Quem semeia vento colhe tempestade.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
sábado, 25 de agosto de 2012
Divina Misericórdia 2
Misericórdia, segundo o dicionário, é a pena causada pela
miséria alheia, comiseração. Assim mesmo, desse jeito, acontece com o Sagrado
Coração de Jesus. Seu coração sagrado e chagado sofre com as nossas misérias,
de modo especial com nossos pecados. Por isso dizemos que misericórdia é o coração
amoroso de Jesus debruçado sobre nossas misérias.
Essa misericórdia não tem limites, é magnânima. Tão grande
que alcança o mundo inteiro, todas as pessoas, todos os povos e nações. Não
distingue raça, cor de pele, credo ou religião. Se derrama sobre crentes e
descrentes, ateus ou teófilos. Mesmo que não creiam, Ele – Jesus e sua
misericórdia – está próximo, atuante. Como já citado anteriormente, é como o ar
que nos envolve; não vemos, mas sabemos que está presente. Alguém pode não
crer, mas a misericórdia de Deus o sustenta. O sustenta nas dores, na
tribulação; insistimos, mesmo que não creia a misericórdia divina o envolve.
De onde vem, sem aparente motivo, uma súbita paz no coração,
um alivio diante de determinadas situações de dificuldade; a supressão da
sensação de angústia, mesmo frente a problemas mal resolvidos? Isto ocorre
frequentemente, até mesmo com pessoas descrentes, disso somos testemunhas. A
resposta: é a Divina Misericórdia atuando. É assim porque é constante. É como a
névoa da manhã, o ar que respiramos, a chuva que cai, a luz do Sol. Como sol
que brilha para todos, bons ou maus, justos ou injustos santos ou pecadores,
assim é a misericórdia de Deus; sobre todos é derramada.
Por tudo, em gratidão e louvor pela Divina Misericórdia, você
que crê não canse de clamar:
Santo, forte, imortal; sois Deus!
Pelo vosso sangue derramado, pelo vosso sacrifício de amor,
Pelo vosso coração sagrado e chagado debruçado sobre minha miséria,Pela vossa infinita misericórdia,
Jesus, eu confio em Vós!
domingo, 19 de agosto de 2012
A Assunção de Maria
Todo católico que se preze sabe dar
valor à figura de Nossa Senhora na história da Salvação. Afinal de contas, foi
Maria quem deu o sim ao anjo Gabriel e se decidiu por ser a porta de entrada da
salvação no mundo. No entanto, a vida da Mãe de todos vai além de ser um
simples abrigo para Jesus; ela cuidou dele após o nascimento, o educou em sua
vida humana desde o berço e esteve presente nos principais acontecimentos relacionados
ao nosso Senhor. Logo, seu papel no cristianismo é de uma relevância maior do
que várias pessoas pensam.
No mês de agosto, a Igreja Católica
celebra, no dia 15, a Assunção de Nossa Senhora ao Reino dos Céus. A
tradição explica que este acontecimento faz parte do desígnio divino e foi
conseqüência da participação especialíssima de Maria na missão de Jesus. O fato
de Nossa Senhora ser a mãe do Salvador é a razão fundamental de sua Assunção,
como ensina o Magistério da Igreja. Este dom tornou o corpo de Maria a residência
imaculada do Cristo, se fundindo, portanto, com o destino glorioso do filho de
Deus e não podendo compartilhar do estado de morte humana até o fim do mundo.
São João Damasceno afirma a coerência do dogma dizendo que “era necessário que aquela que vira o
seu Filho sobre a cruz e recebera em pleno coração a espada da dor… contemplasse
este Filho sentado à direita do Pai”.
Aprofundando-se no mistério da
Assunção de Maria, é possível entender mais a fundo o plano da Providência
Divina direcionado para toda a humanidade. Depois de Jesus, Maria é a primeira
criatura que alcança a plenitude da felicidade anunciada pelo nosso Senhor no
fim dos tempos, prometida aos eleitos mediante a ressurreição dos corpos.
Neste evento também é possível observar a vontade de Deus em promover o valor
da mulher, afirmando a intenção de promover o ideal escatológico inicialmente
em um casal. No entanto, é válido ressaltar que as condições do Cristo e de
Maria não podem ser postas no mesmo plano, como afirma o Magistério da Igreja.
