sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Naum 2,1-5 – A Derrota do Opressor

 

Q

uando explicamos uma Palavra (pericope) é necessário situar essa palavra no contexto em que ela se passa. Deve se levar em conta o momento histórico e a situação do povo e/ou dos personagens envolvidos. Daí então se tira a Palavra Rhema, ou seja, a mensagem de Deus para nós no momento atual. O livro do profeta Naum nos mostra a destruição de Nínive, que representava o Império Assírio, o qual oprimia todos os povos da Ásia Menor. A Palavra nos mostra a alegria do povo de Israel por se ver livre de tão cruel opressor.

            Quem nos oprime hoje? O mundo com seus falsos valores; o diabo com suas tentações. O v.2 diz: (...). Destruidor: o inimigo, o tentador. O inimigo procura colocar empecilhos a nossa vida espiritual; procura afligir-nos com tentações, opressões, obsessões, excessos; tenta induzir-nos a uma vida desregrada, busca desenfreada do prazer, do ter, do poder, da ambição desmedida, da ganância... Por conta disso devemos estar atentos, alertas. Principalmente devemos tomar cuidado com o nosso linguajar, pois todas as vezes que murmuramos contra Deus, quando lançamos imprecações, quando amaldiçoamos, quando falamos palavrões, afastamos os Anjos de Deus; os anjos retiram-se. – Da mesma forma como na oração com poder no nome de Jesus expulsamos os demônios, afugentamos os anjos com palavras de maldição! – Aí o inimigo toma o lugar deles. Cuidado, muito cuidado com o que dizemos. Diz a Palavra de Deus em Mt 15,10: O mal é o que sai da boca do homem. O inimigo é como o leão que ruge pronto a nos devorar, diz Pedro em sua carta primeira; portanto devemos estar sempre vigilantes, revestidos da couraça da justiça, do evangelho da paz e da espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.

            O v.1 fala do mensageiro que traz a noticia da queda do opressor. Fala daquele que traz a boa nova da esperança. Quem hoje nos traz esta palavra, nos traz a promessa de libertação e da cura de todos os males, é Jesus. Jesus Cristo Nazareno, Jesus Salvador, Jesus filho de Maria. Jesus, a maior prova do amor de Deus; Jesus, a sublimação, a consumação do amor de Deus Pai pelos homens. Quando aceitamos a salvação, a redenção que Jesus nos trouxe e nos oferece, quando nos deixamos impregnar da presença do Espírito Santo, quando procuramos os irmãos a fim de partilhar os dons recebidos, aí então teremos derrotado o opressor.


            Somos produtos do meio em que vivemos. Se pactuarmos, se compartilharmos o que o meio nos oferece, estaremos inseridos nele e faremos parte dele. No entanto, se nos apartarmos, se rejeitarmos o que nos é oferecido, estaremos nele mas não faremos parte dele. Este deve ser o procedimento do cristão: estar no mundo e não ser do mundo. Amém.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

II Cor 8,16-21 – O SERVIÇO

 

M

uitos serão chamados, poucos os escolhidos. Todos somos chamados, escolhidos são aqueles que abrem o coração e dizem sim a Deus.

         

   A Palavra em 2 Corintios 8, bendiz e traça um elogio àqueles que se prestam com boa vontade ao serviço do Senhor. O texto fala do zelo, desprendimento, solicitude, disponibilidade; características do servo de Deus. Zelo é a dedicação, o cuidado para que tudo seja feito e seja bem feito. Desprendimento é o soltar-se, liberar-se, entregar-se de corpo e alma ao serviço. Solicitude é o ato de ser prestativo, diligente, sempre pronto. Disponibilidade é fazer-se disponível, ter tempo; todo tempo deve ser de Deus, para Deus.

            Para sermos bons servos é necessário darmos testemunho de Deus; não somente proclamar, mas sermos exemplo, testemunhos vivos em boas obras e conduta. Usar bem os itens do querigma de Jesus: primeiro evangelizar, anunciar a boa nova, depois catequizar, aprofundar.

