sábado, 29 de agosto de 2020

Ml 2,5-7 – Testemunho e Contra Testemunho



O
 profeta Malaquias fala do amor de Deus por Seu povo. Mas também adverte que bênçãos não acontecem devido ao mal proceder do povo, negligência dos sacerdotes, desrespeito ao matrimônio, divórcios, adultério, enfim, no descumprimento dos preceitos legais e divinos. Prosseguindo a leitura, isto fica evidente no v. 8. Ver também Mt 23,13.15.
            Como fazer para dar bons testemunhos, ser exemplos a seguir? Qual é a chave, qual o segredo? O segredo não é nada secreto, aliás, nem é segredo: Eis o segredo (a Bíblia). Ler atentamente, buscar o entendimento, vivenciar, experimentar, praticar a Palavra de Deus. A chave é o próprio Jesus, que abre todas as portas; o que Jesus fecha ninguém abre, o que Ele abre ninguém fecha (Ap 3 ).
             Chave... chave do coração... Deus nos deu a chave de nosso coração, que só abre por dentro, pela nossa vontade e arbítrio. Sabemos que não somos transformados por nós mesmos, não somos capazes de nos salvar por nossos próprios méritos. Se somos transformados por Deus, como isso pode acontecer se Ele mesmo não abre o nosso coração? Boa pergunta. Ocorre que Deus constantemente pede que abramos a porta do coração – “Eis que estou à porta e bato...” (cf Ap 3,20). Se é Deus quem age e faz em minha conversão, ficarei esperando Ele agir, certo? Errado! Você vai ficar esperando, esperando... e enquanto espera vai escorregando para o abismo. Temos que abrir a porta e deixar Deus agir. Quando Ele bater, abramos e deixemos aberta; assim, Ele faz a obra, nos transforma, nos converte, nos restaura.
            Viver sob a ação do Espírito Santo. Viver sob ação do Espírito Santo é abrir o coração e deixar que Ele dirija nossas ações, nosso pensar, nossa vida enfim; é se deixar levar pelo Espírito de Deus. Quem está sob a ação do Espírito não está submisso a lei. Não que esteja acima da lei, não, mas porque quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo segue os passos de Jesus e Jesus nunca transgrediu, nunca errou, nunca desobedeceu. Jesus é o caminho que leva ao Pai, a verdade que liberta e a vida plena e abundante, a vida eterna.
            Jesus nunca lhe perguntou se você aceitaria que Ele derramasse um pouquinho do seu sangue por você; nem sequer cogitou se você seria merecedor ou não. Ele simplesmente foi e derramou todo o Seu sangue por você! Todo o sangue. E o sangue de Jesus é precioso demais para que se perca, para que seja derramado em vão. Por isso temos que ser dignos, aceitarmos de coração aberto o sacrifício de Jesus. Temos que mostrar isso em nossas vidas, testemunhando, sendo exemplos vivos do Evangelho e espelhos fiéis das obras e ensinamentos de Cristo.
            Acolhamos com amor os irmãos pecadores (mais pecadores que nós), sejamos espelhos, bons exemplos, com o fim de resgatar as ovelhas perdidas do Senhor. Porém sejamos cuidadosos. Não devemos em nome do perdão e da misericórdia, confundir acolhimento fraterno com permissividade, assim como em nome da retidão e da justiça usar de severidade excessiva, trocando zelo por intolerância. Que Deus nos abençoe e nos guarde contra todos os males, principalmente nos dê discernimento e bom senso para que ao nos defrontarmos com maus exemplos e contra testemunhos, não discriminemos o pecador, mas jamais aceitemos o pecado. Amém.




