sábado, 30 de janeiro de 2021

At 10,9-16 – Visão de Pedro

 

O

 texto em referência deve ser examinado sob o contexto de todo o capitulo 10 do livro dos Atos dos Apóstolos. Aí alude à conversão do Centurião Cornélio, o primeiro estrangeiro, pagão, a ser convertido ao cristianismo. Cornélio, além do repúdio por ser estrangeiro, era odiado por ser representante do poder dominador, levando em conta que Roma conquistara e dominara toda a Palestina.

 Em estado de êxtase, Pedro tem a visão da toalha descendo do céu, contendo toda espécie de animal considerado impuro (cf. Lv 11). Ouve a voz: “Pedro, mate e coma!” Não reconhecendo a voz de Deus, Pedro diz que nada impuro deve ser tocado, ao que Deus o repreende: “Não digas tu que é impuro aquilo que Eu purifiquei”.Daí então Pedro deva ter compreendido que Jesus não veio abolir, mas aperfeiçoar a lei. Reconheceu que não havia ninguém impuro em si, somente por não ser judeu, mas que a impureza vem das coisas más que habitam o coração dos homens, judeus ou gentios.



Saindo do contexto de época e vindo para a atualidade, podemos dizer que puro e impuro se referem a pecado e santidade. Que o amor de Deus é incondicional, não olha nosso passado, vê nosso presente, apontando para o futuro. Deus não vê o pecado de ontem, Ele te quer santo hoje para que amanhã possa habitar na Sua Glória: “Irei preparar-te um lugar”.(Jo 14,2s). Quem morrer na graça e na amizade de Deus, entrará certamente no céu, mesmo que talvez tenha que passar pela purificação do purgatório. Dizia Irmã Faustina: “Nosso pecado é uma pequenina gota de orvalho no oceano da misericórdia de Deus”. Portanto, é pelo seu amor desmedido, sua eterna misericórdia que somos perdoados e curados. Deus nos ama, não simplesmente como seu povo, seu rebanho; nos ama individualmente, com exclusividade, como seres únicos, embora queira que sejamos unidos, estejamos unidos, que sejamos um em seu amor. Amém


sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Tob 3,20-23 – Restauração

 


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ós lemos em Tob 3,20-23 um trecho da prece de Sara. Deus acolheu esta oração ao mesmo tempo que a de Tobias. Tobias e Sara passavam por grande aflição, com muita tribulação. Deus respondeu a essas orações e agiu no momento oportuno. Nessa palavra Deus está nos mostrando que aquele que é fiel, ou seja, fiel a Ele, Deus, será agraciado. A palavra é uma confirmação, pois Ele nos fala isso ao coração todos os dias, não importando a situação que vivamos no momento. Não importa se o momento é de dor e sofrimento, se o momento é de aflição. Deus nos garante que depois da tempestade vem a bonança; está na Palavra e a Palavra de Deus é verdade; a Palavra de Deus é eterna; a Palavra de Deus atravessa os séculos e chega viva até nós.

            Deus hoje está dizendo a cada um de nós, a mim, a você, que Ele quer nos restaurar; Ele quer restituir nossa alegria, nossa paz. Ele quer curar nossas feridas, nossa dores. Ele quer livrar da opressão do mundo, Ele quer libertar das garras do inimigo.

            Deus quer fazer uma obra nova em nós. Ele quer reunir o seu povo; Ele quer acolher o resto de Israel, como está escrito no livro do profeta Miquéias, em Mq 2,12s... (...) Quem é o resto de Israel? Sou eu, é você, somos todos nós. O resto de Israel é o povo que por sua fidelidade teve como herança as promessas de Javé; é o povo que hoje caminha com a Igreja de Cristo. E quem vai a frente conduzindo o povo? Quem?... É Jesus, Jesus de Nazaré. O melhor disso tudo é que essa promessa de Deus é para todos, não é só para um pequeno grupo de privilegiados, não é só para poucos eleitos, não. É para todo o povo de Deus. Jesus remiu toda a humanidade, o sangue de Jesus cobriu toda a Terra, a salvação foi oferecida a todos! Nós lemos em Tobias que Deus não se apraz com a perdição de ninguém, de ninguém!

