sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Sofrimento não é de Deus



Sabemos que o mundo não é perfeito. Não o mundo idealizado e criado por Deus, mas o mundo deturpado, corrompido, aviltado pelo homem instigado pelo maligno. Por isso a dor e o sofrimento nos acompanham como uma nuvem sombria que não poucas vezes nos alcança e nos envolve. No entanto, ao ser acometido pelo mal não devemos nos desesperar; entreguemos nosso sofrimento a Deus, ofertando-o, como aquilo que falta ao sofrimento de Cristo para nossa redenção. Isso não significa conformismo, é na verdade resignação, ou seja, estar animoso mesmo na tribulação. Ter animo sabendo que a dor é passageira. “Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações, pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade comprovada produz a esperança” (Rm 5,3-4).
O Senhor Deus de toda consolação nos conforta, para que com sua força possamos nós consolar aqueles que sofrem e que muitíssimas vezes não têm onde se apoiar.
Diante da dor e do sofrimento é costume de muitos dizer: é vontade de Deus. Que imagem distorcida trazemos de Deus em nosso coração! A verdade é que não agrada a Deus o sofrimento do mundo. Quando dizemos que o sofrimento é vontade de Deus, estamos dando uma desculpa para continuarmos instalados em nosso egoísmo, apegados a nossos bens, nosso imobilismo, nossas idéias. Não, Deus não quer o sofrimento. A via crucis não é obra sua, mas nossa. Se tirarmos do mundo as consequências das nossas ações, o que é causado pelo nosso coração; coração tantas vezes cheio de ódio, ganância, libidinoso, apegado ao ter e ao poder, sobraria o que é do Senhor: alegria, bondade, perdão, fidelidade, amor irrestrito. 
O que estamos fazendo? Ficamos esperando, parados debaixo da nuvem, rezando para que ela não desabe sobre nós? Ou, rezando, nos movemos, nos desinstalamos e procuramos abrigo para não sermos atingidos pela tempestade? Mova-se, desfaça-se do excesso de carga, deixe no seu coração apenas o que é do Senhor: um fardo leve, suave, sem arestas; um coração como o dele próprio, manso e humilde.  




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