‘Bailando no ar, gemia inquieto
vaga-lume:
– "Quem me dera que eu fosse aquela loura estrela
Que arde no eterno azul, como eterna
vela!”
Mas a estrela, fitando a lua, com
ciúme:
– “Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada
e bela!”
Mas a lua, fitando o sol, com
azedume:
– “Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz
resume!”
Mas o sol, inclinando a rútila
capela:
– “Pesa-me esta brilhante aureola de lume...
Enfara-me esta azul e desmedida
umbela...
Porque não nasci eu um simples
vaga-lume?”(Machado de Assis-Circulo Vicioso).
Este belo
soneto de machado de Assis reflete a situação de muitos. Há pouco escrevemos
aqui sobre pessoas insatisfeitas que queriam ser outras, na verdade invejavam
pessoas que julgavam superiores a si. Aqui vemos pessoas enfadadas com sua
situação, posição social, enfim, consigo mesmas. Um misto de sentidos de
inferioridade com superioridade, num paradoxo de sentimentos. Os pequenos
invejam e desejam ser grandes; os grandes, cansados, prefeririam ser pequenos.
Assim a vida segue.
Não importa
quem sou, como sou, eu sou filho amado de Deus Pai todo Poderoso. Fomos
concebidos no ventre materno, nem sempre de modo afetuoso, amoroso; alguns de
nós até indesejados. Porém o verdadeiramente importante é que independentemente
da maneira como fomos gerados, cada um de nós foi plasmado, engendrado no amor
transbordante do Pai Eterno, nosso Deus. Portanto somos quem somos, nada mais,
somos únicos. Se sou um simples
“vagalume”, por que desejar ser como uma “vela, a lua, ou o sol?” Sendo o
“sol”, Por que covardemente abdicar de minhas responsabilidades para ser como
um “vagalume?”
Enfim, o que
queremos dizer aqui é que cada um tem seu valor, independente de ser grande ou
pequeno, pobre ou rico. Nosso Criador não nos distingue conforme nossos
próprios conceitos, Ele nos enxerga com olhar amoroso de pai, não privilegia este
ou aquele, não tem preferências; perante Deus somos todos iguais. Deus não
discrimina, não despreza. Deus jamais nos abandona, nós sim o abandonamos com
nossa idiossincrasia.
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