   

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

I Cor 15,19-28 – ESPERANÇA



P
aulo testemunha que devido a realidade da ressurreição de Jesus Cristo e da certeza de nossa própria ressurreição, sua fé não era inútil nem vazia.
            A Palavra nos lembra e de certa forma exorta a olharmos para frente, visando um futuro além do horizonte material. Pessoas fazem provisão para o amanhã, cadernetas de poupança, não é assim? Desta maneira buscam garantir o futuro da família, dos filhos e de si próprio. Devemos pensar no futuro não simplesmente como o dia de amanhã, o futuro imediato, mas sim pensar no futuro como eternidade. Porque haverá um dia, quando caírem todas as nossas imperfeições – assim esperamos – estaremos diante de Deus e O veremos tal qual Ele é! Veremos então, o que olho nenhum viu e ouvido nenhum jamais ouviu! (Estas são palavras da escritura, não minhas; vêem portanto do coração, não da mente). Em vista do exposto, nossa caderneta de poupança deve ser espiritual não material, nossos tesouros devem estar no coração, não no cofre.
            Deus nos criou perfeitos como Ele mesmo, à Sua imagem e semelhança. Mas o pecado nos desfigurou. Em Adão perdemos a imortalidade e a graça original; vaidade, orgulho, soberba, auto suficiência e desobediência geraram o pecado e com o pecado a dor, o sofrimento, doenças, morte.  Mas veio alguém que tudo venceu, inclusive triunfou sobre a morte. Com Adão vieram o pecado e a morte, com Cristo a graça santificante e a vida eterna. Em Adão abundou o pecado, em Jesus a graça é superabundante!
            Tem gente que sabe que algo é errado e mesmo assim, faz. Nada importa, para esses tudo é permitido, tudo convém. São amantes do pecado, capazes de lutar para ganhar o mundo, mas não se disponibilizam para Deus. Querem tudo do mundo e perdem a graça da salvação. O cristão não é, não deve e nem pode ser assim. Nossa esperança reside naquele que morreu e ressuscitou para nos salvar e garantir a eternidade junto ao Pai Celeste. Vivamos intensamente nossa fé, vivenciemos com fervor a Boa Nova de Cristo para alcançarmos a salvação e podermos adentrar um dia o Santo dos Santos. Como nos diz São João Bosco: “Vivamos como se cada dia fosse o primeiro, único e último de nossa vida.”
            Haveremos, um dia, de ver Deus face a face. Enquanto não chega esse dia, vivamos nossa obscuridade com fé, enxergando-O como que através de um véu, à contraluz. Vivamos de modo que quando advir a hora, possamos adentrar o Santo dos Santos e permanecermos resplandecentes com Ele na eternidade. Amém!







sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Ct 2,1-4 – Igreja Noiva de Deus



J
esus gostava de ensinar por parábolas. Fazia parte de sua pedagogia, seu método de ensino. Parábolas são pequenas estórias com um fundo moral. Através das parábolas Jesus transmitia a sua verdade. Algumas parábolas de Jesus eram simples, de fácil entendimento, outras muito difíceis; e isso tinha um propósito. Para os que estavam próximos, seus discípulos, o próprio Jesus as explicava. Por isso dizia: “a vós será dado o entendimento das parábolas, aos outros porém, estes ouvirão e não entenderão”. Refere-se aos que estão longe dele, afastados e não querem aproximar-se.
            Em nossa reunião semanal o Senhor mostrou, em visão, uma vela apagada e virada para baixo. Discernimos que isso significava apagamento da fé e distanciamento de Deus, da igreja. Estamos arrefecendo nossa fé, esfriando nosso ardor. Urge retornar ao primeiro amor, às promessas do batismo. É preciso, repito, retornar ao primeiro amor; ajoelhar-se diante do Santíssimo; abraçar a cruz. Reavivar a chama, soprar as cinzas sobre a brasa; sim, há uma brasa viva sob as cinzas. Deus não nos chamou à toa! Por isso Ele nos deu essa Palavra do livro dos Cânticos como uma parábola para nós.
            O livro Cântico dos Cânticos é um belo poema de amor. Retrata o amor entre homem e mulher, mas podemos ver também como o amor de Deus por seu povo, de Cristo por sua Igreja. O noivo, o próprio deus; a noiva, a Igreja. Ao lermos o versículo 4 (...) Numa casa onde se bebe vinho em sinal de amor. Onde o vinho é oferecido e o pão repartido? Na Eucaristia, presença real de Jesus que se doa a cada um de nós por puro amor. Na igreja nos reunimos para louvar a Deus, para receber os sacramentos, para avivar a chama do amor, para receber e apresentar Jesus ao mundo. Entretanto, tantos católicos perdem a identidade cristã, esfriam a fé, esquecem as promessas do batismo. Quantos católicos estão bebendo dos dois cálices! E não refiro aqui à idolatria das falsas doutrinas – isso é outro assunto – refiro-me às coisas do mundo mesmo. Quantos deixam a Igreja, deixam de participar das atividades comunitárias para ficar em casa refestelados em suas poltronas vendo TV, assistindo novelas. Quantos trocam a missa por futebol, por churrasco. Por isso, “...acorda tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará” (cf. Ef 5,14). Volte para a casa de Deus, como diz S. Paulo: “A Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade”. (cf. 1 Tm 3,15). Que Igreja é essa? Não é a Igreja Protestante, eles não estavam lá. É a igreja de Paulo, nossa Igreja! A Igreja Católica Apostólica Romana, presente na face da terra desde aqueles tempos.
            Desperta, levanta-te, afasta-te dos mortos pelo pecado, reacende a chama, coloca-te à luz de Cristo! Amém.   