            Porém isso tem um preço; é bem verdade que Jesus pagou com seu sangue na cruz, mas temos que ser merecedores; é mister que façamos a nossa parte.  Leiamos Tob 3,21a: ...Todo aquele vos honra. Temos que ser fiéis, seguir os mandamentos, ser obedientes ao Senhor. Toma posse disso irmão, toma posse.

            Agora um testemunho, meu testemunho pessoal:

            Eu era um homem do mundo, pecador. A bem da verdade eu não andava chafurdado no pecado, mas andava afastado de Deus, era pecador como todos ainda somos. Eu andava no mundo ao sabor das coisas que o mundo me oferecia. Na realidade era como se eu caminhasse em areia movediça; eu cavava um buraco com os próprios pés, um buraco sem fundo, onde fatalmente eu cairia. Eu seria triturado pelo mundo, triturado! Mas felizmente Deus me resgatou; Ele tem um plano para mim, assim como tem um plano de amor para cada um de vocês. Então Deus me tirou da escuridão e trouxe para a luz. Deus me restaurou. O que vem a ser restauração? Restaurar é reconstruir, restauração é consertar o que está estragado, corrigir o que está errado. Deus fez isso em mim e quer fazer em vocês também.

            Se eu estou aqui falando a vocês, se eu estou aqui sendo instrumento de Deus, é porque abri meu coração e deixei Deus agir, deixei Deus fazer a obra em minha vida. E Ele quer fazer o mesmo em você. Abre o seu coração e deixe Deus ser Deus e agir em você; deixe Deus ser Deus e fazer a obra em sua vida. Não queira ser maior que Deus, não impeça a realização da obra de Deus em você, não se entregue ao mundo, pois o mundo vai lhe engolir. O mundo vai lhe engolir! Abre seu coração, entregue seus caminhos ao Senhor e deixe Deus acontecer na sua vida; sua vida vai mudar, mudar p’rá melhor.           

            Hoje à noite, ao deitar, no silêncio do seu quarto, pense nestas palavras, pense no que você ouviu (leu) aqui e fique atento, preste atenção ao que Deus fala ao seu coração. Faça isso, faça isso e com certeza o céu vai se abrir sobre você e as bênçãos de Deus vão acontecer na sua vida. Amém.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Ez 46,1-6 – Memorial de Sacrifício

 


 

 

 A leitura descreve prescrições para uma cerimônia ritual. Em dias determinados haveria sacrifícios, holocaustos; a tudo isso o povo era convocado a comparecer. Transpondo para os dias atuais, podemos comparar – guardando naturalmente as devidas proporções – com nossa missa dominical. Deus poderia nos ter dado a passagem do Evangelho onde Jesus institui a eucaristia, ou a passagem de Atos dos Apóstolos em que a comunidade se reunia no primeiro dia da semana para celebrar a ceia do Senhor, a fração do pão. Mas Ele nos deu essa Palavra e com um propósito: Ele quer nos mostrar que o sacrifício da missa é um preceito, é lei!

            A Santa Missa é a rememoração do Evangelho; vida, paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus, o cordeiro sem mácula, que se doa a cada missa. Jesus, presente na Palavra proclamada, com presença real na Eucaristia, presente nos corações de cada fiel que efetivamente participa da celebração eucarística. Jesus, homem e Deus, de quem diz Sto. Agostinho: “Jesus era tão homem que não parecia Deus, e ao mesmo tempo tão Deus que não parecia homem”.

            Jesus enquanto homem teve ações corriqueiras como qualquer um de nós, menos o pecado. Nunca foi político, revolucionário, ou instigador das massas populares; foi profeta. Portanto não temos que nos preocupar com o Jesus histórico, sim com o Jesus divino, o Emanuel, Deus conosco. Jesus histórico deixemos com os historiadores e suas especulações. Há alguns até que tentam provar que Jesus nunca existiu. Argumentam que historiadores de renome na antiguidade não citam Jesus; e quando há citações fora da bíblia (esta para eles não conta) dizem que são documentos e escritos fraudados. A falta de fé endureceu seus corações e cegou-lhes a alma.   Graças a Deus por Jesus não ser citado simplesmente como um personagem histórico, pois por certo sua doutrina seria totalmente deturpada. Por sabedoria e previdência divina isso não aconteceu.

