Neste fim de semana em viagem,
transitando pela Via Dutra na região do Vale do Paraíba, chamou-me a atenção
num determinado trecho a vista de uma colina com a vegetação ressequida e
árvores totalmente sem folhagem, como tocos de pau secos espetados no solo árido. Eram como espectros, numa
visão tétrica. De imediato sobreveio-me um pensamento: há pessoas assim;
coração duro, ressequido como aquele morro. Gente desanimada – sem animo, sem
vida (anima: alma / alma: vida) – como na parábola do semeador, terreno
pedregoso e espinhento. Qualquer palavra de animo ou reconforto é repelida ou
sufocada, pois o coração e a mente estão secos e turvados pelas agruras e
dificuldades da vida.
Todos passamos por momentos de
aridez e deserto, entretanto que não seja algo constante, duradouro ou
interminável. Em momentos difíceis, principalmente durante enfermidades é comum
a dificuldade de oração devido a nosso foco estar voltado para a vicissitude
vivida. Nessa circunstância o combate da oração é mais intenso, pois temos que
lutar conosco mesmo para desviar nossa atenção para a busca da solução e não
para o centro da crise. Porém com esforço e uma fé atuante, conseguimos pouco a
pouco sair do deserto. Como diz o profeta Isaias: o deserto se converterá em
vergel e o vergel em floresta. Para isto havemos de ser confiantes; nossa
esperança residir na presença ativa de Deus em nós. Essa presença ativa é o
Espírito Santo que nos faz viver e caminhar sob a égide de Jesus Cristo. Assim
a terra árida, tétrica como a paisagem que suscitou essa reflexão,
transforma-se numa área verdejante que além, forma uma bela e pujante floresta!
A vida no Espírito é nossa
vocação; vocação de toda a humanidade. Buscá-la é fortalecer-se frente as
dificuldades, é equilibrar-se nos momentos de indecisão, enfrentar sem temor os conflitos e acima de
tudo ver os caminhos mais tenebrosos inundarem-se de luz. É verdadeiramente
encontrar de uma maneira que nos interpela, o sentido pleno da vida. É
encontrar a paz; não a paz estática que leva à acomodação, mas a paz dinâmica,
a paz inquieta que faz brotar nos corações o impulso para servir ao Senhor e
aos irmãos. Que o Espírito Santo venha fertilizar o solo árido, venha fecundar
os corações dos homens, para que ao se deparar com a vista de uma colina
infértil, não nos lembremos de nossa falta de fé.
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