sábado, 25 de abril de 2020

Dn 1,8-15 – PUREZA



D
aniel fora retirado de Jerusalém e levado para Babilônia. Lá ele e seus companheiros foram escolhidos e separados para serem treinados e postos a serviço do rei Nabucodonossor. De imediato foram colocados diante de um grande desafio: se macular com a alimentação real, considerada impura pelos judeus, ou permanecer fiéis a aliança, aos preceitos legais.  Eles escolheram ser fiéis a Deus, permanecendo puros e embora tenham recusado o alimento aparentemente superior da mesa do rei, eles se nutriam, tornaram-se robustos e de aparência melhor que os demais.
            O que é alimento puro ou impuro? Para os judeus, certas carnes proibidas pela lei mosaica, tais como, porco, coelho, certos peixes e outros. Mas Jesus veio reformular a lei e não faz restrições a nenhum tipo de alimento. Em Mc 7, diz Jesus que o que nos torna impuros não é o que entra, mas o que sai de nossa boca. Assim de certa forma Ele permiti-nos consumir qualquer coisa, desde que saudável obviamente. Em At 10, Pedro em oração tem a visão da grande toalha descendo do céu cheia de animais que ele considerava impuros e a voz de Deus a lhe dizer: Pedro, toma de cada um deles, mata e come. À resposta de Pedro que diz não comer nada impuro, o Senhor o repreende: Não digas tu que é impuro aquilo que Eu purifiquei!
            Porém o que esta Palavra tem para nós não se refere a alimentos, refere-se à pureza espiritual. O que é puro e impuro? Impuro é a sujeira que o mundo nos oferece, é o lixo embrulhado para presente que o mundo nos empurra. Pureza nós encontramos em Deus e na sua Palavra. Quantas vezes somos criticados por estarmos na Igreja, frequentarmos assiduamente a igreja. Dizem que perdemos tempo, deixamos a vida passar nos ocupando de coisas sem graça. Muito ao contrário, encontramos a graça de Deus, não perdemos tempo e ganhamos vida, vida nova em Jesus. Às vezes nós mesmos somos assaltados por tentações do tipo: “Porque devo fazer somente o que Deus me pede? Porque não fazer minha própria vontade? As respostas de Deus são demoradas, lentas e nem sempre são o que eu desejo. Além do mais, segui-lo implica renúncia, privar-me de coisas que eu gosto. Que mal há em buscar atalhos que me tragam uma satisfação imediata? Porque me privar de algo que parece bom para mim?” Dessa forma nos deixamos enganar, colocando Deus de lado, preferindo as falsas promessas do tentador, do impostor.
            O mundo faz propaganda maciça das suas mentiras, de suas veleidades, de suas fraudes. As coisas de Deus, porém, são simples, singelas, mas nos fazem bem, nos nutrem como o alimento simples que Daniel e seus amigos escolheram. Deus não faz estardalhaço nem propaganda espalhafatosa. A Palavra de Deus (Bíblia) eis sua propaganda, alimento para nossa alma. A Eucaristia, Deus vivo que se doa a cada dia, eis sua propaganda, alimento para nossa alma.
            Devemos ser puros simplesmente porque nada impuro, sujo, maculado pode apresentar-se diante de Deus. Ele nos quer ver diante dele, Ele pede que nos purifiquemos, Ele quer, Ele nos exorta a buscarmos sua Palavra, sua Igreja, o Senhorio de Jesus para que possamos quando chegada a hora, estar diante Dele e assim permacecermos para sempre.  O céu clama por nossa santidade, por nossa purificação. Maria chora lágrimas sentidas quando um filho seu se perde nas trevas. Jesus se entristece ao ver uma alma se perder, cair nas profundezas do abismo; cada alma perdida é como uma gota do sangue de Jesus que se desvanece.
            Eu quero a santidade, eu quero a vida, eu quero a salvação e você também quer , certamente. Amém.
(sinopse de pregação)

