O Deus do antigo testamento é cruel, vingativo, sanguinário.
Só uma mente obtusa é capaz de pensar assim. Jesus não veio apresentar um novo
Deus, um Deus renovado. Não; ele veio apresentar a verdadeira face do Pai Deus,
corrigindo a imagem distorcida que faziam Dele.
Por questões conjunturais, no contexto histórico da época Deus
se apresentava com severidade, porém nas entrelinhas se percebe o Deus amoroso
que é. O povo de Deus no antigo testamento, este sim de coração empedernido,
via então um Deus ciumento, irascível e ávido por sacrifícios e holocaustos
penitenciais. A boca fala daquilo que o coração está cheio; assim as mãos
escrevem, os olhos enxergam e por aí vai. Seria mais ou menos assim: Deus fala
ao profeta que o mal deve ser exterminado. O profeta diz ao povo: exterminem o
mal! O povo obediente, mas odiento, extermina os homens que eles julgam maus e
não o mal que habita em si mesmo.
A Bíblia é verdadeira Palavra de Deus, porém escrita por
mãos humanas; homens que viviam num contexto histórico diferente do nosso. Por
isso a necessidade de uma exegese sistemática para o entendimento e visão
verdadeira de Deus no antigo testamento. Numa leitura superficial, literal,
enxergamos Deus como um ser ciumento e rancoroso; daí o grande perigo do
fundamentalismo. Entretanto se aprofundarmos a leitura, buscando compreender o
sentido da escritura num contexto histórico-literário da época, conforme o
Magistério da Igreja nos ensina, veremos Deus completamente diferente, aí sim,
o verdadeiro Deus.
Jesus Cristo, rosto divino do homem e rosto humano de Deus,
veio então mostrar o verdadeiro Deus como sempre foi desde sempre: amoroso,
misericordioso, zeloso, bom, fiel a suas promessas, imutável, eterno, glorioso.
Para selar definitivamente a aliança feita com seu povo, fez-se carne e habitou
entre nós; doou-se. Não exigiu sangue alheio, deu em sacrifício cruento sua
própria carne, Jesus, numa prova inconteste de amor.