sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Vivendo e aprendendo a amar



Há gente que passa pela vida; somente passa. Outros passam fazendo o mal; vivem nas trevas. Outros tantos passam por esta vida deixando rastros de amor. No entanto todos, indistintamente, não estão sós e nem vieram para nada. Fomos moldados no amor, com amor fomos engendrados e por amor viemos ao mundo. Viemos de Deus, somos de Deus e a Deus um dia haveremos de retornar. Não estamos sós, pois o Espírito Divino nos acompanha constantemente, mesmo que muitos não percebam e nem mesmo creiam.
Mas a estrada da vida não é plana nem uniforme. A vida é assimétrica. Daí então os percalços do caminho nos fazem mudar. Mudar de rumo, de atitudes, de concepções, pré-conceitos. Quem somente passa num vazio de objetivos, um dia percebe que não está só; há outros que se realizam, são felizes por terem uma meta, nem sempre alcançada – e aí reside a motivação para a vida, sonhos, objetivos – e, quando se consegue, outra surge. Da observação do outro surge o questionamento: porque minha vida é vazia? Porque vivo só com meus problemas? Não poderia eu também ser feliz? O que fazer? Do questionamento vem a conscientização dos problemas, daí vem a busca pela solução desses problemas. Pronto, um primeiro passo foi dado, uma meta foi proposta. Nos altos e baixos da vida, quem sofre um dia deixa de sofrer, quem é alegre e feliz um dia vem a sofrer. Então nada é absoluto a não ser o amor. Este sim, absoluto, pleno, imutável, sempiterno.
Desse modo, os que somente passam, os que vivem nas trevas, um dia andarão por caminhos onde foram deixados rastros de amor. Daí então, coração ansiando por algo novo, seguirão estes rastros. Encontrando a fonte, ávidos de esperança, alcançarão o objetivo maior na vida: amar e ser amado.
Qual a fonte? Que caminho é esse? A palavra de Deus nos esclarece: “Eu sou o caminho, a verdade, a vida” (Jo 14,6). Assim nos fala o Mestre, Jesus Cristo, que nos convida a segui-lo, imitá-lo. Ele é o caminho que mostra a verdade, verdade que liberta para uma vida plena em Deus. Quem segue Jesus é feliz, embora possa vir a ter momentos de incerteza e tribulação; mas em Jesus tudo podemos, desse modo, apesar dos percalços da vida ele nos fortalece, nos traz fé esperança e amor.
Mesmo que você não se sinta amado, mesmo que você se sinta desprezado, mesmo que você se sinta solitário, saiba, há alguém que te ama com amor que homem (ou mulher) jamais amou: Deus na pessoa do Pai que é puro amor, no Filho que se entregou por amor e no Espírito Santo que é a manifestação desse amor.  Amar não se ensina, mas se aprende. Aprendemos a amar quando nos deixamos moldar por Deus que é amor, quando nos abrimos ao ágape divino, quando somos dóceis ao  Espírito Santo, quando nos submetemos ao senhorio de Jesus. Assim, vivendo intensamente em Deus, vivendo na plenitude, não apenas passando pela vida, somos envolvidos, embebidos no amor de Deus e por onde passarmos deixaremos rastros desse amor. 



sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Fonte de Água Viva



“Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Assemelha-se à árvore plantada perto da água, que estende as raízes para o arroio; se vier o calor, ela não temerá e sua folhagem continuará verdejante; não a inquieta a seca de um ano, pois ela continua a produzir frutos” (Jr 17,7s).
Confiar no Senhor Deus, Deus de toda consolação, de amor inestimável, misericórdia infinita. Deus que é poder supremo e nos nutre com sua graça. A Palavra acima nos convida a confiar e confiar naquele que é plenitude; plenitude da graça, do amor, da justiça, da fidelidade.
 Longe de Deus somos como espinheiros numa terra árida e poeirenta. Somos como que intocáveis, pois na secura e vazio da alma, somos suscetíveis de ferir quem se aproxima e nos toca. Somos inférteis, ou então produzimos frutos amargos e travosos. Assim é a vida daqueles que ao invés de Deus confiam em si próprios, julgando-se autossuficientes, numa atitude de extrema soberba. São como a figueira improdutiva do Evangelho segundo Lucas, cap. 13,6.
A palavra em Jeremias que abre esta reflexão nos mostra claramente que se quisermos frutificar e frutificar sempre faz-se necessário entregar-se inteiramente a Deus. A Palavra nos atesta que se estivermos enraizados junto à fonte de água viva (Deus na Santíssima Trindade) teremos tudo que Ele nos oferece: o refrigério, o conforto, a segurança, as virtudes, enfim a felicidade autêntica que só podemos encontrar nele.
Voltando à figueira de Lucas 13, a partir do versículo 7 o senhor do campo tencionava derrubá-la pois ela era infrutífera; o agricultor interveio e argumentou que ela poderia dar figos se bem cuidada. Esta figueira nos representa; com os cuidados devidos, regada no tempo a na medida certa ela poderá frutificar. Irrigando-nos com a água viva, o Espírito Santo, encontramos Jesus, o Filho, que apresenta e oferece o regaço acolhedor do Pai Eterno. Daí se poderá fruir no coração frutos de amor, de esperança e de justiça. 



