“Moon
river, wider than a mile...” Assim começa uma belíssima canção americana.
Esta canção remete a minha juventude. Eu era bem jovem, jovenzinho mesmo, pós-adolescente.
Retornava de Jacareí (interior paulista) para o Rio de Janeiro, após um fim de
semana com direito a baile no clube da cidade e namorico na praça.
Embarcaríamos pela manhã na litorina, trem de luxo com um
único vagão que fazia o trajeto Rio-S. Paulo. Mas como a noite fora agitada, eu
e os companheiros (éramos três) perdemos a litorina e “por castigo” viajaríamos
à noite no trenzinho de madeira (bendito castigo!). Foi uma viagem linda. Sabe
aquele trem antigo que tinha um pequeno alpendre no último vagão? Era um
desses. Num dado momento deixei os amigos e fui para a varandinha do trem,
justo quando ele margeava o rio Paraíba do Sul naquela bucólica noite de lua cheia. O luar
refletido nas águas plácidas do rio proporcionava um belo cenário. Lembrei-me
da música; “moon river...etc...etc...” cantarolava baixinho no meu inglês
arrevesado. Sentia-me o próprio Tom Sawyer apreciando o luar sobre o Mississipi
(Esse era o tema da canção). Veio-me à memória a noite anterior; a garota da
praça, os rodopios no salão de baile e um sentimento bom, uma ternura imensa
tomou meu coração. Assim prosseguiu a viagem, no balanço e no barulho
característico do trem. Eu com um sentimento misto de precoce nostalgia (o fim
de semana recente) e a alegria de estar voltando para casa.
O que tem isso a ver com minha realidade hoje? Muito. Boas
lembranças nos fazem bem. O relato da viagem não é nostálgico como parece,
serve como referência. Boas lembranças nos fazem bem e só sentimos saudades do
que foi bom. Boas lembranças guardamos e as recordamos ternamente e até
nostalgicamente, porque não? Más lembranças procuramos esquecer e se não for
possível, ao menos podemos impedir que elas permeiem nossos sentimentos. Boas
coisas do passado guardemos com alegria no coração. Coisas não tão boas,
expurguemos e como não podemos deletá-las da memória, que fiquem à margem; que
migrem para o subconsciente e lá permaneçam.
Assim funciona a cura interior; viver os bons momentos e
esquecer os males. Curtir de maneira saudável, não doentia, as recordações do
passado e que as más recordações deixem de povoar nossa mente e de influenciar
nosso emocional. Sabemos que por nossa própria força e vontade não é fácil,
digo até impossível. Mas temos em nós o Espírito Santo a ampliar nossa força de
vontade e aí tudo se torna possível. Se eu quero e peço, Jesus com a força do
alto, o Espírito Santo, vem nos restaurar a alegria perdida, traz a tona as
boas lembranças e joga pra longe o que não presta. Somos mais felizes na medida
em que nos lembramos das coisas boas do passado. Se isso nos alegra, por certo
Jesus há de resgata-las para nós. O luar (carinho e amor de Deus por nós)
brilhará sobre o rio de água viva que brota do coração daqueles que se entregam
a Jesus.
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