            Certa vez Jesus perguntou aos apóstolos: “Que dizem quem sou?” Pedro respondeu: “Tu es o Cristo, filho do Deus vivo”.Ele pergunta o mesmo a vocês agora. Para vocês quem é Jesus? Em várias passagens bíblicas Ele mesmo dá respostas: Para aqueles que ainda não conhecem Jesus, Jo 10,10.(...). Para quem vive nas sombras do pecado, Jo 8,2 (...). Para quem já deu o primeiro passo, Jo 14,6 (...). Para quem confia, assumiu um compromisso com Deus, Sl 22 (23),1. Finalmente, como S. Paulo em Gl 2,20 (...). Aquele que se entregou inteiramente a Jesus. Para este Jesus é o centro de sua vida, o Senhor absoluto de tudo, ouve e obedece a Deus; tem vida de oração. É comprometido com a igreja, os sacramentos, à comunidade. Se assim formos, totalmente dependentes de Deus, seremos merecedores de toda graça. Então, quando batermos à porta estreita, esta se abrirá e seremos recebidos por Maria, que com um sorriso, nos tomará pela mão e nos levará até Jesus na glória eterna. Amém.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Sf 1,14 – 2,3 - O Dia do Senhor

 

 


 

 O trecho referente ao cap. 1 retrata o dia do Senhor; a manifestação do poder, podemos até mesmo dizer, da ira de Deus, não contra seu povo em si, mas contra o povo pecador. O cap. 2 nos mostra um apelo a conversão, ou seja, mesmo sob a ameaça de seu terrível dia, Deus deixa aberta a porta da conversão; a salvação é oferecida àqueles humildes de coração, aos que submetem-se a sua vontade.

            Este texto, já nos tempos em que foi escrito suscitou inúmeras interpretações. Foi entendido como a ruína de Israel, devido a seus pecados; entendido tempos depois como castigo aos povos opressores de Israel e finalmente, como entendido hoje,  julgamento, ou seja, triunfo dos justos frente ao castigo dos pecadores.

            O v.18 adverte que nem ouro e prata, tesouros mundanos, hão de livrar a quem tem culpa, do merecido castigo. Isto remete a Dt 4,23s; daí concluímos que os ídolos modernos – dinheiro, poder, fortuna material – não salvam ninguém. Só Deus pode nos livrar do mal e do castigo no juízo final. Não sabemos dia e hora do retorno de Jesus. Não sabemos nem mesmo quando seremos chamados à sua presença. Portanto cada uma de nós viva intensamente como se cada dia fosse o último. Viver intensamente para o cristão é buscar incessantemente a santidade, é vivenciar dia a dia a Palavra de Deus. São João Bosco dizia: “Viva cada dia como se fosse o primeiro, o único e o último dia de sua vida.”

            Jesus há de voltar glorioso porque assim diz a Escritura e a Escritura não mente. Entenda você objetivamente ou subjetivamente esta Palavra, não importa, Jesus voltará! Porque a Palavra de Deus é real e verdadeira. Jesus poderá retornar hoje, amanhã, daqui a um, dois, cem, mil anos, com certeza Jesus voltará. Temos que estar preparados, pois Ele virá resgatar sua Igreja, como em Ap 21. Estejamos prontos para apresentarmo-nos a Deus puros e santos, irrepreensíveis, para não sermos rejeitados. Estarmos vivos com Ele e não mortos longe Dele!

            Apesar das mazelas que vivemos no último século (século XX). Um século cheio de guerras, abominações, cataclismos, epidemias, tragédias como nunca antes vistas, Deus nos ama e por isso nos chama à conversão. Abra os braços e com os braços abra também o coração e clama a Deus que envie a você, o Espírito Santo para ajuda-lo a trilhar seus caminhos. Deus é compassivo e misericordioso; Ele não quer que o que foi lido efetivamente aconteça. Escreveu tudo isso para nos advertir, chamar nossa atenção e nos voltarmos para Ele e para Jesus Salvador. Mas infelizmente a humanidade é surda. Surda e desobediente; não ouve e quando ouve não obedece. O mundo precisa ser mudado. E pode ser mudado a partir de mim, de você, de nós. Se conseguirmos, com o auxilio do Espírito Santo mudar a nós mesmos, seremos capazes de com o mesmo auxilio, fazer mudar a quem estiver a nossa volta, e assim sucessivamente, como uma onda, mudar a muitos como um tsunami de amor, levando vida, não morte!