Que todos nós, católicos, possamos
meditar e contemplar mais profundamente o mistério da Assunção de Maria como o
redescobrimento do valor do próprio corpo, da importância de preservá-lo como
templo de Deus. A Assunção, privilégio concedido inicialmente à Nossa
Senhora, constitui uma demonstração do imenso valor da vida humana para o
Senhor. Que todos nós possamos nos manter fortes na caminhada em busca da
santidade para um dia sermos coroados com o dom de viver a plenitude da
felicidade em conjunto com Jesus e a nossa Mãe.
Por: Luiz Eduardo Moutaterça-feira, 14 de agosto de 2012
Maria passa à frente
A
atleta etíope Meseret Defar protagonizou um dos momentos mais emotivos das
Olimpíadas de Londres 2012 quando ao cruzar a linha de chegada na final
feminina dos 5000 metros planos e ganhar a medalha de ouro, tirou de seu peito
uma imagem da Virgem Maria, mostrou-a às câmaras e a pôs no rosto em um momento de intensa oração
Defar, cristã ortodoxa, encomendou sua carreira a Deus com um sinal da cruz e completou a distância em 15:04:25, vencendo sua compatriota e tradicional rival Tirunesh Dibaba, quem chegou como favorita da prova.
Com lágrimas de emoção, Defar mostrou ao mundo a imagem da Virgem com o Menino Jesus nos braços que a acompanhou em todo o percurso.
A corredora cristã nas Olimpíadas de Atenas 2004 ganhou a medalha de ouro na prova dos 5000 metros e em Beijing 2008 obteve a medalha de bronze na mesma prova.
No dia 3 de junho de 2006 bateu o recorde mundial dos 5.000 metros com o tempo de 14:24,53 em Nova Iorque, superando em 15 centésimos o anterior recorde da atleta turca Elvan Abeylegesse.
Defar, cristã ortodoxa, encomendou sua carreira a Deus com um sinal da cruz e completou a distância em 15:04:25, vencendo sua compatriota e tradicional rival Tirunesh Dibaba, quem chegou como favorita da prova.
Com lágrimas de emoção, Defar mostrou ao mundo a imagem da Virgem com o Menino Jesus nos braços que a acompanhou em todo o percurso.
A corredora cristã nas Olimpíadas de Atenas 2004 ganhou a medalha de ouro na prova dos 5000 metros e em Beijing 2008 obteve a medalha de bronze na mesma prova.
No dia 3 de junho de 2006 bateu o recorde mundial dos 5.000 metros com o tempo de 14:24,53 em Nova Iorque, superando em 15 centésimos o anterior recorde da atleta turca Elvan Abeylegesse.
sábado, 11 de agosto de 2012
Jesus, sinal de contradição
Quando Nossa Senhora e são José apresentaram Jesus no templo
de Jerusalém, aos quarenta dias, como mandava a lei, o velho Simeão tomou o
menino nos braços e disse: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa
de queda e soerguimento para muitos homens em Israel, um sinal de contradição”
(Lc 2,34-35).
Jesus veio ao mundo para salvá-lo, ensinando a verdade que
liberta (1Tm 2,4). O nosso catecismo diz que “a salvação está na verdade” (§851)
e esta verdade está em Cristo e na Igreja. São Paulo disse a Timóteo: “A Igreja
é a coluna e o alicerce da verdade” (1Tm 3,15). O mundo está dividido entre a
verdade do Espírito Santo e a mentira do espírito do Mal.
Infelizmente o mundo está mergulhado nas trevas do pecado e,
por isso, odeia a Verdade de Cristo que a sua Santa Igreja ensina, pois ela
torna manifesto o seu mal, e o mundo não suporta isso. Hoje, no ocidente
outrora cristão, cresce um laicismo anticristão e anticatólico como nunca vimos
antes, que o Vaticano chama de cristianofobia; aversão a Cristo.especialmente
nas universidades e na mídia cresce uma repulsa à Igreja e às verdades morais
que ela ensina e se procura a todo o custo mostrar aos jovens que ela é “obscurantista”
e “impiedosa”, como se fosse contra a ciência e a caridade. Grande mentira. Destacam-se
os erros dos filhos da Igreja sem mostrar a beleza de tudo que ela fez e faz
pelo mundo.
