O
pecado venial deliberado e que fica sem arrependimento dispõe-nos
pouco a pouco a cometer o pecado mortal.
A
santa Mãe Igreja ensina que “aos olhos da fé, nenhum mal é mais
grave que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios
pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro”. (CIC, § 1488)
Sabemos
que há pecados graves, que chamamos de “mortais”, porque matam a
vida da graça em nossa alma, expulsam Deus do nosso coração,
perde-se o “estado de graça”. É uma infração grave da lei de
Deus; desvia o homem de Deus, que é seu fim último e sua
bem-aventurança, preferindo um bem inferior. Fere principalmente os
10 Mandamentos, que são a base da Moral católica, conforme a
resposta de Jesus ao jovem rico: “Não mates, não cometas
adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não fraudes
ninguém, honra teu pai e tua mãe” (Mc 10,19).
Para
que um pecado, seja mortal são necessárias três condições ao
mesmo tempo: “E pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma
matéria grave, e que é cometido com plena consciência e
deliberadamente”(CIC, §1857). O pecado mortal requer pleno
conhecimento e pleno consentimento. Pressupõe o conhecimento do
caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus. Mas a
gravidade dos pecados é maior ou menor: um assassinato é mais grave
que um roubo. A qualidade das pessoas lesadas é levada também em
consideração. A violência contra os contra os pais é em mais
grave que contra um estranho.
O
Catecismo diz que “se o estado de graça não for recuperado
mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do
Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade
tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso”. (n.1861)
Há
pecados menos graves, que não causam a perda do estado de graça,
mas que são também muito prejudiciais à vida espiritual da pessoa.
São os pecados veniais. “Não priva da graça santificante, da
amizade com Deus, da caridade nem, por conseguinte, da
bem-aventurança eterna” (Reconciliatio et Poenitentia,17). “Não
priva da amizade com Deus, da caridade nem, por conseguinte, da
bem-aventurança eterna” (CIC,§ 1863). Não chega a quebrar a
aliança com Deus.
Comete-se
um pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a lei
moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave,
mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento. Quando
acontece uma falta, mas que não é contrário ao amor a Deus e ao
próximo, tais pecados são veniais.
Mas
a Igreja alerta-nos que o pecado venial enfraquece a caridade; mostra
uma afeição desordenada pelos bens criados; impede o progresso da
alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral.
O
pecado venial deliberado e que fica sem arrependimento dispõe-nos
pouco a pouco a cometer o pecado mortal.
Santo
Agostinho disse que: “O homem não pode, enquanto está na carne,
evitar todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas esses
pecados que chamamos leves, não os consideras insignificantes: se os
consideras insignificantes ao pesá-los, treme ao contá-los. Um
grande número de objetos leves faz uma grande massa; um grande
número de gotas enche um rio; um grande número de grãos faz um
montão. Qual é então nossa esperança? Antes de tudo, a
confissão…” (Ep. João 1,6).
Podemos
comparar o pecado venial àqueles matinhos que se juntam ao pé das
plantas; não as matam mas as impedem de se desenvolverem plenamente
porque sugam a seiva da terra que deveria ser só da planta. É por
isso que o bom agricultor tira frequentemente essas ervas daninhas,
essas tiriricas, que crescem rapidamente e que têm raízes
profundas. É fundamental que elas sejam retiradas com as raízes e
não apenas cortadas, pois, é incrível a rapidez com que crescem.
Diz um provérbio chinês que não é a erva daninha que mata a
planta, mas a preguiça do lavrador.
Nossos
pecados veniais são assim, como as tiriricas, pequenos, mas
resistentes, e abundantes. São as palavras inconvenientes; as
pequenas invejas, ciúmes, críticas, julgamentos leves, vaidades,
pequenas iras, preguiças de fazer bem feito os trabalhos e orações,
etc.. Os cometemos sem mesmo tomarmos conhecimento disso muitas
vezes. Esses pequenos vícios enraizados em nossa alma, sugam sua
vitalidade espiritual, enfraquecem a prática da caridade, dificultam
a prática das virtudes humanas (prudência, temperança, justiça),
prejudicam a oração, o reto comportamento moral, e podem nos
conduzir a pecados mortais.
Por
isso, com a mesma frequência e cuidado com que o horticultor retira
do canteiro das verduras as pequenas pragas, o cristão precisa estar
atento para dia a dia limpar o canteiro de sua alma desses pecados.
Uma boa reflexão nos ajuda a descobrir quais são essas pragas que
estão impedindo o nosso crescimento espiritual. E a Confissão é o
bom remédio para eliminá-los.
Ao
entrar na igreja, ao fazer o sinal da cruz com a água benta, peça a
Deus o perdão desses pecados, a fim de participar dignamente do
santo mistério da missa. O ato penitencial é outra maneira de se
arrepender deles para poder participar fervorosamente da sagrada
Eucaristia.
Prof.
Felipe Aquino
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