sábado, 30 de junho de 2018

Quero ser santo



Quero ser santo, preciso ser santo. Devo ser santo, pois o céu clama por santidade. A Bíblia nos diz, seja santo como o Pai Celeste é Santo. O que é santidade? Como ser santo? Santidade é viver uma vida consagrada a Deus, dedicada ao bem e ao amor fraterno, é viver intensamente em Deus, sendo isento de pecado, imaculado. Biblicamente, santo significa separado, apartado, designando aqueles que viviam longe dos costumes mundanos, fora do paganismo. Desde modo para ser santo basta resistir às influências maléficas do mundo, afastar-se das fontes de pecado e viver vinte e quatro horas, dia a dia, trezentos e sessenta e cinco dias ao ano sob a égide do Espírito Santo.
Ah!... Se fosse simples assim... Já diz o dito popular: falar é fácil, fazer é que são elas. Há que matar leões e dragões diariamente! A batalha é diária. E a pior, a mais dura é a luta contra si mesmo, pois a nossa tendência inata ao pecado – a famigerada concupiscência – em muitos habita à flor da pele. O inimigo de nossas almas sabe disso e acende em nós todo tipo de desejo pecaminoso; desregramento sexual, indiferença religiosa, tendência ao mal, falsidade, desonestidade, são os campos onde Satanás atua para nos desviar do caminho. Às vezes consegue. Muitos sucumbem e são presas de suas garras afiadas.
O Apóstolo São Pedro nos lembra que o Demônio é como um leão que nos cerca pronto a nos devorar. Por isso a necessidade de vigilância, de oração. Só assim, discernindo o que é bom e o que é mal, em vigília e oração podemos combater e vencer o inimigo; matar leões e dragões a cada dia. É difícil viver a santidade num mundo onde imperam uma moral distorcida, o adultério e a desonestidade; onde irmão desrespeita irmão, filhos os pais e pais os filhos; onde políticos e empresários são corruptos e assustadoramente insensíveis ao sofrimento do povo; onde se mente e trapaceia descaradamente. 
 Não somos perfeitos, só o Pai é perfeitissimo; daí estamos sujeitos a quedas. Por isso apesar da resistência ao mal, num descuido às vezes tropeçamos, escorregamos, transgredimos. Mas o coração de Deus é extremamente misericordioso e conhece nossas intenções, daí vem em nosso socorro concedendo-nos o perdão de nossas faltas e reconciliando-nos com Ele. Se a transgressão foi grave, amorosamente Ele nos deixou o sacramento da penitencia, onde arrependidos confessamos nossos pecados e somos perdoados. 
Ainda não cheguei lá. Sei que não é fácil, mas é possível. Com luta e perseverança conseguiremos, pois a Palavra nos garante: Em Cristo somos mais que vencedores!



sexta-feira, 22 de junho de 2018

Viver e caminhar no Espírito



“Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito” (Gl 5,25). Este versículo bíblico foi tema do ENF 2015 – Encontro Nacional de Formação para coordenadores e ministérios da RCC Brasil). Mais que tema, que motivação, foi moção para todo o ano 2015. Indo além, mais que tema, mais que moção, é ordem de Deus para toda a vida. Enquanto caminhamos nesta terra, andemos de acordo com aquilo que o Espírito Santo coloca em nosso coração; caminhemos com ele, guiados por Ele, para que ao chegar a plenitude de nosso tempo sejamos levados por Ele, através de Jesus, ao Pai.
No texto bíblico onde o versículo acima está inserido, no verso 18, Paulo nos diz que quem vive sob a ação do Espírito Santo não está sob o jugo da lei. O que isso significa para nós hoje? Estamos largados, a revelia da lei? Podemos fazer o que quisermos? Não! Isso significa que quem vive e caminha com o Espírito Santo não transgride a lei, seja tanto a lei civil (dos homens) como a lei de Deus (os mandamentos). Isto se faz naturalmente, em decorrência da ação do Espírito Santo mesmo que desconheçamos as leis.
Todos batizados temos o Espírito Santo, até o pior bandido. Uma frase de um famoso escritor me chama a atenção; diz assim: “No pior homem do mundo existe algo de cada um de nós; em cada um de nós existe algo do pior homem do mundo”. O que seria esse algo? Podemos fazer alusão ao Espírito Santo. Então, ter o Espírito Santo e caminhar no Espírito são coisas diferentes. Viver no Espírito é experimentar, sentir a presença; é obra de Deus. Andar no Espírito é agir, deixar-se levar; é dever do homem. Viver no Espírito é estado de Graça. Andar no Espírito é obediência.
Somos batizados, somos filhos de Deus e como tal, sejamos obedientes nos abrindo a ação do Espírito Santo, nos deixando conduzir por Ele, conhecendo e amando esse Deus maravilhoso que nos ama intensamente. Deus digno de todo louvor, Deus apaixonado!  Deus apaixonado por cada um de nós, apaixonado por você. Não confundamos com paixão humana, um sentimento intenso, porém efêmero. A paixão de Deus é uma paixão de sacrifício, de sangue derramado. A paixão de Deus por nós é perene. No sacrifício salvifico de Jesus pela humanidade fica claro seu imenso amor, sua paixão desmedida. Podemos dizer sim, com toda certeza, Deus é um Deus apaixonado.
Abramo-nos a ação do Espírito Santo, sintamos no coração esse amor ardente e possamos ouvir sua voz suave a nos dizer: Sou apaixonado por você, sou seu Deus.  