            Encerramos com a citação de Hb 9,28: “...Assim Cristo se ofereceu uma só vez para tomar sobre si os pecados do mundo, e voltará uma segunda vez, não em razão do pecado, mas para trazer a salvação aqueles que o esperam.” Esperemos por Jesus! Amém.


sábado, 2 de janeiro de 2021

Mt 2,1-12 – ADORAÇÃO DOS MAGOS

 


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a última pregação falamos de alguém antipático de quem queremos distância. Hoje, ao contrário, falaremos de alguém que nos ama muito, que venceu a morte e é luz em nossas vidas. Vamos abrir a Bíblia em Mt 2,1-12.

            A passagem bíblica em foco é repleta de simbolismos. Cada fato descrito tem uma significação especial. A adoração dos magos a Jesus menino foi o cumprimento das profecias messiânicas em Isaias 49 e Salmo 71 (72).  A leitura também apresenta a salvação oferecida a todos os povos da terra, representada no encontro de Jesus pelos reis magos, que eram pagãos vindo de uma terra distante. A atitude de Herodes querendo achar o menino, com o intuito de elimina-lo, representa o inimigo induzindo o mundo a nos tirar a salvação. Os presentes: ouro, incenso e mirra, simbolizam a realeza de Jesus (o ouro), sua divindade (o incenso) e sua paixão e morte (a mirra – um perfume, usado para embalsamar corpos a serem sepultados). A leitura também trata da epifania, ou seja, a revelação de Jesus ao mundo. Ele quer hoje se revelar a vocês, ele quer se apresentar a vocês.

            Os magos foram atraídos a Jesus por uma luz brilhante. Que luz os estão atraindo? O brilho falso das coisas do mundo, ou a moção do Espírito Santo os guiando até Jesus? Os magos adoraram o rei que havia nascido; abriram seus tesouros, ofereceram-lhe presentes e partiram. Voltaram por outra estrada, por outro caminho. Irmãos, quem encontra Jesus, quem conhece verdadeiramente Jesus, quem tem um encontro pessoal com Jesus não fica no mesmo caminho, deixa os atalhos para seguir o verdadeiro caminho, verdade e vida que é o próprio Jesus. Quem encontra Jesus não pode continuar na mesma vida. Muda, converte-se, volta por outro caminho.

            Jesus veio ao mundo, pisou nosso chão, nos ensinou sua doutrina, nos apresentou o reino de Deus – seu reino – e morreu; morreu na cruz por nós. Ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu. Mas não nos deixou sós, não nos abandonou, pois são suas as palavras: onde estiverem dois ou mais reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles. Jesus nos derramou o seu Espírito Santo e está presente na Santa Eucaristia e na leitura orante dos Evangelhos. No entanto muitos de nós, muitíssimos, o buscamos somente pelos milagres, pelas curas. Buscamos Jesus pelo que ele pode fazer e não pelo que ele já fez, que foi nos dar a salvação. Esquecemo-nos que cada milagre realizado, cada cura, aponta para algo maior, a salvação. O objetivo final não é simplesmente a cura que é transitória, mas a salvação, que é a cura completa e definitiva.

            Jesus tira toda dor, toda angustia, toda tribulação. Ele tirou de mim, me curou e continua curando. E quer tirar de vocês também toda dor, mágua, todo ressentimento, falta de perdão, sofrimento... Pode ser que demore, pode ser que ele tire tudo isso agora, já, nesse instante. Depende de vocês, depende da abertura de seus corações, depende da maneira como vocês se colocam diante de Jesus. Em suma, o tempo da ação de Deus vai depender em grande parte da dimensão da nossa fé. Por isso creia meu irmão, minha irmã. Acreditem; Jesus está aqui para os curar, para os libertar, para dar vida plena e abundante. Amém.