O texto a
seguir é a sinopse de uma pregação baseada na pericope Os 9,7-9 (livro do
profeta Oséias).
Israel é o
povo escolhido. Eleito por Deus para ser seu povo. A eleição de um povo por
Deus não é privilégio; é responsabilidade, exigência, compromisso, e por
conseguinte, passível de cobranças.
Deus
escolheu seu povo, povo amado, mas esse povo virou-lhe as costas ,
desobedecendo, sendo infiel adorando outros (falsos) deuses. Como muitas vezes
nós fazemos. Nossa infidelidade consiste em ouvir e seguir maus conselhos;
prestar ouvidos aos clamores sedutores do mundo que nos rodeia. Ambiente
corrompido pela concupiscência humana exacerbada pelas forças do mal.
Na verdade o
anunciado no texto de Oséias não é uma ameaça de castigo, uma punição, e sim a
denuncia de situações de pecado – pecado não só pessoal, mas também pecado
social – com as inevitáveis consequências.
As palavras, duras que sejam, são palavras de amor, pois quem ama educa,
adverte, corrige.
Santo
Agostinho cita: “Não imponha a verdade sem caridade; mas, por outro lado, não
sacrifique a verdade em nome da caridade”. Ou seja, o profeta deve anunciar,
mas tem o dever de denunciar. Anunciar a boa nova, mas também apontar o pecado
do povo de Deus. Apesar de não sermos profetas de desventuras e sim
anunciadores da esperança, não podemos fazer vistas grossas ao mal que nos
cerca. Citando outro santo, São João Eudes que viveu no século XVII: “Quando pregares usa as armas poderosas da Palavra de Deus
para combater, destruir e esmagar o pecado; mas quando encontrares com o
pecador, fala-lhe com bondade, benignidade, paciência e caridade”.
Contudo, conhecemos pregadores que
gostam de adular seus ouvintes e evitam exortá-los. Pregam aquilo que o povo
gosta de ouvir e não aquilo que precisam ouvir. Quando o Senhor os inspira oferecendo um pote de mel
para adoçar a boca do seu povo esses pregadores abraçam com sofreguidão. Porém
quando lhes é oferecido um chicote, eles não aceitam; costumam dizer que não é
seu estilo de pregação.
Vivemos numa
sociedade que deseja cada vez mais uma vida sem limites, sem renuncias, sem
preceitos e claro, sem proibições. Por isso quando denunciamos somos
perseguidos. Por isso a Igreja de Cristo é vilmente caluniada, seus ministros
aviltados e achincalhados. Leviandade e falácias são levantadas contra aqueles
que denunciam e apontam o pecado, principalmente os pecados sociais. Sofrem
perseguições como os profetas do Antigo Testamento, que ainda tinham contra si
os falsos profetas de benesses.
Já dissemos,
não somos profetas de desventuras nem desgraças, mas anunciadores do evangelho
e da esperança; mesmo que para isso tenhamos que exortar severamente, como pais
a educar e corrigir os filhos: “Logo que
escutares um oráculo saindo de minha boca, tu lho transmitirás da minha parte.
Se digo ao malévolo que ele vai morrer,
e tu não lhe falas para pô-lo de sobreaviso devido a seu mal proceder,
de modo que ele possa viver, ele há de
perecer por causa de seu delito, mas é a ti que pedirei conta de seu
sangue. Contudo, se depois de advertido
por ti, não se corrigir da malicia e perversidade, ele perecerá por causa de
seu pecado, enquanto tu hás de salvar tua vida” (Ezequiel 3,18-19). Como
vimos, é questão de obediência e sobrevivência. Queremos viver a eternidade em
Cristo, por isso devemos ser obedientes mesmo correndo o risco da perseguição
dos falsos profetas e dos ateus.
Esta
profecia nos foi dada: “Eu sou a tua verdade. Tu que andas perdido. Tu que
vagueias em ziguezague pelos caminhos que o mundo te oferece , saiba, há um
único caminho: aquele que tracei e aponto. Vinde comigo. Eu sou a tua verdade”.
Sigamos Jesus, verdadeiro mestre e Senhor. Assim seja.
(Carlos
Nunes)
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