem galhos e ninguém se abriga em seus ramos. A verdade é que precisamos renascer junto com o sol de cada manhã e ter a mesma esperança da aurora, que aposta que o dia vai amanhecer. Não semeamos e queremos colher. Quem semeia tem esperança, acredita, aposta e, se não nascer, fica feliz por ter plantado; se nascer e crescer e não der frutos, fica contente pelos galhos terem produzido sombra e, por isso, nunca deixa de plantar.
Para os adultos, vale a grande experiência da vida, e esta poderá ajudar outros a semear. Se não semeio, não posso reclamar que não houve colheita. Portanto, semear é necessário, para que amanhã eu seja capaz de colher o que foi semeado. Por isso, é bom escolher a semente que será semeada.

(Pe. Ferdinando Mancilio, C.Ss.R.)

terça-feira, 6 de maio de 2014

Depressão tem cura?


Depressão significa buraco. O Vaticano fez um congresso sobre esse assunto, porque eles estão preocupados com esse mal. Eu li o resumo do congresso e vi que são 300 milhões de pessoas no mundo que sofrem com esse mal. Precisamos tratar desse povo. A medicina cuida do corpo e Deus cuida da alma. E a depressão é uma doença mais da alma que do corpo. E quem cuida da alma é o psicólogo e a religião. Essa enfermidade tem cura e a cura tem três caminhos:
- Procure um médico psiquiatra, ele pode dar remédio;
- É preciso um psicólogo para saber como se comportar diante das situações difíceis;
- O tratamento tem de ser físico e espiritual.

Não tenha medo de procurar os três tratamentos. A depressão é muito difícil de ser diagnosticada. Uma pessoa deprimida pode apresentar: doença crônica, problema afetivo, falta de sentido para a vida, excesso de trabalho. Essas são causas. Mas o que ela sente? Muitos podem ser os sintomas da depressão, como: cansaço, pensamento de culpa, tristeza, autoestima baixa, falta de apetite, falta de vontade de rezar, fadiga, memória fraca, insônia, dificuldade para decidir, pensamento de morte, quedas de cabelo, entre outros. O importante é saber que esse mal tem cura. Deus nos deu os psicólogos e temos também a família. Esta tem de cercar a pessoa e não deixá-la no buraco. Todos têm de se juntar e se unir.

Não adianta falar que a pessoa é fraca. Não importa por que ela está em depressão, você tem de tirá-la do buraco. Tem de ajuntar pai, mãe, irmãos, namorado, chamá-la para tomar um sol, sair, tomar um sorvete… Tem de tirar a pessoa do buraco com carinho e vagarosamente. É um ato de amor e caridade – e a família é importantíssima. O deprimido tem de agir contra esse mal, ou seja, reagir, não pode se entregar à tristeza. Ele precisa cultivar a alegria e lutar para sair do buraco em que se encontra.

Como sair da depressão? Você tem de ver o valor que você tem. Só assim não ficará no fundo do poço. Só fica nesse local quem não dá valor a si mesmo. Você acredita que você é obra de Deus? Então, por que você deixa a obra d’Ele no buraco? Quem fica nesse lugar é lixo. E você é uma obra de Deus!

A primeira coisa que um deprimido tem de entender é que ele tem valor, que ele é alguém muito importante para Deus. Quando louvamos ao Senhor, damos voz e sentimentos a este mundo. Por que Jesus morreu na cruz? Por causa dos macacos, das galinhas? Não. Ele entregou a vida na cruz por causa de você, do valor que você tem. E Ele o ama individualmente. Nenhum de nós tem a mesma impressão digital, pois Deus não quis nos fazer em série, mas individualmente. A história do mundo é a história de cada um de nós. Ele sabe o meu nome, a minha angústia, a minha dor.

