sexta-feira, 23 de abril de 2021
Ez 33,10-12 – Conversão
Esse texto do livro de Ezequiel nos mostra como Deus é amoroso e quer nos perdoar. Se renunciamos ao pecado Deus nos livra do castigo, diz a palavra. Deus é Pai e um pai não se apraz com a morte de um filho, mesmo que esse filho seja rebelde, infiel, desobediente. O Senhor quer os filhos perto de si, por isso ele clama por conversão, obediência, fidelidade.
O v.12 diz: (...)... Isto significa que Deus não olha para o nosso passado, seja este bom ou mal, Deus nos vê agora com os olhos do presente; o que importa realmente é o que somos hoje e o que viermos a ser amanhã. O passado é apenas lembrança – alegre ou dolorosa – porquanto Deus tem em conta o presente e aponta para o futuro. Comparemos este versículo (Ez 33,12) com Ez 18,24.
Deus nos criou para ele, para louvarmos e adorarmos sua Divina Pessoa; para compartilharmos as delicias do paraíso, as maravilhas do Éden. Mas nos tornamos imperfeitos por nossa culpa, ou seja, devido à desobediência original, por isso perdemos o direito inato ao reino dos céus. O céu tem que ser conquistado.
Essa Palavra, como tantas outras na Bíblia, derruba a doutrina protestante da predestinação do homem. Se nascêssemos salvos ou condenados, não precisaríamos lutar para conquistar o reino, seria inútil. Se tivéssemos o destino traçado, andaríamos a deriva, sem obras de caridade e sem necessidade de testemunhar Deus. Não há predestinação! Ninguém nasce condenado ou salvo, pois isso seria injustiça porque não haveria culpa pessoal e Deus é justo! Se a humanidade já nascesse com o destino definido, sem chance de absolvição para os infelizes pecadores, o sacrifício de Jesus teria sido inútil; se aqueles não tivessem a oportunidade da salvação, a crucificação de Jesus teria sido apenas um espetáculo sangrento. Sabemos que não foi assim. Jesus morreu e ressuscitou para remissão dos nossos pecados, de todos, de todos! Isto não implica que fiquemos imóveis, à deriva, em berço esplendido: “Ah, Jesus já fez tudo...” pois cairíamos no reverso da medalha – todos estaríamos salvos, independentemente de nossas ações, boas ou más. Não é bem assim, até porque se fosse, Jesus não precisaria ter pregado, bastaria ser pregado... na cruz. É essencial que façamos a nossa parte e nossa parte é bem mais leve que a de Jesus: é crer; acreditar e por em prática a nossa fé. É reconhecer de todo coração e proclamar que Jesus é o Senhor e Salvador, que sua palavra é verdadeira; seguir o seu caminho, ser fiel a todo custo em qualquer situação; enfim, converter-se.
Fala-se muito em conversão, mas poucos conhecem em profundidade seu real significado. Há pessoas que pensam que conversão é mudança de religião, trocar de Igreja; católico tornar-se evangélico ou vice-versa. Conversão significa mudança de vida, transformação.É atravessar o mar Vermelho; sair da escravidão do pecado para uma terra de esperança. Recentemente abordamos o assunto em outra pregação. Dissemos que conversão é um processo lento, gradual, como o crescimento de uma árvore. Hoje, para ilustrar, usando outro aspecto da natureza, podemos fazer a comparação com uma reação química. A propósito, certos tipos de reação são conhecidas como conversão. Uma reação ou conversão química é a modificação na estrutura de uma substância transformando-a em outra completamente diferente. Desse modo, um veneno mortal pode ser transformado em um remédio que cura. Da mesma maneira se dá conosco, em nossa vida espiritual: mudamos do pecado (que mata) para a vida nos caminhos do Senhor (que cura, liberta, leva à perfeição). Nos convertemos quando aceitamos o senhorio de Jesus em nossa vida, quando nos deixamos preencher pelo Espírito Santo, quando sentimos necessidade e desejo ardente de evangelizar.