sexta-feira, 15 de junho de 2018

Tempo de amar



Há tempo para tudo: tempo para plantar, tempo para colher; tempo para construir, tempo para demolir; tempo para juntar pedras, tempo para espalhá-las; tempo de viver, tempo de morrer. Só não há tempo para amar. Não se trata de falta de tempo, porém da inexistência de um tempo especifico para amar. O exercício do amor é (ou deve ser) constante, a qualquer tempo. O que é o tempo? Podemos dizer que tempo é o lapso entre o que se passou e o que há de vir. Num outro contexto tempo seria a ocasião propicia para um determinado evento. O tempo como tal existe, é natural, porém a contagem do tempo, ou seja, a medida decorrente entre o inicio e fim de um evento qualquer, é convenção humana. Se o tempo existe – de modo natural ou tecnicamente – e para tudo e tudo tem um tempo, por que não para o amor?
Sabemos que Deus é amor. Sabemos também que Deus é atemporal. Portanto, o amor é atemporal, como o Criador.  Tudo que procede de Deus é incondicional; incondicional é seu amor por nós; amor infinito, imensurável, indelével. Diz a Palavra que Deus amou tanto a humanidade, que deu seu filho como sacrifício de amor por nós. No antigo testamento, no livro do profeta Isaias, Deus declara seu amor ao nos revelar que somos preciosos a seus olhos, que troca reinos e nações por nós e que está sempre a nosso lado. Também Davi cantando as misericórdias do Senhor, louva a Deus por seu amor ao salmodiar: O Senhor é lento para a cólera, bom e misericordioso, porque tanto os céus distam da terra quanto sua misericórdia é grande para os tementes a Ele.
Em vista de tudo isso podemos afirmar com toda convicção que não há tempo para amar. Há tempo para tudo, ensejo para todo acontecimento, menos para amar, porque todo tempo é tempo de amar. Esse amor que o Pai Eterno derrama constantemente sobre nós e que não deve ser retido. Deus embora ame a todos indistintamente, ama cada um como se esse um fosse único; amor único e ao mesmo tempo universal. No mistério desse amor somos envolvidos e Deus nos pede que partilhemos com todos esse amor. Aos que estão próximo amemos afetuosamente, que sejam especiais e preciosos; assim são os amigos, parentes, a família. Aos mais distantes, aos desconhecidos, também amemos, mesmo de forma difusa, desejando-lhes o bem, usando de misericórdia, orando por eles, mesmo que estejam do outro lado do mundo. Não, não existe lugar nem hora para o amor. Amor cuja fonte é o coração bondoso do Pai e que flui através do nosso coração.                  

