Sabemos que o mundo não é
perfeito. Não o mundo idealizado e criado por Deus, mas o mundo deturpado,
corrompido, aviltado pelo homem instigado pelo maligno. Por isso a dor e o
sofrimento nos acompanham como uma nuvem sombria que não poucas vezes nos
alcança e nos envolve. No entanto, ao ser acometido pelo mal não devemos nos
desesperar; entreguemos nosso sofrimento a Deus, ofertando-o, como aquilo que
falta ao sofrimento de Cristo para nossa redenção. Isso não significa conformismo,
é na verdade resignação, ou seja, estar animoso mesmo na tribulação. Ter animo
sabendo que a dor é passageira. “Não só
isso, mas nos gloriamos até das tribulações, pois sabemos que a tribulação
produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade comprovada
produz a esperança” (Rm 5,3-4).
O Senhor Deus de toda consolação
nos conforta, para que com sua força possamos nós consolar aqueles que sofrem e
que muitíssimas vezes não têm onde se apoiar.
Diante da dor e do sofrimento é
costume de muitos dizer: é vontade de Deus. Que imagem distorcida trazemos de
Deus em nosso coração! A verdade é que não agrada a Deus o sofrimento do mundo.
Quando dizemos que o sofrimento é vontade de Deus, estamos dando uma desculpa
para continuarmos instalados em nosso egoísmo, apegados a nossos bens, nosso
imobilismo, nossas idéias. Não, Deus não quer o sofrimento. A via crucis não é
obra sua, mas nossa. Se tirarmos do mundo as consequências das nossas ações, o
que é causado pelo nosso coração; coração tantas vezes cheio de ódio, ganância,
libidinoso, apegado ao ter e ao poder, sobraria o que é do Senhor: alegria,
bondade, perdão, fidelidade, amor irrestrito.
O que estamos fazendo? Ficamos
esperando, parados debaixo da nuvem, rezando para que ela não desabe sobre nós?
Ou, rezando, nos movemos, nos desinstalamos e procuramos abrigo para não sermos
atingidos pela tempestade? Mova-se, desfaça-se do excesso de carga, deixe no
seu coração apenas o que é do Senhor: um fardo leve, suave, sem arestas; um
coração como o dele próprio, manso e humilde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário