sábado, 30 de março de 2019

Reconstrói a minha casa



“É então o momento de habitardes em casas confortáveis, estando esta casa em ruínas?” (Ag 1,4). Este versículo extraído do livro do profeta Ageu vem falar do estado de penúria em que encontrava o templo do Senhor. Assim mesmo, isolado do contexto histórico, esta Palavra vem para nós hoje como “rhema”. Nós (os batizados) somos templos vivos do Espírito Santo e quantos não estamos em ruínas? Quantos procuramos habitação em casa confortáveis e arruinamos o templo do Espírito Santo? Quantos buscamos o “conforto” que o mundo nos oferece, somos atraídos e seduzidos pelo canto de sereia que continuamente entoa a nosso redor; quantos nos deixamos acomodar como que entorpecidos pelos ditames dos modismos que nos são impostos. Quantos nos aviltamos com veleidades, ignomínia, voluptuosidade, imoralidades. A quanto desleixo nos submetemos. Com isso nosso corpo, templo vivo do Espírito Santo, se corrompe, se degrada, se destrói.
Quantos irmãos em nossa comunidade de fé estão passando por momentos difíceis, sofrendo tribulações, vivendo tempos de aridez e arrefecimento da fé. Quantos estão nesta situação e nós nem notamos; não percebemos que um sorriso desapareceu, não percebemos um olhar de tristeza e o pior, nem percebemos as ausências. Quando tudo nos vai bem, egoisticamente (habitamos casas confortáveis) nem notamos o outro que às vezes está em ruínas.
Comumente não notamos o outro porque não notamos nem valorizamos nós próprios. Quanto supervalorizamos o externo, subvalorizamos ou mesmo desvalorizamos o interior. Por isso muitos “templos em ruínas”. Corpos enfermos, doentes por conta do descuido com a saúde. Emocional abalado por conta dos desvarios comportamentais. Distúrbios psíquicos por conta de traumas emocionais, problemas existenciais mal resolvidos, e, não podemos deixar de citar, todos esses males são invariavelmente consequências do pecado.
Quando temos por valores a irresponsabilidade social (primeiro eu e se sobrar alguma coisa, eles...), o hedonismo (prazer pelo prazer, o meu é claro...), o relativismo (tudo é relativo, portanto se é errado para um não é para outro, não existe pecado...), a indiferença religiosa (queiram ou não, as religiões são paradigmas éticos e morais), a cultura do tudo posso, tudo faço, tudo me é permitido, nos leva a decadência moral, tendo como conseqüência atitudes que sem que se perceba, levam a autodestruição.
Por isso o Senhor nos diz: Reconstruam minha casa! Abandonemos os desregramentos morais e comportamentais e volvamos nosso rosto ao rosto de Deus, pois Ele nunca se voltou contra nenhum de nós, mesmo que você não tenha tido percepção disso. Abandonemos os vícios, o mau proceder e reconstruamos o templo do Senhor, nosso eu. Ainda há tempo, sempre haverá tempo. É sempre bom lembrar: tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém. 

sexta-feira, 22 de março de 2019

Somos filhos amados de Deus



Quem somos, de onde viemos, para onde vamos? É comum ouvirmos estas perguntas. A questão existencial frequenta nosso dia a dia. Alguns mergulham fundo e  elucubram teorias mirabolantes, extravagantes, exotéricas, fantasiosas e que tais. Ninguém prova nada. Nem nós cristãos; aliás, não carece provarmos, temos fé e isso basta.   Somos criaturas plenas nascidas da vontade perfeita de Deus, portanto viemos Dele e a Ele voltaremos. Como Ele – sendo imagem e semelhança – também podemos dizer sermos uma trindade indivisível. Somos trinos (pneumopsicosomáticos); criaturas espirituais (pneumo), ao mesmo tempo alma inteligente (psico) e corpo físico (soma). Nossa matéria, morada temporária da alma irá se desfazer, mas como cremos, será recomposta, desta feita num corpo incorruptível para a glória ou – infelizmente para alguns – para a condenação eterna.
Somos de Deus, viemos de Deus e voltaremos a Deus. Deus Pai, Criador, Senhor de todas as coisas invisíveis e visíveis, tudo criou, tudo fez. Criou o universo para servir de suporte a nosso belíssimo planeta. Criou a Terra para nosso habitáculo. Criou mares, rios, florestas, vales profundos, planícies verdejantes, aves do céu, feras do campo, animais de todo tipo nos ares, nas águas, no chão da terra.  Por fim, para que tudo nos fosse sujeito, criou a nós. Deus Amor com amor, por amor e no amor criou-nos à sua imagem e semelhança. Nosso corpo, conseqüência natural da união física de nossos pais; nossa alma imortal, criada por Deus no momento da concepção carnal. Eis quem somos e de quem viemos.
Para onde vamos? Viemos do coração do Pai Divino e para lá voltaremos, é nossa vocação natural, como disse Santo Agostinho: “Tu nos fizeste para Ti e nosso coração não ficará satisfeito enquanto não repousar em Ti”.  Existimos e vivemos no tempo, mas nossa meta é a eternidade. O tempo passa e cada vez ficamos mais próximos do limiar, fora do tempo onde só existe o sempre e onde o tempo não passa: a eternidade.
Queremos Deus, assim como ele nos quer mais ainda; para tanto vivamos já aqui na Sua presença, fazendo de nós templos vivos, morada do Espírito Santo, sob o senhorio do Verbo Divino, Jesus, e quando o portal da eternidade se abrir, estaremos diante do Pai, vendo-o tal como Ele É, e julgados dignos aí permaneçamos para sempre. Como a lua reflete a luz do sol, nossa face resplandeça a luz intensa do Sol Nascente da Justiça, Jesus que pelo seu Santo Espírito nos leva ao Pai. Assim seja!