Como disse o Papa Bento XVI, cresce hoje uma “ditadura do
relativismo”, que quer proibir as pessoas de serem e pensarem diferente do que
se chama hoje de “politicamente correto”. Anula-se a verdade, nega-se que ela
exista. Mas a Igreja não pode se calar...
Cristo sempre foi e será “sinal de contradição”, como disse
o profeta Simeão. E, da mesma forma, a Igreja Católica e cada um de seus filhos
autênticos. Por isso Cristo foi crucificado e a igreja é perseguida e
martirizada há dois mil anos; e hoje mais do que antes.
Aqueles que fazem o mal e amam as trevas e a calada da noite
para praticar os crimes, as corrupções, os conchavos... Cristo não recuou
diante das ofensas e perseguições.
Hoje a Igreja precisa imitá-lo como fez nesses dois mil
anos. Jesus é a luz que brilha nas trevas do mundo, mas este o rejeita. Como disse
o evangelista São João: “Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens. a
luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam (Jo 1,4-5)... Era a
verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o
mundo foi feito por Ele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que é seu,
mas os seus não o receberam” (vv. 7-11).
Prof. Felipe Aquino – CN/Cleofasquinta-feira, 9 de agosto de 2012
Santa Edith Stein
Hoje, dia nove de agosto, é dia de Santa Teresa Benedita da
Cruz, também conhecida pelo nome de Santa Edith Stein. Juntamente com Santa
Brígida e Santa Catarina de Sena é uma das "Patronas da Europa".
Beatificada a 1 de Maio de 1987, acabou sendo canonizada 11 anos depois, a 11
de Outubro de 1998, pelo Papa João Paulo II.
Última de 11 irmãos, nasceu em Breslau (Alemanha), a 12 de Outubro de 1891, no dia em que a família festejava o "Dia da Expiação", a grande festa judaica. Por esta razão, a mãe teve sempre uma predileção por esta filha.
O pai, comerciante de madeiras, morreu quando Edith ainda não tinha completado os 2 anos. A mãe, mulher muito religiosa, solícita e voluntariosa, teve que assumir todo o cuidado da família, mas não conseguiu manter nos filhos uma fé viva. Stein perdeu a fé: "Com plena consciência e por livre eleição", ela afirma mais tarde.
Em Janeiro de 1922, Stein é batizada e no dia 02 de Fevereiro desse mesmo ano é crismada pelo Bispo de Espira. Em 1932 é-lhe atribuída uma cátedra numa instituição católica, onde desenvolve a sua própria antropologia, encontrando a maneira de unir ciência e fé. Em 1933 a noite fecha-se sobre a Alemanha. Edith Stein tem que deixar a docência e ela própria declarou nesta altura: "Tinha-me tornado uma estrangeira no mundo". E no dia 14 de Outubro desse mesmo ano, entra para o Mosteiro das Carmelitas de Colônia, passando a chamar-se Teresa Benedita da Cruz. Após cinco anos, faz a sua profissão perpétua.
Da Alemanha, Edith é transferida para a Holanda juntamente com sua irmã Rosa, que também é batizada na Igreja Católica e prestava serviço no convento. Neste período do regime nazista, os Bispos católicos dos Países Baixos fazem um comunicado contra as deportações dos judeus. Em represália a este comunicado, a Gestapo invade o convento na Holanda e prendem Edith e sua irmã. Ambas são levadas para o campo de concentração de Westerbork.
No dia 07 de Agosto, ela parte para Auschwitz, ao lado de sua irmã e um grupo de 985 judeus. Por fim, no dia 09 de Agosto, a Irmã Teresa Benedita da Cruz, juntamente com a sua irmã Rosa, morre nas câmaras de gás e depois tem seu corpo queimado.
No dia 07 de Agosto, ela parte para Auschwitz, ao lado de sua irmã e um grupo de 985 judeus. Por fim, no dia 09 de Agosto, a Irmã Teresa Benedita da Cruz, juntamente com a sua irmã Rosa, morre nas câmaras de gás e depois tem seu corpo queimado.
