Os vínculos devem existir dentro do ministério de música
Fazer parte de um ministério de
música é estar junto com os outros, é encontrar nele o ombro parceiro na
caminhada, é dividir para multiplicar, mas é também experimentar a tensão das
muitas diferenças. Fazer parte de um grupo, equipe ou ministério de música é um
exercício de comunidade.
Aristóteles fala de diferentes tipos
de amizade. A primeira é a amizade por afinidade. Gostamos das mesmas coisas e
sentimos prazer em fazer coisas em comum. É a alegria do ministério de música
que vibra ao tocar na Missa, no grupo de oração ou pastoral. O ministério
também experimenta a felicidade do convívio daquela pizza ou cinema. O convívio
é muito prazeroso.
Às vezes, os vínculos formados são
afetivamente tão fortes, que duram muito mais do que o serviço ministerial que
deu origem à aproximação. Existe, porém, outro tipo de amizade segundo
Aristóteles: amizade por objetivo. Somos diferentes, mas temos objetivos comuns
e sabemos que os realizamos bem quando unimos nossas forças e talentos. Nesse
tipo de amizade, quando cessa o objetivo, cessa o convívio.
Existe, no entanto, um tipo mais
perfeito de amizade, uma que é desinteressada, não instrumentalizada, uma
amizade que deseja o bem do outro, não por reconhecer afinidades comuns nem por
necessitar dele em alguma atividade, mas queremos seu bem só por virtude mesmo,
pela sua felicidade. Desapegadamente.
Fazer parte de um ministério de
música é entender, como os apóstolos entenderam, que somos todos muito
diferentes e a diferença não nos separa; ao contrário, ela nos aproxima, como
peças de um quebra-cabeça – incompletas e imperfeitas enquanto sozinhas –, que,
no encontro com outras peças, imperfeitas e incompletas, encontra sua razão de
ser no todo: perfeito e revelado.
Augusto Cezar
Músico da banda DOM, compositor, escritor de 3 livros, professor e palestrante.
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