Entender a diferença entre venerar
e adorar é de suma importância para o nosso crescimento como
cristãos
Adorar e venerar são duas formas de culto
presentes na vida da Igreja. Embora elas sejam diferentes, muitos
católicos fazem uma grande confusão entre as duas.
Adoração é o culto que prestamos
exclusivamente a Deus
“Adorar a Deus é reconhecê-Lo como tal,
Criador e Salvador, Senhor e Dono de tudo quanto existe, Amor
infinito e misericordioso. ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele
prestarás culto’ (Lc 4, 8) – diz Jesus, citando o Deuteronômio
(Dt 6, 13)” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2096). A adoração
é chamada de “culto de latria” (do grego latreou, que
significa “adorar”). “Adorar a Deus é reconhecer, com respeito
e submissão absoluta, o ‘nada da criatura’” (idem, n.
2097).
Venerar é o culto prestado aos santos e às
imagens e relíquias que os representam
Venerar significa honrar; é chamado de “culto
de dulia” (do grego douleuo). Também recebe o culto de
dulia a Palavra de Deus, ou melhor, os sinais da Palavra de Deus,
especialmente a Sagrada Escritura, o evangeliário e o lecionário
(esses últimos livros litúrgicos possuem partes da Palavra de Deus
contida nas Sagradas Escrituras). Existe também o “culto de
hiperdulia”, que é prestado a Nossa Senhora.
A veneração, por sua vez, tem sentido quando se
refere a honrar uma pessoa ou um objeto que nos remete a Deus. Claro,
fora do âmbito religioso existe a prática de venerar e honrar
pessoas, lugares, entre outros. Porém, a veneração, enquanto culto
cristão, não tem outro sentido senão valorizar algo, um sinal que
nos remete a Deus e Seu chamado de conversão a nós.
A veneração é um culto, muitas vezes,
incompreendido pelos protestantes e evangélicos; e muitas vezes, a
falta de conhecimento e formação de alguns fiéis católicos em
nada ajuda esses nossos irmãos nesse sentido. Contudo, muitas vezes,
mesmo sem o saber, eles também veneram sinais que os remetem a Deus,
e nisso fazem confusão maior ainda.
Confusão de culto
Apegados à Antiga Aliança, os protestantes
veneram os sinais próprios dessa fase da Revelação, como a Arca da
Aliança, a menorah (candelabro de 7 velas), o Templo de Jerusalém,
as pedras da Lei, entre outros. Essa contradição só não é mais
evidente porque os grandes sinais da Antiga Aliança desapareceram.
Mas a grande confusão de culto deles se dá em relação à Bíblia.
A Palavra de Deus a qual adoramos é Jesus, o
Verbo Encarnado, Palavra eterna do Pai, Pessoa viva da Santíssima
Trindade. A Sagrada Escritura é expressão inspirada e infalível
dessa mesma Palavra, mas, mesmo sendo assim, não deixa de ser um
livro. Que o leitor preste atenção nesta sutil, mas importantíssima
diferença: a Bíblia é Palavra de Deus, mas a Palavra de Deus não
é a Bíblia, a Palavra de Deus é Cristo. A Bíblia e seus conteúdos
escritos – todos escritos em contextos históricos
específicos, culturais, geográficos, sociais, entre outros –
devem ser honrados por nós, venerados pelos cristãos.
Confusão em relação aos santos e imagens
A Palavra de Deus não pode se restringir a um
livro, por mais sagrado que este seja. Essa confusão leva os
protestantes a ter uma relação de adoração à Bíblia, o que os
faz desprezar as outras fontes de Revelação que Deus deixou para a
Sua Igreja. Essa confusão é muito mais nociva à fé do que a
confusão feita pelos fiéis católicos com relação aos santos e
suas imagens. Isso porque os protestantes o fazem por uma questão de
conceito, enquanto os fiéis católicos que fazem essa confusão,
fazem-na por ignorância.
Fica evidente a importância de compreender a
relação que devemos ter com as coisas santas. Devemos cultuá-las,
porém, da maneira correta. Que os erros não nos desanimem de
prestar o devido culto a esses tesouros que Deus deixa no meio dos
homens, para que, olhando para eles e os venerando, possamos
encontrar a face d’Aquele que é o Único a quem nós adoramos.
André Botelho