Assim, através do martírio, Santa Teresa Benedita da Cruz, recebe a coroa da glória eterna no Céu.
Santa Teresa Benedita da Cruz, rogai por nós!
(Fonte: Pascom/S. Brás)
sábado, 4 de agosto de 2012
Rio Enluarado
“Moon
river, wider than a mile...” Assim começa uma belíssima canção americana.
Esta canção remete a minha juventude. Eu era bem jovem, jovenzinho mesmo, pós-adolescente.
Retornava de Jacareí (interior paulista) para o Rio de Janeiro, após um fim de
semana com direito a baile no clube da cidade e namorico na praça.
Embarcaríamos pela manhã na litorina, trem de luxo com um
único vagão que fazia o trajeto Rio-S. Paulo. Mas como a noite fora agitada, eu
e os companheiros (éramos três) perdemos a litorina e “por castigo” viajaríamos
à noite no trenzinho de madeira (bendito castigo!). Foi uma viagem linda. Sabe
aquele trem antigo que tinha um pequeno alpendre no último vagão? Era um
desses. Num dado momento deixei os amigos e fui para a varandinha do trem,
justo quando ele margeava o rio Paraíba do Sul naquela bucólica noite de lua cheia. O luar
refletido nas águas plácidas do rio proporcionava um belo cenário. Lembrei-me
da música; “moon river...etc...etc...” cantarolava baixinho no meu inglês
arrevesado. Sentia-me o próprio Tom Sawyer apreciando o luar sobre o Mississipi
(Esse era o tema da canção). Veio-me à memória a noite anterior; a garota da
praça, os rodopios no salão de baile e um sentimento bom, uma ternura imensa
tomou meu coração. Assim prosseguiu a viagem, no balanço e no barulho
característico do trem. Eu com um sentimento misto de precoce nostalgia (o fim
de semana recente) e a alegria de estar voltando para casa.
O que tem isso a ver com minha realidade hoje? Muito. Boas
lembranças nos fazem bem. O relato da viagem não é nostálgico como parece,
serve como referência. Boas lembranças nos fazem bem e só sentimos saudades do
que foi bom. Boas lembranças guardamos e as recordamos ternamente e até
nostalgicamente, porque não? Más lembranças procuramos esquecer e se não for
possível, ao menos podemos impedir que elas permeiem nossos sentimentos. Boas
coisas do passado guardemos com alegria no coração. Coisas não tão boas,
expurguemos e como não podemos deletá-las da memória, que fiquem à margem; que
migrem para o subconsciente e lá permaneçam.
Assim funciona a cura interior; viver os bons momentos e
esquecer os males. Curtir de maneira saudável, não doentia, as recordações do
passado e que as más recordações deixem de povoar nossa mente e de influenciar
nosso emocional. Sabemos que por nossa própria força e vontade não é fácil,
digo até impossível. Mas temos em nós o Espírito Santo a ampliar nossa força de
vontade e aí tudo se torna possível. Se eu quero e peço, Jesus com a força do
alto, o Espírito Santo, vem nos restaurar a alegria perdida, traz a tona as
boas lembranças e joga pra longe o que não presta. Somos mais felizes na medida
em que nos lembramos das coisas boas do passado. Se isso nos alegra, por certo
Jesus há de resgata-las para nós. O luar (carinho e amor de Deus por nós)
brilhará sobre o rio de água viva que brota do coração daqueles que se entregam
a Jesus.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Grupo de Oração, comunidade fraterna
A identidade carismática é marcada
por três elementos essenciais: o batismo no Espírito Santo, o exercício dos
carismas e a vida fraterna. Embora existam outros ambientes em que a prática
desse conjunto de elementos possa acontecer, o Grupo de Oração é, sem dúvida,
um lugar privilegiado para que se viva profundamente tais experiências.
Dizemos “lugar privilegiado” – não
exclusivo – pelo fato de que no Grupo de Oração tais experiências emanam “de
modo natural” como decorrência da abertura da comunidade reunida à experiência
do Espírito. Há na comunidade ali reunida uma fé expectante no agir de Deus que
se manifesta por meio do Batismo no Espírito Santo, que derramará seus dons e
carismas e possibilitará a experiência de vida fraterna.