            Iniciamos com a frase: Muitos serão chamados, poucos escolhidos. Reafirmamos: chamados somos todos; escolhidos são aqueles que se disponibilizam e dizem sim de coração.  O assunto nos remete à parábola do jovem rico (Mt 19,16) que nos mostra o jovem interessado em seguir Jesus, mas com muito apego as coisas materiais. Devido ao apego exagerado deixou Jesus passar diante de si, como fumaça que se esvai entre os dedos.

            “Deixai pai e mãe, deixar a família...” (Mc 10).Trata de renuncia. Ou sendo mais brando, não usar a família como desculpa para não servir, para a má vontade, a falta de desprendimento. Jesus também disse: “Toma a tua cruz, vem e segue-me”. Muitas vezes o serviço é árduo, penoso, não é fácil não, mas é gratificante!

            Eclesiástico 2,1: “Se entrares para o serviço de Deus, prepara-te para a provação”. Sofremos ou sofreremos perseguições, seremos chamados de alienados pelos descrentes, de fanáticos pelos próprios irmãos de fé, seremos incompreendidos, ignorados e desprezados pelo mundo, mas não devemos desistir, porque maior o que está em nós do que aquilo que está no mundo.

            Quando servimos a Deus, servimos também a sua casa, a Igreja. Daí a importância de sermos generosos nas coletas, no ofertório e sermos fiéis no dizimo. Que se ofereça e se dê, mesmo pouco conforme as possibilidades de cada um, mas que se dê de coração.

            Devemos também viver sempre no Espírito, movidos pelo Divino Espírito Santo; ao menos devemos tentar. Amor e caridade são fundamentais na vida do cristão. Amém.

 

 


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Dt 8,1-6 – Correção de Pai




  


Esse povo somos nós. É nossa vida, nossa caminhada retratada nesta passagem bíblica.Quem não se reconhece aí? Eu me reconheço. É nossa história!
            V.1 – Ouvir, ouvir e principalmente obedecer a Deus, vivenciar a fé; vivenciar a fé é experimentar verdadeiramente o evangelho; é visitar os enfermos, os incapacitados de ir a igreja; é dar conforto, uma palavra amiga a quem lamenta a perda de um ente querido; é abrir-se ao perdão, não guardando rancor nem mesmo de possíveis inimigos; é respeitar as diferenças, seja entre irmãos do mesmo e também de outros credos; é saber acolher com respeito e piedade os pecadores.
            V.2-3 – Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus... Lindo! Vejamos o que diz o profeta Amós em Am 8,11 (...) Nunca em todos os tempos tivemos tanta sede e fome de Deus quanto agora. Apesar de toda iniqüidade, de todo pecado que grassa no mundo, a humanidade se ressente de Deus, anseia por sua presença. Às apalpadelas o homem busca Deus e tendo em conta o tamanho da messe e dos poucos operários, nosso Deus suscita entre nós profetas; homens e mulheres que o anunciem, que falem Dele e por Ele. Aquele que recebeu o chamado de Deus tenha coragem, tenha ousadia e O proclame, pois o mundo precisa conhece-lo.
            V.4-5 – Complementando estes versículos vejamos o que diz Sb 11,9s e 1 Cor 11,31s. Não se trata, pois de castigo, mas de correção de pai. Deus nos quer salvos e para isso nos corrige o rumo, nos coloca nos trilhos, mesmo que para isso use de severidade, seja rigoroso. Às vezes deixando-nos cicatrizes, como na estorinha a seguir: Um menino brincava a beira de um lago e resolveu entrar na água para refrescar-se. A seguir, um crocodilo jogou-se na água e nadou rapidamente em direção a criança. A mãe do menino, vendo a fera, correu para a beira do lago, gritando para seu filho sair da água. O menino tentou sair, mas o crocodilo abocanhou seus pés ao mesmo tempo em que sua mãe segurava-lhe os pulsos. Um embate cruento seguiu-se; de um lado a fera tentando arrastar o menino para o fundo do lago, de outro a mãe decidida a resgatar seu filho. O crocodilo dando-se por vencido desistiu e largou o menino. Valera o esforço daquela mãe. Mais tarde no hospital, as pessoas queriam ver os ferimentos nas pernas do garoto, mas este, orgulhoso mostrava a todos os pulsos, também muito machucados:        Vocês estão vendo? Isso foi porque minha mãe me segurou com força, cravou as unhas em mim para que o crocodilo não me devorasse!
            Nós podemos nos identificar com esse menino. Também temos muitas cicatrizes; às vezes cicatrizes de um passado doloroso, algumas muito feias e que causam profunda dor; mas algumas feridas e cicatrizes foi porque Deus se recusou a nos deixar, Ele estava nos segurando! Se hoje o momento é difícil, talvez seja porque Deus está lhe segurando, cravando suas unhas em você para não lhe deixar ir. Deus faz o necessário para não perder você, mesmo que para isso tenha que lhe deixar cicatrizes. As cicatrizes deixadas pelo crocodilo, esteja certo disso, Ele vai tirar, mas as Dele Ele deixará, para lembra-lo que são para sua salvação.
            V.6 – Obedecendo ao Senhor. Seguindo o caminho que Ele nos aponta, o caminho onde ele nos colocou ao tirar-nos da boca do crocodilo. Aceitando Jesus como Senhor e Salvador, seremos dignos da morada que Ele preparou para nós. Amém.
           