Evangelização não é a apresentação complicada da doutrina do cristianismo. Ela começa, se processa, quando pessoas comuns falam a outras pessoas comuns das maravilhas de Deus, das bênçãos, de como Jesus cura, liberta, dá paz, alegria, enche os corações de amor. É converter-se a si próprio e buscar a conversão do próximo. Amém
sexta-feira, 16 de abril de 2021
Col 2,13-14 – Jesus Salvador
T
odos já sabemos do amor que Deus tem por todos nós. Todos conhecemos seu amor, sua misericórdia, sua compaixão. Mas eu digo sempre: nunca é demais falar do amor de Deus. Mas muitas vezes nós renegamos esse amor com nossa desobediência, nossos erros. Nos afastamos de Deus e aí construímos uma barreira, uma parede que nos separa de Deus e sua misericórdia, Assim optamos pelo pecado: e o que ganhamos com isso? Nada; só perdemos. Perdemos a vida, perdemos a comunhão dos santos. Porque como diz S. Paulo, primeiro em Romanos, depois em Corintios: O salário do pecado é a morte e os iníquos não herdarão o reino dos céus.
Mas será que isso é uma sentença definitiva? Pequei estou condenado, não tenho mais salvação? Não; até porque Deus é justo e Ele quer a nossa salvação. Ele não quer que nenhum de nós se perca
Vamos voltar no tempo, lá nos primórdios do povo de Deus: O AT diz que o povo hebreu quando pecava e se arrependia, oferecia a Javé um sacrifício expiatório; matava um cordeiro como oferta para remissão dos pecados. E se o arrependimento era sincero, se havia o firme propósito de não mais pecar, o sacrifício era aceito e o perdão concedido. Agora a grande noticia: Deus, Ele próprio, ofereceu o último sacrifício, o sacrifício perfeito para remissão de toda a humanidade: Jesus, seu filho unigênito, nosso salvador. Jesus que já existia desde sempre, que se encarnou e veio ao mundo; nos apresentou a sua proposta, a Boa Nova da Salvação! Como diz João no Evangelho, capitulo primeiro, primeiros versículos: No principio era o Verbo, o Verbo era Deus, e o verbo se fez carne e habitou entre nós. Dos braços de Maria aos braços da cruz a salvação nos foi oferecida. E só Jesus é capaz de fazer isto por nós, como está escrito em Atos 4,12: Em nenhum outro há salvação, porque debaixo dos céus nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual devamos ser salvos. Nenhum outro nome foi dado... E esse nome é Jesus, Jesus de Nazaré, Jesus filho de Maria!
Retomemos a pericope em Colossenses. Vamos ler o verso 14 ...(...). Esse documento era a carta que nos condenava, é a folha corrida dos nossos pecados! É como uma ficha criminal; o criminoso tem uma ficha onde estão relacionados todos os seus crimes. E a nossa ficha foi rasgada, foi pregada na cruz e lavada com o sangue de Jesus, o cordeiro perfeito, sem mácula. A questão é, o sacrifício de Jesus foi suficiente, não precisamos fazer nada? Se fosse tão simples assim, o Senhor me permite o trocadilho, Ele não precisaria ter pregado, bastaria ser pregado... na cruz. Repetindo: Ele não precisaria ter pregado o Evangelho, bastaria ser pregado na cruz. O preço maior Ele pagou, um preço de sangue, mas nós temos que fazer a nossa parte, temos que ser merecedores. Como fazer isso? Temos primeiro que querer; é preciso escolher a salvação. Depois aceitar o senhorio de Jesus ressuscitado em nossas vidas, ou seja, ter fé, confiança e ação. Crer e crer é acreditar e pôr em prática aquilo em que acreditamos. Se você tem fé e exerce essa fé você está se convertendo. Cada dia em que você renova essa conversão é um passo dado em direção à salvação, em direção a Jesus.