Esses três elementos confirmam e
autenticam a identidade carismática. Por isso mesmo, o rosto de um Grupo de
Oração – comunidade carismática – só pode ser percebido na integração desses
três elementos, no mínimo.
Na Renovação Carismática Católica,
dois desses elementos estão sempre em relevo: as chamadas experiências de
Batismo no Espírito e a prática dos carismas. De fato, esses dois elementos são
emblemáticos e não podem ser relegados a um segundo plano ou postos como
adornos na vida do Movimento. Isso significaria desfigurar o rosto da RCC,
tornando-a dispensável à própria Igreja Católica. Renunciar a esses elementos
significaria nossa desfiguração ou deformação do rosto carismático que trazemos
por vocação na Igreja.
Ora, o mesmo vale dizer para o
elemento “vida fraterna”, que com os outros dois anteriores ajudam a
caracterizar a identidade carismática da RCC. Tão imprescindível quanto o
batismo no Espírito Santo e a prática dos carismas, a vida fraterna torna-se
elemento constitutivo na legitimação de nossa identidade carismática. Ninguém é
batizado no Espírito Santo para continuar vivendo no isolamento. Pelo
contrário, a experiência do Espírito abre a pessoa à experiência comunitária,
no amor de irmãos que, assim como ela, também se descobriram amados por Deus. A
pessoa é atraída – não forçada – para uma comunidade, lugar onde poderá
exercitar os carismas recebidos, crescendo em “sabedoria e graça” (Lc 2,52).
Grupo de oração, lugar de vida
fraterna
O Novo Testamento revela que o grupo
dos discípulos de Jesus já mantinha grande convivência mesmo antes de
Pentecostes. Desde que foram chamados por Jesus, os discípulos já faziam uma
experiência de vida fraterna, assistida e coordenada pelo Mestre. Enquanto
aguardavam o cumprimento da promessa (At 1,4), eles permaneciam em Jerusalém,
na sala do Cenáculo. Aguardavam como comunidade reunida.
Podemos tirar dessa afirmação ao
menos três questões relevantes para nossa reflexão: 1) Pentecostes é uma
experiência vivida “na comunidade”; 2) Embora seja na comunidade, a experiência
do Espírito é pessoal; 3) Uma consequência constitutiva de Pentecostes é a vida
em comunidade.
1) Pentecostes é uma experiência
vivida na comunidade
Quando o Espírito Santo foi derramado
no dia de Pentecostes (Cf. At 2), Lucas escreve que “eles estavam reunidos no
mesmo lugar” (At 2,1). Alguns dias antes, dois deles haviam se destacado do
grupo e caminhavam para fora da cidade quando o próprio Jesus lhes aparecera
convidando-os a retornar à cidade e a juntar-se novamente à comunidade, até que
fossem revestidos da força do alto (Cf. Lc 24,49). Ora, não foi obra do acaso o
fato de o Espírito Santo ter se manifestado quando os discípulos estavam reunidos
em comunidade.
A imagem da comunidade reunida
aguardando o derramamento do Espírito Santo não nos parece ser a imagem mais
próxima daquilo que marca nossos Grupos de Oração? A reunião de oração de um
povo que aguarda com “fé expectante” a manifestação poderosa do Espírito é a
forma mais autêntica de definir o significado de um Grupo de Oração. O Espírito
Santo vem quando eles estão reunidos. A importância de “permanecer reunidos” em
comunidade para a concretização da promessa do Consolador (Jo 14, 16) é
essencial para o evento Pentecostes.
2) A experiência do Espírito é
pessoal
Não obstante ao fato de Pentecostes
ser uma experiência comunitária, o texto dos Atos dos Apóstolos sublinha o fato
de que as “línguas de fogo pousaram sobre cada um deles” (At 2,3).
Chamamos de “experiência pessoal do
Espírito” a realidade que cada um experimenta individualmente quando Deus
derrama seu Espírito na comunidade reunida. O Espírito é dado a todos, mas cada
um o recebe na medida da abertura de seu próprio coração. Não se trata de uma
experiência “de massa”, por indução ou por “contágio”. O Espírito de Deus
visita a comunidade e enche a todo que se deixa por Ele ser tocado. O “sim” ao
Espírito é fruto da liberdade de cada fiel que se abre à experiência de amor.
