sábado, 29 de setembro de 2018

Palavra da Igreja



Falas de João Paulo II à Renovação Carismática: “Como não dar graças pelos preciosos frutos espirituais que a Renovação gerou na vida da Igreja e de tantas pessoas? Quantos fiéis leigos - homens e mulheres, jovens, adultos e anciãos – puderam experimentar na própria vida o maravilhoso poder do Espírito e dos seus dons! Quantas pessoas redescobriram a fé, o gosto pela oração, a força e a beleza da Palavra de Deus, traduzindo tudo isso num generoso serviço a missão da Igreja! Quantas vidas mudaram de maneira radical! Por tudo isto, hoje, juntamente convosco, desejo louvar e agradecer ao Espírito Santo”.– À RCC na Itália, 04/04/1998.
“No nosso tempo, ávido de esperança, fazei com que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Assim, ajudareis a fazer que tome forma aquela ‘cultura do Pentecostes’, a única que pode fecundar a civilização do amor e da convivência entre os povos. Com insistência fervorosa, não vos cansei de invocar:  Vem ó Espírito Santo! Vem! Vem !” – 14/03/2002.
“A Igreja e o mundo têm necessidade de santos, e nós somos tanto mais santos quanto mais deixamos que o Espírito Santo nos configure com Cristo. Eis o segredo da experiência renovadora da ‘efusão do Espírito’, experiência típica que caracteriza o caminho de crescimento proposto pelos membros de vossos Grupos e das vossas comunidades”.– L’Osservatore Romano, 30/03/2002.
“Graças ao movimento carismático, tantos cristãos, homens e mulheres, jovens e adultos, têm redescoberto Pentecostes como realidade viva e presente na sua existência cotidiana. Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja como um renovado salto de oração, de santidade, da comunhão e de anúncio”.– 29/05/2004.
Eis um verdadeiro reconhecimento pontifício da identidade da Renovação Carismática Católica, bem como um mandato e direcionamento ao movimento: apostolado da efusão do Espírito Santo e difusão da cultura de Pentecostes.  

 

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Olho por olho – Coração por coração


“Dói muito ser queimado vivo, dói muito. Dói no corpo, dói na alma” (vitima de facínoras no ônibus incendiado no Rio de Janeiro em 03/03/2015).


Dói na alma... Dói na alma tomar conhecimento da barbárie que assola nossa cidade, nosso pais, a terra inteira. Crimes hediondos, atentados terroristas, massacres de inocentes em guerras insanas mundo afora, tudo isso nos afronta. No Brasil a impunidade generalizada, no mundo a insolência dos fortes tripudiando sobre os fracos.
No livro dos Salmos 12(13), o salmista num lamento questiona: “Até quando Senhor, de todo vos esquecereis de mim? Até quando aninharei a angustia em minha alma, até quando se levantará o inimigo contra mim?” (vv. 2-4), para logo após exprimir confiança: “Iluminai meus olhos com vossa luz (...) antes possa meu coração regozijar-se em vosso socorro!” (vv. 5-6).
Somos passiveis de sentimentos de vingança tipo olho por olho; afinal somos seres carnais. Contudo, não podemos deixar que a carne e o sangue falem mais alto. Não é coerente indignar-se com a crueldade sendo cruéis. Somos seres carnais, no entanto também espirituais. O ser humano é constituído de corpo, alma (psique), espírito. O espírito iluminado pela fé e enlevado pela graça; a alma, a vida sensível e também a razão sem a graça, e o corpo a área material, nossa parte visível, palpável, receptáculo da graça. Se a carne clama por vingança, a alma deve sobrepujá-la e clamar por justiça. Acima de tudo, enlevado pela graça, o espírito se doa em perdão. Entenda-se, perdoar não é aceitar resignadamente o que se fez contra nós, isentando o agressor de culpa (afinal a alma clama por justiça). Ao contrário, perdoar é reconhecer que fomos feridos, que alguém nos ofendeu e mesmo assim não lhe desejar o mal. Imputando culpa sim, porém sem imprimir ódio nem desejo de vingança no coração.
Em vista de toda maldade imperante no mundo, coloquemos nossa confiança no Senhor que fez o céu e a terra e a todos ama igualmente, mereçam ou não. Dói, dói muito; mas do mesmo modo como Deus concede-nos gratuitamente a misericórdia, aprendamos também a perdoar. Talvez assim o mundo fique melhor.
Perdoar é ir além, é dar mais (per + donare = doar mais). Portanto só perdoa quem é generoso, caridoso, ama e por amor é capaz de se doar. O outro passa dos limites e nos tira algo; nós ultrapassamos nossos próprios limites e lhe damos o que ele não mereceria. Isso é perdão.    

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Fé e Razão


“É infrutífero falar da contraposição entre razão e a fé. A razão é ela mesma uma questão de fé. É um ato de fé asseverar que nossos pensamentos têm alguma relação com a realidade”. (Gilbert Chesterton).
                    