sexta-feira, 15 de março de 2019

As sete súplicas do Pai Nosso



O Pai Nosso, modelo de toda oração, consta de sete súplicas ou pedidos. Inicia-se com um principio eterno que dá titulo a oração: Pai Nosso que estais no céu. A partir daí vem os sete pedidos.
Santificado seja o vosso nome – o primeiro pedido nos faz reconhecer a Santidade do Pai. O pedido é na realidade que saibamos reconhecer essa santidade e só tem valor quando feito em nome de Jesus.
Venha a nós o vosso reino – o segundo pedido pelo qual rogamos a presença do reino de Deus já, aqui na terra. Que a Palavra Viva do Senhor se faça presente, enriquecendo-nos com os dons do Espírito Santo.
Seja feita vossa vontade assim na terra como no céu – no terceiro pedido suplicamos ao Pai que nossa vontade se una à vontade de Cristo, para que possamos alcançar o direito à Salvação, fazendo que a Sua vontade prevaleça, mesmo quando diferente daquilo que esperamos.    
O pão nosso de cada dia nos dai hoje – neste quarto pedido contamos com a providência divina.  Que nos seja concedido o alimento que nos sustenta, necessário a nossa subsistência, mesmo diante de dificuldades materiais que eventualmente possam advir.
Perdoai nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido – neste quinto pedido, seguido de uma condição, nos reconciliamos com o Pai desde que façamos a nossa parte cumprindo a condição feita com o pedido.  
Não nos deixeis cair em tentação – neste pedido, o sexto, rogamos a deus que nos dê força, não permitindo que o pecado tome conta de nossa vida. Que pelos dons do discernimento, da sabedoria e da fortaleza nos seja concedida a graça de vencer todas as tentações que nos assolam.
Livrai-nos do mal – na sétima e última súplica pedimos que não sejamos submetidos ao mal. Aqui o mal não é sinônimo de maldade, mas o próprio Satanás, a personificação do mal. Sabemos que Satanás já foi definitivamente derrotado por Jesus e quem se entrega a Jesus não teme o mal, pois com Cristo somos mais que vencedores; afinal se Deus é por nós, quem será contra nós?
Senhor, vosso é o reino, o poder e a glória para sempre!


sexta-feira, 8 de março de 2019

Se Jesus voltasse agora?



