Na Renovação Carismática, encontram-se várias
manifestações do poder do Espírito Santo, que de início espantaram grandemente,
mas que são agora mais facilmente admitidas como autênticas; é assim com o dom
das línguas, das curas, a Efusão do Espírito, a imposição das mãos. Mas há um
fenômeno sobrenatural menos conhecido, que se torna cada vez mais frequente na
Renovação Carismática: é o repouso no Espírito. Depois de um estudo atento
sobressai, sem equívoco possível, que esta experiência encontra o seu
fundamento na teologia. Com efeito, o
repouso no Espírito reveste-se das características do arrebatamento (que é uma
espécie de êxtase) salvo na sua causa imediata, que é o pedido feito a Deus, numa
oração apropriada. Como é um arrebatamento,
o repouso no Espírito é da mesma família da ordem extática, mas não arrasta
consigo a santificação da pessoa nalguns instantes. Esta experiência mística é
destinada a favorecer uma vida cristã mais fervorosa ou uma conversão do
coração.
O repouso no Espírito resulta, mais frequentemente,
da imposição das mãos, ou pelo menos de um toque da mão na cabeça, embora esse
gesto não seja sempre necessário. A pessoa começa a vacilar, para finalmente
cair devagarinho para trás. Esta queda é causada por uma graça tão poderosa do
Espírito Santo que o corpo já não pode suportá-la e, então, as suas forças
abandonam-no. Contudo, é preciso esclarecer que a queda não é obrigatória e não
condiciona, necessariamente, a recepção da graça. Por outro lado, aqueles que
não "caem" são afetados por uma vertigem não desagradável, tremuras
ou pernas debilitadas, mas estas manifestações físicas são impregnadas de
doçura e de paz. A sensação interior de repouso no Espírito parece existir
também nas pessoas que não caem. O
repouso no Espírito resulta, portanto, de uma nova efusão do Espírito Santo,
mas de um gênero diferente da que o Batismo no Espírito provoca. Com efeito, a
experiência espiritual do repouso no Espírito parece realizar-se, sobretudo, ao
nível da inteligência. Pelo contrário, o Batismo no Espírito verifica-se, em
especial, ao nível da afetividade. O
repouso no Espírito desenvolve consideravelmente a acuidade intelectual, no
sentido em que a atenção é mais levada para a experiência atual da intimidade
divina. A consciência é amplificada, mas é desviada das realidades exteriores e
é mais centrada na realidade sobrenatural. Por outro lado, os limites pessoais
podem, também, tornarem-se mais manifestos. Há, portanto, um engrandecimento da
lucidez interior sobre Deus e sobre si próprio.
O repouso no Espírito é um arrebatamento que interrompe o conhecimento
que se pode adquirir por si próprio. O Espírito Santo não faz, portanto, um
vazio na inteligência, mas suspende temporariamente a sua atividade, fixando-a
em Deus. É isto que se chama, em teologia mística, a "ligação das
faculdades".
O repouso no Espírito resulta, portanto, de uma
nova efusão do Espírito Santo, mas de um gênero diferente da que o Batismo no
Espírito provoca. Com efeito, a experiência espiritual do repouso no Espírito
parece realizar-se, sobretudo, ao nível da inteligência. Pelo contrário, o
Batismo no Espírito verifica-se, em especial, ao nível da afetividade. O repouso no Espírito desenvolve
consideravelmente a acuidade intelectual, no sentido em que a atenção é mais
levada para a experiência atual da intimidade divina. A consciência é
amplificada, mas é desviada das realidades exteriores e é mais centrada na
realidade sobrenatural. Por outro lado, os limites pessoais podem, também,
tornarem-se mais manifestos. Há, portanto, um engrandecimento da lucidez
interior sobre Deus e sobre si próprio. O repouso no Espírito é um
arrebatamento que interrompe o conhecimento que se pode adquirir por si
próprio. O Espírito Santo não faz, portanto, um vazio na inteligência, mas
suspende temporariamente a sua atividade, fixando-a em Deus. É isto que se
chama, em teologia mística, a "ligação das faculdades". Tudo o que a
alma conhece pelas suas próprias forças não é nada, em comparação com os
conhecimentos abundantes e rápidos que lhe são comunicados durante os
arrebatamentos. O repouso no Espírito é frequentemente acompanhado de luzes
especiais e novas, que se dirigem para Deus, para o Cristo, para a sua
misericórdia, para o valor da vida cristã, para os pecados, para os defeitos,
os insucessos, etc. Estas luzes não acontecem sempre explicitamente durante o
repouso no Espírito, mas a sua compreensão desenvolve-se ao longo das horas ou
dos dias que se seguem à experiência. O
repouso no Espírito traduz-se, habitualmente, por uma incapacidade corporal. A
pessoa começa por vacilar, para finalmente cair suavemente para trás; a energia
física desvanece-se. A pessoa está como que ofuscada pela intensidade da
presença interior do Espírito Santo. Há, então, incapacidade de adaptar o
psiquismo e os sentidos a uma experiência espiritual tão intensa.
Em termos técnicos, pode dizer-se que, no decurso
do repouso no Espírito, só o "Pneuma" se liberta para se
"aquecer" no seio do Pai, enquanto que a "psique" está como
que ligada desde que se deu a "invasão" do corpo pelo Espírito Santo.
Enquanto a pessoa "repousa" no chão, parece estar num meio-sono,
banhada numa grande paz. Terá, por vezes, a impressão de estar como num outro
mundo, ou ainda, como do lado de fora do seu corpo. Saboreia uma grande alegria
interior, um amor de Deus muito intenso, a que se junta por vezes uma cura
física ou interior, ou opera-se uma conversão profunda. O repouso no Espírito
dá, frequentemente, forças novas ao corpo e ao espírito, tal como o sono natural
regenera as forças corporais. O repouso no Espírito é uma inibição reparadora.
Quanto à duração, vai de alguns segundos até algumas horas. Quanto mais tempo
dura, mais a influência divina é susceptível de ser profunda. A maior parte das
pessoas deseja não ser incomodada, a fim de saborear esta presença invulgar de
Deus. Se o repouso no Espírito não se
produz, a pessoa poderá, até mesmo, ser santa e habituada à influência do
Espírito. De qualquer maneira, é preciso evitar fazer um julgamento geral sobre
as pessoas que recebem o repouso no Espírito e as que não recebem. Mas, em
poucas palavras, pode dizer-se que apenas não se recebe o repouso no Espírito
porque se resiste, recusando-o, ou então porque se está habituado à ação do
Espírito em si próprio.
Por outro lado, o repouso no Espírito sobrevém, a
maior parte das vezes, na oração. Pode tratar-se de um grupo de pessoas, mais
ou menos considerável, reunido para uma oração comum, seja litúrgica, seja
carismática; uma ocasião muito favorável é a celebração eucarística,
especialmente depois da santa comunhão. Quanto mais a atmosfera está impregnada
de oração, mais o repouso no Espírito se manifesta, por vezes mesmo sem as que
as pessoas sejam tocadas por outras. A oração de louvor é uma causa particularmente
eficaz do repouso no Espírito. Este repouso também se produz, muitas vezes, a
seguir a um ministério de pregação, confinante a orações de cura. Convém
assegurar um clima tranquilo na assembléia e evitar a exaltação da assistência
e toda a procura de espetáculo.
(de um texto do Pe. O. Melançon, CSC – portal RCC/Br)
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