Nós católicos, apesar de sabermos que os mistérios divinos colocam a fé acima da razão, não nos esquecemos de que somos seres racionais e como tal, em muitas questões usamos da razão em contraponto à emoção – o que não contraria nossa posição de homens de fé – porque como corpo material, somos submetidos às leis da matéria, as ciências naturais que, aliás, não é ciência do homem como muitos alegam, porém ciência de Deus dada a conhecer aos homens. Nesse aspecto, a mística dos milagres só é aceita pela Igreja, no âmbito da fé após ratificação dos fundamentos bíblico-teológicos, e no contexto racional após comprovação cientifica quando há mudanças radicais no curso dos fenômenos naturais.
 O que se faz no método científico é obter dados sobre os fenômenos estudados, buscando padrões, tentando entendê-los. Então hipóteses são formuladas, e desenvolvem-se experimentos que venham a confirmar (ou não) as várias hipóteses. Mas esses passos não podem ser seguidos se não houver a crença que o universo é ordenado: “Mas tudo dispuseste com medida, quantidade e peso” (Sb 11,20).
 Muitos consideram a sabedoria do mundo incompatível com a sabedoria divina. Veem uma como boa e a outra como má. Realmente, se não formos cuidadosos em nossos critérios e discernimento, podemos aceitar essa noção. Mas será isso verdadeiro? O próprio Jesus, ele mesmo, não exerceu de certa forma a sabedoria do mundo em sua vida? Podemos refletir como ele compôs parábolas sobre o cotidiano da época em que viveu entre nós. Consideremos também sua esperteza ao argumentar com seus opositores. Jesus estava enraizado no mundo real, apesar de sua mente e coração estarem abertos ao Espírito. O que faz a sabedoria do mundo perigosa é a intenção oculta por trás dela. Estamos caminhando com justiça, integridade, compaixão? Estamos preocupados com o bem comum? Ou apenas usamos nossos dons de sabedoria para nosso ganho e prazer pessoal? Se Jesus reina em nosso coração, então assumirá nossa sabedoria e experiência e a usará para seu reino e a glória do Pai.
A ciência quer ver para crer, a fé crer para ver. A fé não é tanto compreensão; É mais aceitação do que não compreendemos e nisso reside o mérito da fé. (Felizes os que creem sem ter visto...).   Muitas coisas não sabemos, não conhecemos e talvez só venhamos a conhecer quando estivermos face a face com Deus. Enquanto esse momento não chega, vivamos a convicção da nossa fé com intensidade, com esperança e com amor!




sábado, 8 de setembro de 2018

Ativismo



Muitas vezes sob o pretexto de servir a Deus executamos tarefas – até extenuantes – com o real intuito de aparecer diante dos outros: “Vejam como ele é dedicado! Não mede esforços para trabalhar, para ajudar nos serviços paroquiais!” Essa é na verdade a intenção; chamar a atenção para si, ser reconhecido, elogiado. Contudo, não devemos generalizar; há casos e casos. Outras tantas vezes, pessoas realmente dedicadas trabalham com afinco, porém discretamente, na reta intenção de auxiliar, de diligentemente executar as tarefas sob seu encargo.
Estes últimos, em verdade executam o que pontualmente lhes aparecem e que sejam concernentes com sua missão e ministério na igreja. Os primeiros, porém, procuram avidamente o que fazer, na intenção de liderar os trabalhos, recebendo assim “os louros e a glória” por um possível trabalho bem feito. Infelizmente é nossa realidade. Muito de Marta, nada ou quase nada de Maria. A recíproca é verdadeira; há Marias nada Martas (ver Evang. Lucas 10,38-42).
Ativismo exagerado não é bom. Uma espiritualidade intimista sem vinculo comunitário, também. “Ora et labora” assim deve ser; vida de oração e ação concreta sempre que necessário. Orar e trabalhar, trabalhar orando; ser como Marta sem deixar de ser como Maria e vice versa. Há pessoas cujo carisma é o trabalho, o ativismo; isso é bom, mas não se deve esquecer a oração e que se tenha em mente que todo trabalho em ambiente eclesial, nas capelas, na paróquia ou em instancias superiores, deve ser feito para honra e glória do Senhor e não para engrandecimento pessoal. Lembrar sempre que igreja não é ONG nem firma empresarial.  
Trabalhar, trabalhar, num ativismo desenfreado sem vida de oração não é ser pertença à igreja. Rezar, somente rezar sem compromisso comunitário, e aí se insere as frentes de trabalho concreto, também não é ser pertença à igreja.
Essa reflexão parece um contra-senso – rezar demais é bom ou ruim? Trabalhar na e para a igreja é bom ou ruim? Parece incoerência, mas não é. Simples: rezar, só rezar, egoisticamente pedindo só para si sem pensar no próximo, sem compromisso com a comunidade de fé a qual pertence, é estar longe da comunhão entre irmãos. Do mesmo modo que trabalhar, só trabalhar pensando em granjear “fama e poder”, é também estar longe da comunhão fraterna.
Se não houver Maria de Betânia, não haverá ninguém para ouvir Jesus; se não houver Marta, não haverá ninguém para preparar o local para receber Jesus. Sejamos Marta e ao mesmo tempo Maria: Arrumemos a casa para receber e ouvir Jesus. E essa casa não seja apenas a igreja de pedra (o templo), principalmente seja a igreja viva – nosso coração.