Resumindo, Jesus é o único caminho para a salvação, porque debaixo dos céus nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual devamos ser salvos. Basta querer e fazer como Ele nos ensinou. Como disse Maria com toda simplicidade: Fazei tudo aquilo que Ele disser. Amém.
sábado, 10 de abril de 2021
Mt 26,69-75 – Negação de Pedro
Pedro nega Jesus três vezes. Na verdade Pedro não rejeita Jesus, ele o nega impelido pelas circunstâncias. Pedro teve medo, assim como os demais apóstolos, pois diante da cruz no calvário estavam apenas João, Maria a mãe de Jesus e outras mulheres. Os demais seguidores de Jesus também o haviam abandonado. Haviam o negado por medo, não por rejeição. Em Mt 10,33 diz Jesus: “Aquele que me negar diante dos homens também eu o negarei diante de meu Pai...” O negar referido por Jesus não é a negação circunstancial como a de Pedro, mas a negação definitiva, consciente, é a rejeição. Negação é diferente de rejeição: negar é dizer não a alguém ou a alguma coisa, a alguma situação. Rejeitar é não querer, não aceitar, é desprezar. Muitas vezes nós negamos Jesus. Negamos Jesus quando por covardia, timidez, comodismo ou mesmo má vontade, deixamos de anuncia-lo, deixamos de dar testemunho de suas maravilhas. Muitos negam Jesus quando interpretam erroneamente a atitude da Igreja quando ela faz a opção preferencial pelos pobres. Explico: Há pessoas, muitas pessoas infelizmente, que pensam que ação social é mero assistencialismo; limitam-se a ajuda material e só. O ser humano não é apenas um bolo de carne que se movimenta de um lado a outro; o ser humano tem alma, um espírito criado por Deus. As pessoas se esquecem disso, providenciam uma cesta básica, dão o feijão e o arroz e deixam de dar o mais precioso alimento: o pão vivo, o pão do céu, Jesus! Quem assim procede nega Jesus aos irmãos. Devemos auxiliar materialmente os mais necessitados, mas temos o dever cristão de também aliviar a carência espiritual desses irmãos.
Negar Jesus é não aceita-lo como único senhor de nossas vidas, é desprezar sua oferta de amor. Sabemos que existem católicos envolvidos com ocultismo, magia, espiritismo, esoterismo e outros “ismos” que contrariam a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja. Estas pessoas, na igreja, aparentam perfeição, porém suas obras são vazias, infrutíferas; suas orações são inócuas; ouvem a Palavra de Deus mas não a retem; passam horas diante da TV mas não se disponibilizam 15 minutos que sejam para ouvir a palavra de Deus sendo pregada. Muitos buscam a comunhão eucarística em situação de pecado. Essas pessoas negam Jesus, renegam Jesus, rejeitam Jesus!
Pedro negou Jesus três vezes, é verdade. Negou, não rejeitou. Tanto que foi escolhido por Jesus como chefe da Igreja. Em Jo,21 Jesus repete três vezes a pergunta a Pedro: Pedro tu me amas? Pedro responde: Senhor, sabes que te amo. – Então apascenta minhas ovelhas, diz Jesus. Apesar de sua tibieza Pedro é confirmado como primeiro Papa. Havia sido redimido e dissera sim a Jesus. E Jesus agora está te chamando pelo nome e perguntando: João (Maria, Odete) você me ama? Respondam todos: Senhor sabes que te amo!
Jesus está agora estendendo suas mãos sobre nós, sobre cada um de nós. De suas chagas abertas gotas de seu sangue estão caindo sobre nós. Irmão, irmã, há uma gota do sangue precioso de Jesus sobre a sua cabeça, Esse sangue tem o poder de curar e libertar de todas as mazelas. Abra seu coração e diga sim para Jesus, diga sim como Maria, diga sim como Pedro naquela manhã à beira do lago Genesaré.