Se Jesus voltasse agora, nesse momento, como nos encontraria? Estaríamos prontos para esse encontro, ou tentaríamos nos esconder? Se você ouvisse a noticia: Jesus está aqui, voltou revestido de glória para resgatar os seus, para separar os justos dos pecadores, o que você faria? Correria para Ele e se prostaria em adoração, ou fugiria como Balaão?
Se Jesus chegasse agora por certo não encontraria paz na terra. Encontraria fogo. Não o fogo que Ele gostaria de encontrar, a chama viva e ardente do Espírito Santo, mas o fogo devorador, as chamas do ódio, das desavenças, da desunião entre os povos, da desunião entre aqueles que se dizem seus, os cristãos. É certo, há também os de boa vontade, os que semeiam amor, os que têm o coração abrasado pela chama de amor do Espírito Santo. Em que fogueira você está? Na fornalha ardente do coração de Jesus ou no fogo devorador do pecado?
Devemos fazer tudo para estar e permanecer nos caminhos do Senhor, caminhar no Espírito, viver segundo a Palavra de Deus, experimentar as obras de misericórdia, e assim estarmos prontos (ou quase) para a volta gloriosa de Cristo. Se assim Ele nos encontrar, por certo ao nos prostrarmos em adoração, nos tomará pela mão e nos levará com Ele em Sua Glória. E aquele que está longe Dele, dos seus caminhos? “Quem me segue não andará nas trevas...” logo, sendo a recíproca verdadeira, quem não o segue estará nas trevas. Quem o segue titubeante, um pé nas trilhas Dele, outro no mundo, estará na penumbra; um passo em falso cai nas trevas, no entanto, um passo bem dado o retorna à luz. Se estamos vacilantes, em ziguezague, cai não cai, não desanimemos, busquemos a luz, e luz do mundo é Jesus. O mundo nos oferece caminhos demais – reza a canção – choramos, rimos, mas nem sempre somos felizes; as coisas do mundo não nos satisfazem. Isso porque nossa alma é grande demais e só Deus pode enchê-la. Por isso a mesma canção nos adverte: “Hoje seus passos se perdem na estrada; nem sempre você tem chegada. Entregue seu caminho a Deus, entregue seu caminho a Deus”.
Como está seu coração? Firme na fé, porém tenro e afável na misericórdia e no amor, ou está como porcelana, fina e delicada, mas quebradiça e que se esfacela ao menor impacto? Seja como for, que esteja em Jesus. Pois em Jesus, seu coração se fortalece, se consolida na fé, no amor e na misericórdia.
Se Jesus voltar agora que nos encontre assim, caminhando firmes na fé, de coração manso e humilde como o Dele; trilhemos esse caminho; caminho difícil, às vezes lacrimoso, mas seguro, pois caminhamos com o Mestre Senhor de tudo e de todos, o guia seguro de nossa vida, pois que Ele mesmo é o Caminho; caminho que leva a santidade, a vida eterna na glória celestial.  Assim seja!

sábado, 2 de março de 2019

Não se é feliz estando só



Diz um ditado popular que ninguém é feliz sozinho. Verdade, pois como vimos anteriormente, precisamos uns dos outros. Alguém, porventura há de dizer: eu não me enquadro aí, eu me basto, não dependo e nem preciso de ninguém. Falsa premissa; vejamos o exemplo a seguir: O patrão precisa do empregado para o funcionamento do seu negócio; o trabalhador precisa do empresário para ter seu emprego. Há como uma simbiose, ou seja, um depende do outro. Há necessidade também de sinergia entre ambos, o que significa ação conjunta e interdependente para que o patrão tenha seu rendimento e o empregado sua remuneração.
De certo modo assim é nosso relacionamento com Deus e com o próximo. Sabemos que a rigor Deus não precisa nem depende de ninguém, Ele é Deus e se basta por si só. Entretanto, sabemos também que Deus se relaciona com seu povo, conosco, e desse modo por iniciativa própria, Ele deseja que esse relacionamento seja recíproco.   Assim precisamos de Deus para que nossa vida seja completa, ao passo que Deus precisa de nós para que seu nome seja proclamado a todos os filhos e seu amor seja espalhado em todo o mundo.
Ninguém é feliz sozinho. Precisamos conviver com outros seres humanos para nos completarmos e suprir nossas necessidades materiais. Precisamos nos relacionar com Deus para que nossa felicidade seja completa. Além do mais, a união nos fortalece, a mão amiga nos soergue, o ombro do irmão nos ampara; o grupo, a comunidade, a sociedade nos torna cidadãos. Ainda citando provérbios populares, “cada um por si Deus por todos” não é coerente com o pensamento exposto aqui, pois faz apologia ao egoísmo. Já “um por todos, todos por um” resume nossa posição. Em verdade precisamos uns dos outros, portanto sejamos um por todos enaltecendo a vida comunitária, para que a comunidade seja uma em nós e por nós.
Concluindo essa reflexão, meditemos o texto em Eclesiastes 4,9-12: “Mais vale dois que um só, porque terão proveito do seu trabalho. Se caem, um levanta o outro; quando se está sozinho, se cai, não tem quem levantá-lo. Se deitam juntos podem se aquecer, mas alguém sozinho como se aquecer? Alguém sozinho é derrotado, dois conseguem resistir e a corda tripla não se rompe facilmente.”.
Somos seres sociais e como tal precisamos uns dos outros. Gostamos e precisamos de companhia, mas nem sempre isso é possível. Se não pudermos estar com outras pessoas, esforcemo-nos para estar com Deus.  Este nos supre, nos preenche e com Ele, mesmos sós não estaremos sós. Parece um simples jogo de palavras; não é, é pura verdade. Junto aos irmãos e principalmente com Deus somos felizes!