Tal experiência individual, no
entanto, não mantém o fiel no isolamento ou na indiferença ao irmão. Ao
contrário, tanto mais a experiência do Espírito atinge a particularidade de
cada pessoa, quanto essa pessoa vai abrindo-se à vida fraterna em comunidade. À
medida que se descobre o agir do Espírito na vida interior, aumenta na mesma
proporção o grau de aproximação da pessoa com a comunidade. Essa é uma forma de
verificação da realidade de Pentecostes na vida do fiel.
É fundamental, portanto, ao Grupo de
Oração, que cada um viva sua experiência pessoal do Espírito de forma contínua,
pois isso resultará em grande graça para cada participante e para toda a
comunidade. Na medida em que “a graça de Deus cresce em nós sem cessar”, vamos
tornando-nos expressão dessa mesma graça para nossa comunidade, favorecendo
assim nossa vida fraterna.
As divisões dentro de um Grupo de
Oração não são frutos de meros impulsos humanos, mas no fundo, da ausência da
graça de Deus em nós. O afastamento da vida na graça de Deus poderia tornar-nos
insuportáveis uns aos outros. Sem a presença do “amor de Deus derramado em
nossos corações” (Rm 5,5) como poderíamos ser chamados de irmãos?
Por isso, faz-se necessário pedir
sempre um novo Pentecostes para cada pessoa presente no Grupo de Oração, individualmente.
3) Uma consequência constitutiva de
Pentecostes é a vida em comunidade
Chegamos aqui ao ponto central de
nosso tema. Pensar o Grupo de Oração como uma comunidade fraterna é tocar na
consequência objetiva mais impactante de Pentecostes. Mais desconcertante do
que a manifestação miraculosa dos carismas de profecia, cura e pregação na
comunidade primitiva, o testemunho de uma comunidade fraterna (frater = irmãos)
deixava os concidadãos dos discípulos intrigados. “Vejam como eles se amam”,
diziam a respeito daqueles seguidores de Jesus que há pouco recebera o Espírito
Santo. Era o cumprimento do mandamento do Senhor: “Nisto todos conhecerão que
sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).
Traduzimos por “comunhão fraterna” o
termo grego koinonia. Trata-se da união espiritual dos que se deixaram batizar
na mesma fé e que assumiram um projeto de vida comum.
Se antes da vinda do Espírito era
possível a comunidade permanecer reunida, agora com o derramamento abundante da
graça do Espírito será possível atingir o aperfeiçoamento da vida comunitária.
O sonho de viver como irmãos tornar-se-á possível exatamente por auxílio da
graça derramada. As disputas ou divisões podem ser superadas, pois “o amor foi
derramado nos corações” (Rm 5,5). A partilha não será uma utopia para quem se
deixou tocar e conduzir pelo Espírito. “Eles tinham tudo em comum” (At 4,32).
Quando a experiência do Espírito
toca-nos profundamente o mais íntimo do coração, somos convencidos de que a
comunidade de irmãos (embora ainda repletas de limitações e fragilidades
humanas) é um verdadeiro refúgio e fortaleza na luta contra tudo o que há de
mal no mundo.
Nesse sentido, o Grupo de Oração é um
lugar privilegiado para a experiência fraterna! E para que essa realidade se
concretize na vida cotidiana do GO é preciso que cada participante saiba de sua
importância, como colaborador do Espírito no aperfeiçoamento da vida fraterna
da comunidade.
A atitude de acolher não deve ser
delegada a um grupo de pessoas, apenas. Embora exista normalmente um ministério
ou equipe de acolhida em nossos Grupos de Oração, a função de acolher ao
próximo é papel de todos. Coordenadores, servos e participantes devem se deixar
conquistar pela graça do acolhimento, dom próprio do Espírito derramado na vida
da comunidade.
A fraternidade não deve existir
somente em função de uma necessidade ou situação inusitada. Ela deve ser constitutiva
na vida do Grupo de Oração. Acolher com alegria e cuidar uns dos outros é um
dos sinais evidentes de Pentecostes.
