sábado, 10 de março de 2018

Circulo Vicioso



‘Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
  – "Quem me dera que eu fosse aquela loura estrela
Que arde no eterno azul, como eterna vela!”
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
  – “Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!”
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
  – “Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!”
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
  – “Pesa-me esta brilhante aureola de lume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?”(Machado de Assis-Circulo Vicioso).

Este belo soneto de machado de Assis reflete a situação de muitos. Há pouco escrevemos aqui sobre pessoas insatisfeitas que queriam ser outras, na verdade invejavam pessoas que julgavam superiores a si. Aqui vemos pessoas enfadadas com sua situação, posição social, enfim, consigo mesmas. Um misto de sentidos de inferioridade com superioridade, num paradoxo de sentimentos. Os pequenos invejam e desejam ser grandes; os grandes, cansados, prefeririam ser pequenos. Assim a vida segue.
Não importa quem sou, como sou, eu sou filho amado de Deus Pai todo Poderoso. Fomos concebidos no ventre materno, nem sempre de modo afetuoso, amoroso; alguns de nós até indesejados. Porém o verdadeiramente importante é que independentemente da maneira como fomos gerados, cada um de nós foi plasmado, engendrado no amor transbordante do Pai Eterno, nosso Deus. Portanto somos quem somos, nada mais, somos únicos.  Se sou um simples “vagalume”, por que desejar ser como uma “vela, a lua, ou o sol?” Sendo o “sol”, Por que covardemente abdicar de minhas responsabilidades para ser como um “vagalume?”
Enfim, o que queremos dizer aqui é que cada um tem seu valor, independente de ser grande ou pequeno, pobre ou rico. Nosso Criador não nos distingue conforme nossos próprios conceitos, Ele nos enxerga com olhar amoroso de pai, não privilegia este ou aquele, não tem preferências; perante Deus somos todos iguais. Deus não discrimina, não despreza. Deus jamais nos abandona, nós sim o abandonamos com nossa idiossincrasia.   


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