                

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

I Cor 5,1-5 – Imoralidade do Mundo

 

N

ão vos escrevo estas coisas para vos envergonhar, mas para admoestar-vos como filhos muito amados.”(I cor 4,14).


            Deus não quer castigar, na verdade quer o bem de todos nós.

            Na pericope I Cor 5,1-5 não há muito a comentar. O texto é claro, se explica por si. Trata de imoralidade, luxuria, escândalo na comunidade. Isto existe entre nós, hoje em dia? Infelizmente existe. Sacerdotes são assediados, outros assediam...

            Se analisarmos essa Palavra de modo rasteiro, superficial, veremos que ela é extremamente pesada. Baseado apenas na letra e não na essência, essa palavra – quero crer – não se aplica entre nós aqui presentes. Mas não vamos ficar só na superfície, vamos mergulhar na palavra, fazer uma reflexão mais profunda. Por esse ângulo, vemos aí, o mundo transformado num lamaçal, o mundo desregrado, degenerado. O mundo entregue as paixões da carne, submetido ao domínio das potestades e principados do mal.

            O mundo está tão degenerado que a pornografia tomou conta de tudo, extrapolou e invade nossos lares através da TV, músicas imorais tocados em alto volume nas ruas, para quem queira – e mesmo quem não queira – ouvir. A Palavra de Deus em Sab 15,4s nos adverte sobre isso. (...)...

            O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem. É verdade, porém temos que discernir para não aceitarmos tudo que nos é imposto. Não podemos ficar engolindo as porcarias que o mundo nos impinge.

            O mundo é assim, não podemos fugir dele. Façamos então como S. Paulo: estamos no mundo, não somos do mundo. Assumamos a loucura da cruz em contraponto a loucura do mundo.

            Temos que estar atentos, muito atentos às armadilhas do mundo que proclama falsos deuses, ídolos; o mundo exageradamente hedonista. Hedonismo é a busca desenfreada do prazer; é o prazer pelo prazer. Estejamos atentos, vigilantes, revestidos da armadura de Deus, como em Efésios 6, para não ficarmos vulneráveis aos harpões afiados do inimigo.

            Deus está nos advertindo sempre, exortando, nos convocando a si. E o que damos a Deus? Nada! E quando damos, são migalhas, o resto; o que sobra do nosso tempo, o que sobra de quase nada. Mas Deus, por amor, continua a exortar e suscita profetas entre nós, vozes que clamam no deserto.

            O v.5 (...)... Parece maldição, mas na verdade é benção. Trata-se de purificação. Se estivermos de coração contrito, Deus com amor infinito nos concede o perdão incondicional, mesmo que às vezes possa nos provar no fogo, tal como ouro e prata que são purificados assim.

             Depois de tudo que foi dito, talvez ainda não tenham entendido, talvez as palavras tenham sido mal interpretadas. Portanto, que eu não tenha sido considerado grosseiro devido a rudeza das palavras proferidas, porque embora duras, são palavras verdadeiras e ditas com amor; o amor que vem de Deus. Amem.