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Zc 6,9-15 – Renovação



O
 povo hebreu voltava do exílio na Babilônia e buscava a reunificação e identidade nacional. O povo precisava de renovação, uma nova esperança. Daí então Deus suscita o profeta e o exorta para que ele reúna os sacerdotes e homens influentes para anunciar a futura vinda do Messias, conforme também escrito em Sl 88,20 e Jr 23,5. Isto fica claro no v.12 (...). Gérmen, ou rebento, ou renovo é um broto de vegetal, uma semente germinada. Biblicamente gérmen representa a perspectiva da vinda do Messias, significando algo novo que chega para fazer novas todas as coisas.
                Nós sabemos que o Messias já veio. É Jesus, Jesus Cristo Nazareno. E veio pra que? Para fazer novas todas as coisas. Além da salvação que Ele nos trouxe, da vida plena e abundante, Ele quer nos transformar, quer nos renovar. Ele veio renovar você!  - Eu já sou convertido. – É convertido, mas precisa ser renovado!
                S. Paulo em Rm 12,2 nos exorta (...). Essa renovação que Paulo nos fala é diferente de conversão. Conversão é o primeiro passo, a virada radical. Passo esse que deve ser reiterado, confirmado, renovado a cada dia. Essa mudança diuturna, constante, é que chamamos renovação. A parábola do filho pródigo nos mostra nitidamente essa diferença: O filho mais velho, o tempo todo junto ao pai, era convertido por certo. No entanto ele teve ciúme, inveja, ressentimento. Vê-se que ele precisava ser renovado, mudado, curado de suas mágoas. O pródigo, ao arrepender-se e ser perdoado converteu-se, mas a partir daí também precisará ser renovado a cada dia, para livrar-se vez por todas das tentações do passado.
                Ao longo de nossas vidas somos formados por ensinamentos, filosofias e valores do mundo que nos cerca, tanto bons como maus. Quando conhecemos Cristo tudo começa a mudar – Em verdade há um conflito interior – Recebemos um novo coração, uma nova unção, mas de certo modo continuamos a nos comportar como antes. Por isso S. Paulo nos adverte em Ef 4,22ss (...) temos que renovar nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas atitudes, temos que nos renovar por inteiro. Porém não nos renovamos por si sós; somos renovados pela ação do Espírito Santo. Essa renovação ocorre quando nos abrimos e deixamos o Espírito Santo agir. Deus nos renova à medida que nos entregamos a Ele! Convertidos somos todos, mas todos  sem exceção, precisamos ser renovados, confirmando nossa conversão todos os dias. Precisamos buscar incessantemente a santidade, vivendo para ser santos.
                Certa vez ouvi alguém – falando da morte – dizer que somos casulos. Que nosso corpo é só um invólucro; que ao morrer somos transformados, etc... Eu não sou um casulo, nem vocês. Somos imagem e semelhança de Deus, somos templos vivos do Espírito Santo. Casulo é invólucro de inseto e Deus não é uma borboleta; Deus é Deus! Essa filosofia é poética, bonitinha, mas na verdade é um pensamento esotérico. Ninguém é transformado, mudado, depois da morte. A salvação é aqui, agora, enquanto estamos vivos em corpo e alma. A transformação, restauração, reconstrução, renovação é aqui. Ninguém é transformado, ninguém deixa de ser o que é depois da morte. Verdadeiramente não há outra vida, há uma única vida que é eterna. Quando morremos, quando nosso corpo morre, passamos para a eternidade. Após a morte, puros espíritos, somos como os anjos, não podemos ser modificados e por isso a salvação nos é oferecida aqui, enquanto estamos na carne. Após a morte do corpo só há dois destinos: inferno (tormento eterno) e céu (glória eterna), mesmo que a caminho do céu passemos pelo purgatório, onde resquícios de pecados, não os pecados, nos são lavados. Infelizmente em nosso meio há gente que almeja simplesmente o purgatório; ouvi, na igreja, alguém dizer que se “pegasse um purgatóriozinho estaria satisfeito”. Quem pensa assim não quer compromisso com a verdade evangélica; talvez tenha saudades do pecado. Buscar o purgatório é como andar no fio da navalha, se resvalar o pé, cai no inferno! Quem busca o céu, na pior das hipóteses, passa pelo purgatório que é caminho do céu!
                Precisamos nos renovar, o mundo precisa ser renovado. O mundo precisa de paz.
Precisamos converter-nos, precisamos reafirmar nossa conversão, precisamos converter o maior número possível de pessoas a nossa volta. Precisamos fazer a nossa parte. Se irmão ajuda irmão e assim por diante, o mundo por certo fica melhor. Somos incapazes de mudar o mundo, somos incapazes de mudar a nós próprios, mas podemos apresentar ao mundo aquele que tudo pode, o que faz novas todas as coisas: Jesus! Amém.
(sinopse de pregação)




sexta-feira, 10 de abril de 2020

Eclo 16,1-6 – Filhos Ímpios



M
ais uma vez Deus me colocou diante dos irmãos para anunciar a sua palavra. E a palavra está no livro do Eclesiástico 16, versículos 1 a 6.      
               Essa palavra fala de filhos ímpios. Mas eu não posso falar apenas para quem é pai ou mãe e deixar os outros de lado. O Senhor nos deu esta palavra, em oração, para que fosse anunciada a toda a assembléia e não a uma parte dessa assembléia. Assim sendo não vamos tomar o texto de modo formal, ao pé da letra. Vamos estender o sentido desta passagem bíblica; filhos nós vamos entender como amigos, amizades, frutos do nosso convívio social no trabalho, na vizinhança, na comunidade.