Quando Jesus Cristo morreu na cruz, Ele não carregava somente seus pecados, mas suas angústias e dores. Ele já venceu suas tendências, por isso você não precisa ficar deprimido por causa dos erros, pois Deus é “louco” de amor por você. Só o amor é mais forte que a dor e a morte. Olhe para a cruz e você verá o quanto Deus o ama. Você quer a prova de que Deus o ama? Jesus disse que Ele pode ter 99 ovelhas, mas se tem uma perdida Ele deixa as 99 para buscar você. Se você é a ovelha deprimida, perdida, Ele larga as outras e vai buscar você. Diga para sua depressão: “Eu não morrerei nesta depressão, porque sou filho de Deus – e filho de Deus não pode morrer no buraco!”

Não podemos abaixar a cabeça para a depressão. Se você perdeu um namorado e está com essa enfermidade, não olhe para o barulho do mar, olhe para Cristo. Para Deus não existe “beco sem saída”. O Todo-poderoso está pronto para mover o céu a fim de que seu milagre possa acontecer, mas Ele não move uma palha para fazer aquilo que você pode fazer.

Prof. Felipe Aquino

sábado, 3 de maio de 2014

As Lições da Águia


Alejandro Bullón, no livro “A Sós Com Jesus”, faz uma bela reflexão, mais ou menos assim:
Disse o profeta Isaías que “aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para frente sem se fatigar” (Is 40,31).
Por que será que o Profeta se espelha na águia para falar da força dos homens e mulheres que confiam em Deus?
É porque a águia é uma ave especial desde a sua origem. Um frango está pronto para ser vendido com três meses. Águias não, elas levam, como no caso da Águia Real, até um ano para voarem sozinhas.
Os autênticos cristãos são como águias: podem levar tempo para amadurecer, aprofundar nos mistérios de Deus, e depois viver toda a vida no alto, segundo essas verdades colhidas sob o sol da penitência, da meditação e da oração.
Os pássaros de modo geral voam em bandos. Águias não, sempre estão sozinhas, no máximo em duas. Ficam lá no alto, olhando o azul infinito. E tem olhos inigualáveis; conseguem enxergar detalhes a longa distância. E quando querem tomar uma presa, dão um voo rasante inigualável.
Também para o cristão o poder vem do alto de onde ele enxerga bem todas as coisas com os olhos do Espírito Santo; e muitas vezes tem que ficar sozinho, rejeitado, por causa de seus princípios. Muitas vezes é considerado “careta”, fora de moda, obscurantista, isolado. Geralmente, as pessoas acham que o cristão anda na contramão da vida. É porque, como São João avisou, “o mundo jaz no maligno”. Os que voam alto não podem ser compreendidos pelos que vivem em baixo, porque não têm a visão do alto, de todas as coisas; só enxergam o rasteiro. E quando alguém não é compreendido é temido, então, criticado e condenado. É normal.
Você sabe aonde vão as águias quando a tormenta vem? Elas não se escondem. Ao contrário, abrem suas enormes e robustas asas, que podem voar a uma velocidade de até 90 km/h, e enfrentam a tormenta. Elas sabem que as nuvens escuras, a tempestade e os choques elétricos, podem ter uma extensão de 30 a 50 m, mas lá em cima brilha o sol.
Nessa luta terrível contra as tempestades elas perdem algumas penas, podem se ferir, mas não temem e seguem em frente.
Depois, enquanto todo mundo fica às escuras embaixo, elas voam vitoriosas e em paz, lá em cima, sob um sol a brilhar.
As águias também morrem, mas ninguém acha um cadáver de águia. Sabe por quê? Porque quando elas sentem que chegou a hora de partir, procuram o pico mais alto, tiram as últimas forças de seu cansado corpo e voam aos picos inatingíveis e aí esperam resignadamente o momento final. Até para morrer elas são extraordinárias.
Todos os dias temos desafios a enfrentar, mas lembre-se: descanse no Senhor, suba às alturas com Ele, e não tenha medo da tempestade, do isolamento e da crítica. Passe tempo com Ele e depois parta para a luta, sabendo que além daquela tormenta brilha o sol.

(Fonte: cleofas.com.br)