sábado, 9 de junho de 2018

Povo Santo ou Povo Santeiro



Breve resumo a respeito daqueles que pensam que são católicos, se dizem católicos, mas nada conhecem da doutrina da igreja a qual dizem pertencer.
Muitos desses não põem os pés na soleira de uma igreja há anos. Outros vão eventualmente (casamentos, missas de sétimo dia, batizados) e alguns até frequentam regularmente a igreja. Alguns são super, hiper, mega supersticiosos. Seus filhos são batizados, não por pertença a uma fé ou ao senhorio de Jesus, mas por mera superstição: a criança batizada fica mais calma e livre de doenças, dizem. Casam-se na igreja por formalidade, para satisfazer à sociedade e não visando um sacramento. Suas crianças participam da Eucaristia (primeira comunhão) porque – segundo eles – é chique; depois tchau, igreja nunca mais.
Há aqueles que ao invés de se espelhar no testemunho de vida dos santos, conferem-lhes atributos que eles não têm; os consideram milagreiros e protetores. São os “católicos santeiros”. Há também os devotos “exclusivamente marianos”, que colocam Maria a frente de seu Divino Filho, esquecendo-se que a legitima devoção Mariana sempre nos conduz ao centro de nossa fé, Jesus. A propósito, há pessoas que deixaram o catolicismo e passaram a frequentar igrejas evangélicas, sem contudo deixar de cultuar – agora ocultamente – seus “santinhos”.  Conheci uma mulher, viúva de um pastor, que mal o marido morrera, recuperou suas estampas de Maria do fundo da gaveta e publicamente passou a cultuá-la. Deixou a Igreja Protestante, sem  no entanto retornar a Igreja Católica.
Atentem que não refiro aqui aos Movimentos Marianos nem a veneração aos santos, que na verdade são exemplos da fé em Cristo e em comunhão com Deus na glória eterna, intercedem por nós. Faço referencia a devoções particulares e crendices populares; a uma religiosidade descompromissada e sem nenhum fundamento doutrinário. Gente que confunde Nossa Senhora com Iemanjá e São Jorge com Ogum
Culpa de quem? Um pouco deles, pois muitos não querem aprender e quando se dispõem a aprender, aprendem errado. Culpa nossa, pois estamos evangelizando poucos. Vamos a luta?


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Aridez


Neste fim de semana em viagem, transitando pela Via Dutra na região do Vale do Paraíba, chamou-me a atenção num determinado trecho a vista de uma colina com a vegetação ressequida e árvores totalmente sem folhagem, como tocos de pau  secos espetados  no solo árido. Eram como espectros, numa visão tétrica. De imediato sobreveio-me um pensamento: há pessoas assim; coração duro, ressequido como aquele morro. Gente desanimada – sem animo, sem vida (anima: alma / alma: vida) – como na parábola do semeador, terreno pedregoso e espinhento. Qualquer palavra de animo ou reconforto é repelida ou sufocada, pois o coração e a mente estão secos e turvados pelas agruras e dificuldades da vida.
Todos passamos por momentos de aridez e deserto, entretanto que não seja algo constante, duradouro ou interminável. Em momentos difíceis, principalmente durante enfermidades é comum a dificuldade de oração devido a nosso foco estar voltado para a vicissitude vivida. Nessa circunstância o combate da oração é mais intenso, pois temos que lutar conosco mesmo para desviar nossa atenção para a busca da solução e não para o centro da crise. Porém com esforço e uma fé atuante, conseguimos pouco a pouco sair do deserto. Como diz o profeta Isaias: o deserto se converterá em vergel e o vergel em floresta. Para isto havemos de ser confiantes; nossa esperança residir na presença ativa de Deus em nós. Essa presença ativa é o Espírito Santo que nos faz viver e caminhar sob a égide de Jesus Cristo. Assim a terra árida, tétrica como a paisagem que suscitou essa reflexão, transforma-se numa área verdejante que além, forma uma bela e pujante floresta!

A vida no Espírito é nossa vocação; vocação de toda a humanidade. Buscá-la é fortalecer-se frente as dificuldades, é equilibrar-se nos momentos de indecisão,   enfrentar sem temor os conflitos e acima de tudo ver os caminhos mais tenebrosos inundarem-se de luz. É verdadeiramente encontrar de uma maneira que nos interpela, o sentido pleno da vida. É encontrar a paz; não a paz estática que leva à acomodação, mas a paz dinâmica, a paz inquieta que faz brotar nos corações o impulso para servir ao Senhor e aos irmãos. Que o Espírito Santo venha fertilizar o solo árido, venha fecundar os corações dos homens, para que ao se deparar com a vista de uma colina infértil, não nos lembremos de nossa falta de fé.