            Vamos agora meditar versículo por versículo:
V1(...) – Não devemos nos alegrar em termos muitos amigos se esses amigos não comungam da nossa fé em Cristo.
 V2(...) – Não devemos confiar nesses falsos amigos, nem nos deixar levar por sua vida de pecado.
Vv3-4(...) – Ímpio significa sem piedade. Aqui usados no sentido de afastamento de Deus, vida de pecado, longe da Piedade Divina.
V5(...) – Um exemplo é Abraão. Abraão foi homem sensato, fiel a Deus e teve por posteridade todo o povo de Israel. Nós somos os herdeiros das promessas de Deus a Abraão, somos o povo da nova aliança; nova e eterna aliança em Cristo Jesus, nosso Salvador.
V6(...) – Este versículo é um testemunho do subscritor. Subscritor é aquele que escreveu. O autor é Deus.
            Tudo que foi visto não significa que devamos desprezar nossas amizades, evidente que não. Amizade é para ser cultivada e amigo é para ser honrado. Devemos sim, selecionar as nossas amizades, as nossas companhias. A Palavra de Deus nos diz que não devemos sentar com os escarnecedores nem buscar a companhia dos ímpios. Alguém por certo deve estar pensando: Jesus sentou-se à mesa com os pecadores! Certo, porém Ele não compactuava com eles, não convivia com eles. Jesus levava a eles sua palavra, o Evangelho. Aos pecadores, não devemos discriminar, devemos tentar converte-los.
            Sabendo que o coração do homem é terreno que ninguém pisa, a não ser Deus, quem pode dizer o nome do melhor amigo, aquele em que se pode confiar cegamente? Eu digo: Jesus, Jesus de Nazaré, Jesus Cristo filho de Maria. O único, único em que podemos confiar cegamente.
            Em alguns amigos podemos confiar muito, mas até um certo limite. Só em Jesus podemos fechar os olhos e nos atirar de cabeça, porque temos a certeza de que Ele está de braços abertos para nos amparar.
            Poderemos até ter amigos que se envolvam em lutas corporais por nossa causa e até “tomem uns tapas na cara.” Mas irão cobrar isso de nós pelo resto da vida, seremos seus eternos devedores. Mas Jesus foi espancado, chicoteado, cuspido, crucificado, por nós e de graça, não cobra nada; só nos pede amor, acima de tudo amor a Deus e depois aos irmãos.(Aliás, paradoxalmente, só se pode amar a Deus se amarmos o irmão). Porque Jesus sendo Deus, se fez homem e viveu a humanidade na plenitude, menos no pecado, e disse e está dizendo a cada um de nós: “Já não vos chamo servos, mas amigos”.Só Jesus está conosco 24 horas por dia, cada dia de nossa vida. Só Jesus morreu e ressuscitou por cada um de nós, para nos dar a vida eterna. Amém.
 (sinopse de pregação)

sexta-feira, 3 de abril de 2020

EUCARISTIA ALIMENTO DA ALMA



Assim como nosso corpo necessita de alimento para se manter vivo e saudável, também a alma precisa se fortalecer e se manter sadia. Há varias fontes de nutrição da alma: a Palavra de Deus na Sagrada Escritura, a oração e de modo especial a Eucaristia. Eucaristia que é o próprio Jesus que se dá como pão e vinho.
Nos Evangelhos sinóticos Jesus institui o rito eucarístico, nos apresenta a Eucaristia de modo formal, litúrgico. Mas no Evangelho segundo S. João, a Eucaristia nos é revelada na essência, conforme as passagens bíblicas a seguir: “Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu, porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que crê em mim não terá sede. Eu sou o pão da vida. Vossos pais, no deserto comeram o maná e morreram. Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo que dele comer. Eu sou o pão que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente; e o pão que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. Em verdade eu vos digo, se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e meu sangue verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele ” (Jo 6,32-33.35.48-51.53-56).
O pão e o vinho apresentados no altar, pelo poder do Espírito Santo, são transubstanciados no corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, num renovar continuo de Seu sacrifício de amor. A cada missa Jesus se dá no pão e vinho consagrados como hóstia viva de amor, pois no altar se rememora a vida, paixão morte e ressurreição do Cristo Salvador.
Sim, precisamos de pão para a subsistência do corpo, mas precisamos também – e muito – da comunhão eucarística para que a alma não se fragilize, não adoeça, não definhe. Eucaristia: pão vivo descido do céu. Eucaristia: corpo, sangue, alma e divindade de nosso Senhor Jesus Cristo.  Eucaristia: alimento da alma, fonte de vida. Eucaristia: o milagre nós não vemos, basta a fé no coração.