sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Jesuítas


Neste belo poema de Castro Alves, uma homenagem aos jesuítas, que evangelizaram o Brasil. Desbravadores de uma terra desconhecida e insólita, fizeram do Brasil uma nação católica.



Jesuítas


 Quando o vento da Fé soprava Europa,

Como o tufão, que impele ao ar a tropa
  Das águias, que pousavam no alcantil;

Do zimbório de Roma — a ventania

O bando dos Apost'los sacudia
  Aos cerros do Brasil.





Tempos idos! Extintos luzimentos!
O pó da catequese aos quatro ventos
Revoava nos céus...
Floria após na Índia, ou na Tartária,
No Mississipi, no Peru, na Arábia
Uma palmeira —Deus!




O navio maltês, do Lácio a vela,
A lusa nau, as quinas de Castela,
Do Holandês a galé
Levava sem saber ao mundo inteiro
Os vândalos sublimes do cordeiro,
Os átilas da fé.




Onde ia aquela nau?—Ao Oriente.

A outra? — Ao pólo. A outra? — Ao ocidente.

Outra?— Ao norte. Outra? — Ao sul.

E o que buscava? A foca além no pólo;

O âmbar, o cravo no indiano solo

Mulheres em 'Stambul.





Grandes homens! Apóstolos heróicos!...

Eles diziam mais do que os estóicos:

"Dor, — tu és um prazer!

"Grelha, —és um leito! Brasa,—és uma gema!

Cravo,— és um cetro! Chama, — um diadema

Ó morte, — és o viver!"





Outras vezes no eterno itinerário

O sol, que vira um dia no Calvário

Do Cristo a santa cruz,

Enfiava de vir achar nos Andes

A mesma cruz, abrindo os braços grandes

Aos índios rubros, nus.








Eram eles que o verbo do Messias

Pregavam desde o vale às serranias,

Do pólo ao Equador...
E o Chimborazo arremessava aos ares
O nome do Senhor!...




 (Castro Alves – Espumas Flutuantes)






Castro Alves







































 
  





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