domingo, 11 de abril de 2010

O Perigo das Seitas

Recentemente o noticiário nos deu conhecimento do assassinato do cartunista Glauco e seu filho Raoni. O assassino é conhecido da família; o jovem, viciado em drogas e aparentemente psicopata, segundo os familiares e amigos do morto, fazia “tratamento” para livrar-se das drogas na igreja (?) Céu de Maria, ligada ao Santo Daime.
Como pretender que alguém se livre das drogas numa suposta religião em que o rito principal é a ingestão de um chá alucinógeno, o ayahuasca? Absurdo dos absurdos. Também absurdo e estranho fora a decisão do CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) de retirar o ayahuasca da lista de drogas alucinógenas, conforme publicado no Diário Oficial da União em 10/11/2004. Ainda no terreno do absurdo e imoral, em 2008 o então Ministro da Cultura Sr. Gilberto Gil solicitou ao IPHAN que considerasse o uso do chá ayahuasca patrimônio imaterial da cultura brasileira.
Imaginemos a seguinte situação: uma seita qualquer recém fundada, após suposta revelação divina, resolve utilizar a maconha em seus rituais, queimando-a nos turíbulos como incenso. Haveria doutos ministros de estado apregoando o uso da maconha, ao menos nos rituais religiosos? Sugeririam o uso de drogas como patrimônio nacional? Triste país seria (ou será?) esse.
Grande é o perigo das seitas. No entanto nosso povo – aqui não refiro ao povo como um todo, sim ao povo cristão, de modo particular o povo católico – não se dá conta disso. Muitos se deixam enganar, se iludem com promessas de facilidades, com promessas de prosperidade, com pacotes de prodígios, kits de milagres. Há seitas de todo tipo, para todos os gostos: pseudocristãs, esotéricas, agnósticas, etc. O povo ingênuo e aspirando por coisas espirituais, carente, necessitado de todo tipo de bens (materiais e afetivos) é presa fácil para estes rapinantes. Não digo que existam religiões boas ou más, verdadeiras ou não. Digo, afirmo com toda convicção, só existe um grande grupo religioso (religio = religar; religar com o criador, voltar às origens). Não importa como seja denominada: islâmica, judaica ou cristã. Estas têm origem comum e cultuam o mesmo e único Deus, originam-se do mesmo patriarca: Abraão. No entanto, a religião autêntica é a religião do amor. Sem desmerecer os judeus, nossos pais na fé, essa religião é o cristianismo (Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho único para morrer por ele.-cf. Jo 3,16ss). Se a religião que prega o amor, a tolerância entre todos os povos e nações aqui está, se notadamente uma Igreja milenar, presente deste os primórdios do cristianismo, assoma entre outras (as da reforma e do cisma) porque razão tantos católicos e também outros cristãos se deixam seduzir e são fisgados pelos arpões afiados das seitas? Porque, repetindo, carecem de todo tipo de necessidades. Carecem de bens materiais (alguns na verdade são gananciosos) e são cooptados pelos pregadores da teologia da prosperidade. Carecem de saúde e são enganados pelos curandeiros de plantão e pregadores de falsos milagres. Carecem de vínculos afetivos e são maliciosamente acolhidos por falsos irmãos. Carecem de espiritualidade e são iludidos por falsos profetas. E quase todos, a grande maioria, carece de fé. Fé verdadeira, fé vivida, fé experimentada. Carecem desta forma do conhecimento da verdadeira doutrina cristã. Não sabem, ou não querem saber, que Jesus Cristo nunca ofereceu riquezas materiais, nunca ofereceu benesses aqui na terra, nunca prometeu vida farta. Não sabem, talvez não queiram saber, que a riqueza a que Jesus se referia era a eterna glória junto ao Pai, que a vida plena e abundante era vida abundante de graças e bens espirituais, e que toda cura, toda libertação visava algo maior e mais abrangente: a salvação da alma. Tudo isto foi refletido, para como diz o apóstolo S. Paulo na carta ao povo de Éfeso: “Não continuemos como crianças ao sabor das ondas, agitadas por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Mas, pela prática sincera da caridade cresçamos em todos os sentidos naquele que é a cabeça, o Cristo”. (Ef 4,14-15).

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