Um livro pode conter verdades e
nem por isso ser verdadeiro. As outras passagens podem estar cheias de
mentiras. Um locutor de rádio ou um cantor pode dizer algumas palavras em
inglês e nem por isso pode afirmar que sabe inglês. O marketing possui verdades
e nem por isso é verdadeiro. Se a equipe exaltar demais o produto de quem a
contratou e diminuir o produto concorrente, provavelmente estará mentindo.
Uma
igreja pode conter verdades e nem por isso ser verdadeira. Se falsear os
números, se omitir as passagens do livro santo que podem ir contra sua
pregação, se citar apenas o que lhe interessa, se mudar o sentido dos textos
sempre a seu favor, se anunciar milagres sem submetê-los a exame acurado dos
médicos e de outras cabeças, se encherem os fiéis de culpas, ou de falsa
certeza, se ensinarem que a eles estão reservados os primeiros lugares aqui e
na eternidade, podem até parecer verdadeiras, mas não são.
A
Bíblia é um livro de verdades; além disso, revela-se verdadeiro. Mostra o lado
bom e o lado mau, os acertos e os erros da maioria dos seus personagens. Não
faz marketing enganador ou maravilhoso de nenhum deles. Abraão, Sara, Agar,
Isaque, Jacó, os filhos de Jacó, Rebeca, Moisés, Elias, os profetas, os reis,
os apóstolos, de todos eles a Bíblia conta o lado bom e algum lado obscuro. Ou
mandaram matar, ou se descontrolaram, ou puxaram mais para um ou outro filho,
ou mentiram para conseguir seus objetivos, ou se vingaram de maneira brutal, ou
faltaram à palavra dada, ou quiseram ser mais que os outros... Quem lê a Bíblia
sabe disso.
Por
isso, mostrar só o lado bom da nossa igreja e ocultar os pecados dos nossos,
enquanto quase nos deliciamos em mostrar os pecados dos membros da outra
igreja; mostrar em fotos e letra garrafais no jornal da nossa igreja os pecados
de alguém da outra e nem mencionar a noticia de que um membro da nossa
assassinou o colega num dos nossos templos, é viver da mentira.
O
que seria uma comunidade cristã verdadeira? Uma que faz que contar algumas
verdades. Uma que não faz uso da mentira para atingir seus objetivos. O
pregador que chamou a jovem para anunciar-se curada de um câncer naquele
encontro de domingo e lhe deu três minutos ao microfone, mas negou-lhe três
meses depois, o acesso ao mesmo microfone para dizer que não tinha sido
efetivamente curada e pedir mais orações, mostrou de que lado está. O fiel pode
anunciar que sua prece conseguiu o milagre, mas não pode anunciar que não
conseguiu! Seu microfone só vai à boca de quem mostra as maravilhas da sua
igreja... Nesta busca desenfreada por novos testemunhos, neste proselitismo, a
meia verdade acontece mais do que imaginamos!
(Pe. Zezinho)
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