Um testemunho
Participo de Grupo de Oração há quase
25 anos. Durante esse tempo vivi e continuo vivendo muitas experiências que acabam
por deixar marcas profundas em minha história pessoal. Quantas curas
miraculosas, vi acontecer pela manifestação de legítimos carismas no meio da
comunidade. Quantas pessoas eu vi mudarem de vida depois de terem vivido a
experiência de batismo no Espírito Santo. Em minha vida mesmo, quantas mudanças
percebi como decorrentes dessa ação do Espírito! Louvo a Deus por tudo o que
Ele fez em mim!
Preciso afirmar, entretanto, que as
experiências que mais marcaram minha vida e da minha família foram as experiências
de vida fraterna no seio do Grupo de Oração.
No ano de 1996, passamos por uma
grande dificuldade que atingiu nossa vida financeira. Morávamos de aluguel e
recebemos comunicado de despejo, pois estávamos entrando no terceiro mês de
atraso no pagamento. Não tínhamos condições de pagar aquele valor e não
sabíamos como resolver aquela situação. Eu e minha esposa buscávamos encontrar
saídas para aquele episódio de constrangimento e preocupação para com nossos
filhos. Rezávamos e íamos com nossos filhos ao Grupo de Oração. Eu e minha
esposa fazíamos parte do Ministério de Música e éramos responsáveis pela
animação de louvor na reunião de oração. Nossos problemas nunca nos impediram
de assumirmos nosso ministério com alegria.
Enquanto apresentávamos por meio da
oração esta situação difícil diante de Deus, alguns irmãos do Grupo de Oração
ficaram sabendo de nossa situação e naquele momento pude ver a consequência do
batismo no Espírito Santo acontecer de forma bastante concreta no testemunho
comunitário do meu Grupo de Oração. Fizeram uma coleta entre eles, sem que eu
soubesse, e me ajudaram a quitar meus aluguéis atrasados e contas de água e
luz. Cuidaram de minha família, como pastores que cuidam de suas ovelhas.
Supriram nossas necessidades de alimentos durante cerca de seis meses, até que
eu tivesse melhorado minhas condições. Até o material escolar de minhas
crianças era providenciado por Deus pela ação fraterna dos membros do Grupo de
Oração. Não se tratava de um mero assistencialismo. Percebíamos o amor com que
realizavam aquelas ações em nosso favor. Tudo estava acompanhado de profundos
momentos de oração em minha casa. A atenção que recebemos naquele momento de
fragilidade que minha família passava marcou-nos profundamente.
Entendi através daqueles momentos que
o testemunho de partilha e comunhão fraterna das primeiras comunidades cristãs
não era uma utopia. Eu vi em minha própria vida esta consequência de
Pentecostes. Aquela atitude de acolhida testemunhou e consolidou na comunidade
o batismo no Espírito Santo. Eram sinais da Cultura de Pentecostes!
Quantas pessoas podem estar
participando de nossos Grupos de Oração e que estão precisando ser acolhidas e
cuidadas com mais atenção? Seria justo celebrar durante uma hora e meia ao lado
de uma pessoa que se senta ao nosso lado na Igreja, cantando cantos alegres e
ouvindo a Palavra de Deus, sem sequer saber o nome e o lugar de onde aquela
pessoa vem? E se ela não voltar, quem perceberá sua ausência? Quantos dentre os
próprios servos vivem verdadeiras lutas sem poder contar com a ajuda dos irmãos
de comunidade...
Devemos continuar com os olhos
voltados para o céu, esperando as respostas de Deus, mas precisamos manter
também os braços abertos e estendidos para acolher cada um daqueles que foram
atraídos ao nosso Grupo de Oração. A experiência de amor vivida em comunidade
deixará marcas profundas na vida de todos, sobretudo na vida daqueles que
receberem esse amor fraterno.
Peçamos continuamente o batismo no
Espírito Santo em nossas reuniões de oração para que a comunidade, repleta dos
dons e carismas do Espírito, seja capaz de traduzir tudo isso num autêntico
testemunho de vida fraterna.
Rogério Soares - Coordenador Estadual da RCC São Paulo
Grupo de Oração Kénosis
Grupo de Oração Kénosis
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