Jesus, o filho Unigênito do Pai, é o Cristo, o Ungido! Veio a nós, diz o
Evangelho de São João, porque “Deus amou o mundo de tal maneira que lhe deu seu
Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a
vida eterna, pois Deus não enviou seu filho ao mundo para condená-lo, mas para
que o mundo seja salvo por ele”. Ele se encarnou, no seio da virgem Maria, por
obra do Espírito Santo; sua vida pública iniciou-se quando o Espírito se
manifestou “em forma de pomba” sobre a sua cabeça. Conduzido pelo Espírito
Santo, Jesus foi ao deserto, e cheio da força do Espírito Santo Jesus foi a
Nazaré e levantou-se para ler as seguintes palavras:
“O Espírito do Senhor
está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos
pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a
redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos,
para publicar o ano da graça do Senhor”.
Por meio de sua imolação na cruz,
Jesus resgatou para Deus, ao preço de seu sangue, homens de toda tribo, língua,
povo e raça, e deles fez para nosso Deus um reino de sacerdotes, que reinarão
sobre a terra (Cf. Apo 3, 9-10). Esta graça, por sua vez, é-nos comunicada por
meio do Sacramento do Batismo (Baptizein, no grego, significando imersão,
submersão) “ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos
batizados na sua morte?”, pergunta o Apóstolo Paulo aos Romanos. O Apóstolo
prossegue: “Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que,
como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos
uma vida nova. Se fomos feitos um mesmo ser com ele por uma morte comum
ressurreição” (Cf. Rm 6, 4-5).
O Sacramento do Batismo é a fonte da graça
santificante, a “in-habitação” do Espírito Santo, tornando-nos Seu Templo! É o
Espírito do Filho Unigênito que nos faz clamar “Abbá, Pai”.
Atentemos,
contudo, para o versículo quinto do capítulo sexto da carta aos Romanos: “Somos
feitos o mesmo ser com ele!” O Espírito de Filiação (posto que pertence ao filho
unigênito), é dado a nós, e o seu efeito é como que um “enxerto na Videira
Verdadeira”. Somos “assimilados”, integrados ao próprio Cristo, formando um só
Corpo com Ele. Tudo o que Ele é e tudo o que Ele conquistou passa a ser nossa
Herança, graças ao Seu Espírito que nos anima!
O Apóstolo João diz, no
Capítulo quinto, versículo sexto do Apocalipse: “Eu vi no meio do trono, dos
quatro Animais e no meio dos Anciãos um Cordeiro de Pé, como que imolado. Tinha
ele sete chifres e sete olhos que são os sete Espíritos de Deus, enviados por
toda a Terra”. Este Espírito, que habita no Cordeiro, possui sete graças, sete
dons que nos configuram a Jesus Cristo (principal missão do
Espírito).
“Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de
suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor”, diz o Profeta Isaías, e
prossegue narrando os “Sete Espíritos de Deus”: “... Espírito de Sabedoria e de
Entendimento, Espírito de Prudência e de Coragem, Espírito de Ciência e de Temor
ao Senhor. (Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor)”. À lista desta versão
da bíblia com os seis dons, a versão da Vulgata e a tradução grega dos 70
(Septuaginta) acrescem a piedade, eliminando a dupla menção do temor de Deus e
obtendo assim o número de sete.
Quando recebemos o Sacramento do Batismo,
portanto, somos agraciados pelos dons desta “in-habitação”, chamados, por isso,
de Dons de Santificação. Recebemos o Espírito de Cristo que atua em nós num
processo de configuração com a Pessoa do Filho Unigênito, através da ação dos
Seus sete dons.
Entre os dons do Espírito Santo, o dom da
Ciência ocupa o primeiro lugar, pela sua importância na vida
espiritual. O dom da Ciência faz com que se substitua a mentalidade mundana,
isto é, meramente humana, pela maneira de ver de Deus. A alma passa então a
julgar todas as coisas à luz da fé, e compreende com toda a nitidez o fim
sobrenatural do homem e a necessidade de subordinar-lhe todas as realidades
terrenas.
O dom do Conselho tem por
finalidade aperfeiçoar a virtude da prudência, fazendo com que a alma possa
discernir de imediato o que deve fazer ou deixar de fazer, tanto no que diz
respeito à sua própria conduta como à do próximo. Trata-se como que de um
conjunto de raciocínios iluminados pela graça de Deus que nos mostra de maneira
nítida e precisa o que convém fazer ou evitar fazer em determinadas
circunstâncias. Esse “golpe de vista” tão preciso, é resultado do estudo e da
reflexão, mas é também como que um “instinto sobrenatural” que provém do dom do
Conselho.
O dom do Entendimento é uma
disposição sobrenatural da alma que lhe permite captar e compreender de maneira
extremamente clara e como que por intuição determinados mistérios de nossa fé ou
até mesmo passagens das Sagradas Escrituras. Sob o influxo desse dom a alma
penetra de maneira extremamente clara nos mistérios revelados, capta o alcance
das verdades mais profundas da fé, deixa-se conduzir por caminhos de uma oração
sempre mais vivenciada.
O dom da Sabedoria pode ser
definido como uma disposição sobrenatural da inteligência que leva a dar valor
àquilo que diz respeito às coisas de Deus e à glória de seu nome. “A sabedoria
vale mais que as pérolas e jóia alguma a pode igualar " (Prov 8, 11). O dom da
sabedoria não se aprende nos livros, mas é comunicado à alma pelo próprio Deus,
que ilumina e enche de amor a mente, o coração, a inteligência e a vontade.
O dom da Piedade consiste numa
disposição sobrenatural da alma que a inclina, sob a ação do Espírito Santo, a
comportar-se nas suas relações com Deus como uma criança muito carinhosa se
comporta com seu pai, por quem se sabe imensamente amada e querida.
O dom da Fortaleza é a
capacidade que o Espírito Santo nos dá de viver e suportar as provações e de
uni-las às provações de Cristo. A alma totalmente entregue ao Espírito Santo
encontra, no dom da Fortaleza, uma disposição sobrenatural que a torna capaz de
empreender as ações mais difíceis e de suportar as provas mais duras por amor a
Deus e pela glória de seu nome.
O dom do Temor de Deus é uma
disposição sobrenatural da alma que a faz experimentar um imenso respeito por
Deus e uma complacência sem limites na sua bondade de Pai. Não se trata de temor
servil, nem de temor de desagradar, mas de temor reverencial: Deus é tão grande,
tão todo-poderoso, que queremos servi-lo e amá-lo de todo coração porque Ele é
nosso Tudo.
"Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em
mim” (Gal 2,20)
Fonte: Marcos Volcan - Informativo ICCRS