sábado, 14 de setembro de 2019

Correntes



Frequentemente costumamos recolher e lançar ao lixo folhas e mais folhas de papel deixadas no interior da igreja. São orações e preces ditas “poderosas”, que devem ser copiadas em determinado numero e deixadas numa igreja, como condição para os pedidos e graças sejam alcançados. Entre elas, as famosas “correntes que não devem ser quebradas, sob a pena de graves consequencias, etc...”
Superstição, mera superstição que (ainda) escraviza muitos católicos desavisados, outros renitentes à verdadeira doutrina e outros tantos pseudo católicos. Desavisados, porque apesar de terem acesso às informações e formações doutrinais e bíblicas (homilias, pregações), não o fazem.  Renitentes, porque mesmo com algum conhecimento negam-se a acatar e vivenciar os ensinamentos e preceitos, vivendo uma religiosidade particular, descompromissada com a verdade evangélica. Outros tanto são católicos de mentirinha; dizem serem católicos, mas vivem nas falsas doutrinas, frequentando tanto a igreja como outros lugares onde por certo Jesus não é senhor, num sincretismo ilógico e absurdo. Isto acontece por ignorância e/ou endurecimento do coração.
O que cabe a nós? Intensificar a evangelização dos nossos. Nossos são os batizados, os católicos de berço, os que foram educados num ambiente católico e por razões diversas se desviaram. Anunciar o querigma oportuna e importunamente. Ter a ousadia de, ao avistar alguém deixando as tais correntes na igreja, abordá-lo e com suavidade, porém no ímpeto do Espírito Santo, alertá-lo mostrando-lhe a verdade que liberta, falando daquele que é verdadeiramente poderoso, que poderá libertar de todas as correntes.
Na sua paróquia é assim? Mexa-se!    

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Não ao Mal



Disse Jesus: no mundo haveis de ter tribulações, mas coragem, Eu venci o mundo! Nesse mundo passamos por dificuldades, sofrimentos; mas não se trata de castigo, de abandono. Tudo é consequência da irresponsabilidade humana. Nos afastamos de Deus, rejeitamos sua misericórdia, abdicamos de sua proteção e assim nos tornamos vulneráveis aos ataques de Satanás, este sim, mentor e fomentador de todo mal. Deus fez aliança com seu povo, mas seu povo virou-lhe as costas. Deus é onipotente, não prepotente, por isso não impõe sua vontade e nos deixa livres para escolhermos nosso caminho, mesmo que esse caminho seja diferente daquele que leva a seu reino de justiça e paz.
Vimos que o mal não é intrínseco ao ser humano. O mal não teve origem em nosso coração. Porém o mal nasce no coração do homem, concebido por traumas, decepções, influências do mundo que nos cerca, inveja, cobiça, opressão... O homem não é mal em sua essência, na verdade é fraco, se deixa iludir, pensa que é dono da situação, que está no controle, mas se deixa levar ao vento de qualquer vã doutrina ou filosofia. Usando termos bem populares: acha-se o dono da cocada preta, mas é um bobo alegre.
Sempre haverá dor no mundo. É inevitável (No mundo haveis de ter tribulações...), mas isso não é motivo de desespero nem de falta de confiança, ao contrário (...Coragem, eu venci o mundo). O homem bom, aquele que segue os passos do Vencedor, procurará aliviar as dores e consolar os que sofrem, buscando anular a ação do homem mau que levará consigo o mal e o espalhará onde for. No entanto, bons ou maus, justos ou pecadores, vivemos todos no mesmo mundo, sujeitos as mesmas influências, boas ou perniciosas. Se caminharmos com aqueles que seguem o Senhor estaremos sob a influência daquilo que é bom e sadio. Se ao contrário, voltarmos as costas ao Senhor vencedor do mundo e buscarmos outros caminhos, estaremos sob o domínio do mentor e fomentador do mal.
O mundo tenta nos mutilar, nos desfigurar, nos afastar do reto caminho, transformando-nos em objetos, em coisas. Mas o Espírito Santo vem em nosso socorro, nos amparando, fortalecendo, orientando e pelo nome vitorioso de Jesus restaura em nós a dignidade de filhos de Deus.