Senhor, sabes que te amo. Amém.
sexta-feira, 2 de abril de 2021
Jo 19,25-30 – Ao Pé da Cruz
Ao pé da cruz de Jesus estavam João, Maria e algumas outras mulheres piedosas. Onde estavam os demais? Onde estavam Pedro, Tomé e os outros apóstolos? Todos haviam abandonado Jesus. O abandonaram por medo, haviam fugido. Não que o rejeitassem, mas tiveram medo das conseqüências de segui-lo até o fim e fugiram. Eles não tinham idéia da dimensão do amor de Jesus por eles; se soubessem o quanto Jesus os amava não teriam fugido. Estariam com João e Maria aos pés da cruz, porque só permanece junto a cruz aquele que se sente amado.
Do alto da cruz Jesus nos deu Maria como mãe. Jesus naquele momento consagrava toda a humanidade – representada por João – a Maria. Por isso todos devemos venerar Maria como Nossa Senhora. Todo cristão consciente deveria ao menos amar e respeitar Maria. Se todo cristão, católico ou protestante, diz com razão, que o sangue de Jesus tem poder, temos que reconhecer que o sangue de Jesus é tão somente o sangue de Maria. Não podemos esquecer que Jesus não teve pai humano, foi concebido no ventre virginal de Maria pelo poder do Espírito Santo, sem interferência de homem algum. Humanamente falando a carne de Jesus é a carne de Maria, o coração de Jesus é o coração de Maria, o sangue de Jesus é o sangue de Maria! Contudo Maria não se aborrece, não se incomoda e nem se importa se às vezes nos esquecemos dela. O que verdadeiramente a entristece e ver-nos esquecer e afastarmo-nos de seu filho. Ao olharmos Maria – uma imagem dela, por exemplo – com os olhos da fé, devemos enxergar Jesus; se não for assim, não haverá sentido algum e então ela se entristecerá. Sabemos que Maria não faz milagres, não cura, não salva, não liberta. Não tem poder, pois todo poder vem de Jesus e o milagre só pode ser realizado por Deus. Mas Maria tem a força da intercessão; ela intercede por nós o tempo todo.
Ainda a respeito de Maria: “A delicada mãe de Cristo sabe ensinar melhor que ninguém, pelo exemplo da prática, como devemos conhecer, amar e louvar a Deus. Tal e tanta honra se encerra na denominação de Mãe de Deus que ninguém pode falar coisas maiores, ainda que tenham tantas línguas como há flores na terra, estrelas no céu e areia no mar.” Quem disse? Simplesmente, Lutero.
Relendo os versículos 28 a 30, vemos Jesus com sede e seus algozes lhe dando vinagre a beber. Em Mt 27,34 e Mc 15,23, oferecem a Jesus uma mistura de vinho e mirra e ele não aceita. Aí, as circunstancias eram outras; Jesus ainda não estava na cruz e esta bebida era oferecida para que o condenado ficasse entorpecido e até facilitasse a fixação na cruz. Jesus se negou a beber, porque era necessário que ele estivesse sóbrio para sentir na própria carne todas as dores do mundo. Mais adiante em Mt 27 e Mc 15, assim como lemos em Jo 19, Jesus, agora agonizante na cruz, teve sede e lhe oferecem vinagre – o que certamente lhe aumentaria a sequiosidade por água – e ele não rejeitou. Porque? Porque ele estava disposto a sofrer o máximo possível para nossa redenção. Entenderam aí o sentido do sacrifício e a profundidade da entrega de Jesus por nós?
Na cruz Jesus teve sede e lhe deram vinagre. Agora ele diz a você que tem sede e o que você tem para dar? O vinagre da ingratidão, da indiferença, da desobediência, o vinagre do pecado? Jesus pede a você água pura para que ele possa transforma-la em vinho; vinho novo para sua purificação. Ele quer seu coração renovado como um odre novo, para que ele possa enche-lo com o vinho novo. Jesus te quer renovado no seu amor, pela ação do Espírito Santo. Andávamos nas trevas subjugados pelo pecado, mas Jesus nos resgatou da escuridão ao sentir nossas dores, carregar nossos fardos e derramar seu sangue na cruz. Amém.
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