sexta-feira, 13 de abril de 2018

Cracolândia



É doloroso observar as cenas que vemos diariamente nas ruas em torno a nossa paróquia. Nas ruas de nosso bairro vemos com frequência pessoas, jovens e crianças na maioria, desfigurados pelo consumo do crack. São pedintes, que mendigam – não para comer, mas para se drogar. Agentes sociais do município os recolhem, mas eles sempre retornam, voltando a mendigar, a se drogar, a se prostituir, até mesmo cometer pequenos furtos. A maioria das pessoas os olham com repugnância, os têm como amaldiçoados e assim eles são tratados.
Na verdade são filhos de Deus, irmãos nossos. Irmãos rebeldes, desprovidos até de consciência, pois esta já foi consumida pelo crack; no entanto, são nossos próximos, irmãos afastados que merecem nosso amor, nossa compaixão e não o desprezo com que normalmente são tratados. Visto assim, a grosso modo, muitos pensam e até dizem, ironicamente: se você pensa assim, leve-os para sua casa. Quiséramos nós ter uma grande casa onde pudéssemos acolhê-los, cuidar deles, como o bom samaritano. Na impossibilidade, tratemos deles como seres carentes, necessitados de amor e não merecedores de desprezo e ódio. Na impossibilidade de acolhê-los num abrigo, cuidar de sua saúde física e mental, ao depararmos com um deles, ao ser abordado com um pedido de esmola, não os ignoremos, ofereçamos-lhes um lanche, uma refeição. Caso não aceitem (infelizmente é muito comum a negativa, pois querem mesmo é o dinheiro para adquirir a droga), rezemos então, para que um dia sejam alcançados pela luz de Cristo. Assim não nos omitimos, fazemos a nossa parte, o que está a nosso alcance.   
Infelizmente quem poderia ao menos amenizar a situação não o faz. A autoridade policial que deveria reprimir sistemática e diuturnamente o comércio ilegal das drogas, de certa forma se omite. Aí as “cracolândias” se espalham Rio de Janeiro afora. A implantação das UPP’s privilegiam as áreas turísticas (zona sul e entorno do Maracanã). Seria a solução, junto é claro, com os centros de recuperação de dependentes químicos.
Enquanto isso não vem, se não vem, acolhamos esses irmãos machucados, feridos, maltratados, discriminados, na medida de nossas possibilidades. Nossa possibilidade, nossa real possibilidade é oferecer a eles um coração amoroso, misericordioso, compassivo; é apresentar a eles aquele que tudo pode, aquele que é ilimitado: Jesus. Jesus Cristo, nome acima de todo nome, aquele que é, foi e sempre será.  

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