sábado, 8 de agosto de 2020

Tobias 3 – Pecado e Conseqüências



T
obit clama a Deus e o Louva por sua bondade e justiça, apesar de suas tribulações (Tb 3,1-6). Tobit sofria as conseqüências do pecado. Não tanto de seu pecado pessoal, mas dos pecados do mundo, dos pecados de seu povo. Como hoje em dia sofremos também as agruras, não somente de nossos pecados, mas do pecado que assola o mundo, suas mazelas, maldade, falta de amor. Também nós, como Tobit, devemos reconhecer que acima de tudo isso, nosso consolo, fé e esperança estão em Deus e seu infinito amor.
            Deus nos ama apesar do que somos e fazemos. Ele nos criou para a perfeição, à sua imagem e semelhança. Mas o pecado nos desfigurou; por vontade própria nos afastamos do Criador e perdemos a graça, rejeitamos o amor de Deus, trocando-o pelo pecado.
            O pecado surgiu com a desobediência, insuflado pelo diabo em forma de serpente, como relatado no Gênese. Com o pecado veio ao mundo a dor, o sofrimento, a doença, a morte. O mundo é pecador por causa do diabo. Não que as pessoas estejam endemoniadas, não é isso; porém o diabo influencia, espalha suas armadilhas e nós, ingenuamente caímos nelas, nos deixamos seduzir por seus engodos. Ele é um predador, um caçador e nós, sua caça, suas vitimas. O diabo sutilmente infiltra-se entre nós e nos apanha em nossas fraquezas, capturando-nos. Mas Jesus é nosso Salvador e vem em nosso socorro, pois Ele já nos resgatou com seu sangue (Cl 2, 13ss). Jesus já rasgou a carta condenatória na qual o diabo nos acusa.
            Devemos aceitar e reconhecer a remissão oferecida por Jesus, através o arrependimento e o pedido de perdão, a fim de nos reconciliarmos com Deus. Devemos buscar a confissão, não somente a confissão direta a Deus na intimidade de nosso coração, ao reconhecermo-nos pecadores, como também a confissão sacramental, para que tenhamos reconhecidamente o perdão de Deus através do sacerdote. Devemos sim, buscar a confissão sacramental, onde encontra-se o perdão, a cura das angústias e a libertação das cadeias do pecado. Como ouvi certa vez numa pregação do Prof. Felipe Aquino: “O confessionário é o único tribunal do mundo onde confessamos-nos culpados e saímos inocentes”.
            O Senhor nos fala em profecia: “Filhos, quero vos colocar em meu colo. Quero afagar vossa fronte, afagar vosso coração. Vos dou a paz. Vos dou o que procurais no mundo e não encontrais, porque só Eu posso dar. Despojai-vos das coisas exteriores, vinde para meus braços. Vossas lágrimas, vosso sofrimento, não me aprazem. Vinde para meus braços”. O pecado só te faz sofrer, só te causa angústia e desolação. Por isso Deus te quer junto a Ele. Só Ele tem o que você precisa, só Ele pode te livrar do pecado. Só junto dele podemos resistir às tentações. Por isso Ele pede que deixemos as coisas exteriores. Coisas exteriores são as coisas do mundo, tudo aquilo que precisa e deve estar fora de nossos corações. Amém. .