É doloroso observar as cenas que vemos diariamente nas ruas
em torno a nossa paróquia. Nas ruas de nosso bairro vemos com frequência
pessoas, jovens e crianças na maioria, desfigurados pelo consumo do crack. São
pedintes, que mendigam – não para comer, mas para se drogar. Agentes sociais do
município os recolhem, mas eles sempre retornam, voltando a mendigar, a se
drogar, a se prostituir, até mesmo cometer pequenos furtos. A maioria das
pessoas os olham com repugnância, os têm como amaldiçoados e assim eles são
tratados.
Na verdade são filhos de Deus, irmãos nossos. Irmãos
rebeldes, desprovidos até de consciência, pois esta já foi consumida pelo
crack; no entanto, são nossos próximos, irmãos afastados que merecem nosso
amor, nossa compaixão e não o desprezo com que normalmente são tratados. Visto
assim, a grosso modo, muitos pensam e até dizem, ironicamente: se você pensa
assim, leve-os para sua casa. Quiséramos nós ter uma grande casa onde pudéssemos
acolhê-los, cuidar deles, como o bom samaritano. Na impossibilidade, tratemos
deles como seres carentes, necessitados de amor e não merecedores de desprezo e
ódio. Na impossibilidade de acolhê-los num abrigo, cuidar de sua saúde física e
mental, ao depararmos com um deles, ao ser abordado com um pedido de esmola,
não os ignoremos, ofereçamos-lhes um lanche, uma refeição. Caso não aceitem
(infelizmente é muito comum a negativa, pois querem mesmo é o dinheiro para
adquirir a droga), rezemos então, para que um dia sejam alcançados pela luz de
Cristo. Assim não nos omitimos, fazemos a nossa parte, o que está a nosso
alcance.
Infelizmente quem poderia ao menos amenizar a situação não o
faz. A autoridade policial que deveria reprimir sistemática e diuturnamente o
comércio ilegal das drogas, de certa forma se omite. Aí as “cracolândias” se
espalham Rio de Janeiro afora. A implantação das UPP’s privilegiam as áreas
turísticas (zona sul e entorno do Maracanã). Seria a solução, junto é claro,
com os centros de recuperação de dependentes químicos.
Enquanto isso não vem, se não vem, acolhamos esses irmãos
machucados, feridos, maltratados, discriminados, na medida de nossas
possibilidades. Nossa possibilidade, nossa real possibilidade é oferecer a eles
um coração amoroso, misericordioso, compassivo; é apresentar a eles aquele que
tudo pode, aquele que é ilimitado: Jesus. Jesus Cristo, nome acima de todo
nome, aquele que é, foi e sempre será.
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