Sempre haverá dor no mundo. Contudo não devemos nos desesperar. Os maus
a levarão consigo e a espalharão aonde forem; os tolos egoístas não a
perceberão em outros, somente em si próprios. Outras pessoas tentarão aliviar a
dor, consolando os que sofrem, confortando, remediando. Estas são as pessoas
boas, misericordiosas, compassivas, que amam; espero que você que agora lê este
texto esteja entre esses últimos, mesmo que ocasionalmente também você tenha
sido atingido pela dor e viva um momento atribulado.
Sabemos que Deus é bom e não se compraz com o sofrimento. Então
porque sofremos?
Várias podem ser as causas: desleixo, conseqüências do pecado (pessoal
ou herdada), fatalidade, imprudência, etc. Várias são as ocorrências em que pais
ao perderem filhos em acidentes fatais, blasfemam culpando a Deus pela
tragédia. Não se atêm ao fato que Deus não dirigia um automóvel
enlouquecidamente; não se embriagou numa festa e assumiu um volante; não
induziu ninguém a atravessar uma via de grande circulação de veículos fora da
faixa ou da passarela de pedestres e tantas e tantas atitudes afoitas e
irresponsáveis de grande numero de jovens hoje em dia.
E quando alguém atravessa a rua corretamente na faixa e é atropelado por
um carro que em alta velocidade avançou o sinal? Quando o motorista dirige de
modo correto e é abalroado por outro que dirigia drogado ou embriagado? Quando
alguém é atingido por uma bala perdida? Quando uma criança contrai dengue e não
resiste? Neste caso pode não haver responsabilidade das vitimas, mas alguém
errou, alguém foi responsável pelos acidentes (ou incidentes). Um motorista
insano guiava um carro velozmente e avançou um sinal; outro guiava embriagado;
criminosos trocavam tiros nas ruas; profissionais de saúde negligentes e
autoridades omissas não conseguem controlar uma doença facilmente
diagnosticável e de tratamento simples.
Porque então responsabilizar Deus pelos erros e desatinos dos
seres humanos? Porque Ele tudo sabe, tudo vê, tudo pode? De fato, Deus é onisciente,
onipresente, onipotente, mas não é prepotente. Logo, Ele nos fez livres e não
interfere em nossa liberdade, mesmo que abusemos dessa liberdade, mesmo que
transformemos essa liberdade em libertinagem e libertinagem em maldade.
Deus não poderia vencer o mal? Certamente; em seu infinito amor Deus tem
poder para tudo. É por isso que diante da maldade e suas conseqüências devemos
sempre nos lembrar d’Ele. Sabemos que Deus é amor e sendo assim, valoriza quem
é amado, portando Ele não faz a nossa parte; deixa-nos à vontade. Na verdade
Deus é força para que unidos em seu amor, façamos tudo que é possível para
superar o mal. Quando as pessoas se unem vencendo barreiras, preconceitos,
divisões, muito das conseqüências do mal são anuladas. Pode acontecer que nos
atemorizemos frente ao que nos cerca. Entretanto jamais podemos esquecer que na
morte e ressurreição de Cristo Jesus o mal foi vencido. Cabe a cada um de nós
acolher esta dádiva. Não podemos fugir da responsabilidade, pois quem ama é
responsável.
Façamos então como o Apóstolo Paulo: “Quem nos afastará do amor de
Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a
espada? Pois estou persuadido que nem a morte, nem os abismos, nada poderá nos
apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor”.(Rm
8,35.38s).
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