sexta-feira, 26 de julho de 2019

Veni Creator Spiritus



O “Veni Creator” é um hino da Igreja Católica, em honra ao Espírito Santo. Desde que foi composto, no século IX, esse texto litúrgico nunca deixou de ser ressoado na Igreja em momentos importantes, sobretudo na festa de pentecostes. Foi com essa oração solene que o Papa Leão XIII consagrou o século XX a terceira pessoa da Santíssima Trindade, mesmo século em que surgiu no mundo a Renovação Carismática Católica. Por isso, essa é uma oração de grande significado para a RCC. Clamemos juntos sem cessar: Veni, Creator Spiritus! Vem, Espírito Criador!


Vinde Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os corações com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o intercessor de Deus excelso, o dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.
Sois doador dos sete dons e sois poder nas mão do Pai; Por ele prometido a nós; por nós seus feitos proclamai.
A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli, e concedei-nos vossa paz; se pela graça nos guiai, o mal deixamos para trás.
Ao pai e ao Filho Salvador por vós possamos conhecer que procedeis do seu amor, fazei-nos sempre firmes crer. Amém.


sábado, 20 de julho de 2019

Imagens Sagradas




As imagens nos mostram onde Deus agiu.


Êxodo 20,3-5: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, do que há debaixo da terra, ou nas águas, sob a terra. Não as adorarás nem lhes prestará culto”.
Êxodo 25,18-19: “Farás dois querubins de ouro; os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um ao lado do outro, fixando-os para formar uma só peça com a extremidade da tampa”.
Números 21,8: “O senhor disse a Moisés: faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela conservará a vida”.
Ops! Deus se contradiz? Não, Deus não é homem para mentir nem ter duas palavras. São contextos diferentes, situações muito, muito, distintas. Só não entendem os textos quem é falho de raciocínio ou analfabeto funcional, ou – pior – é mal intencionado, pois entendendo perfeitamente os textos, deliberadamente interpreta erroneamente e assim os ensina. A ordem de Deus é clara: Não terás outros (falsos) deuses diante de minha face. Deus falava ao povo, da arca da aliança, sentado sobre os querubins (Ex 25,22). A serpente de bronze é prefiguração do próprio Cristo.
Quem de sã consciência pode dizer que viu nos templos católicos imagens de deuses? O que se vê são esculturas e pinturas que retratam homens e mulheres cujas vidas foram pautadas por fé inabalável, submetidas ao sofrimento a até ao martírio de sangue em defesa da fé em Cristo Jesus. Gente como nós, cujo exemplo e testemunho de fé devem ser seguidos. Nossa doutrina ensina que logo após a morte vem o julgamento (juízo particular) e aqueles se encontram certamente nos braços do Pai. “Vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. Foi lhes dado vestes brancas e foi dito que aguardassem um pouco mais, até que se completasse o número dos companheiros mártires”. (Apocalipse 6,9-11) – “Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua; conservavam-se de pé diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas nas mãos. Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite no seu templo. Aquele assentado no trono os abrigará em sua tenda”. (Ap 7,9.14-15).
Estão ou não na glória? Ninguém está em estado cataléptico aguardando o juízo final. Já foram julgados pelo Justo Juiz e encontraram graça diante do Altíssimo. O juízo final ocorrerá na parusia de Jesus, quando os que estiverem sobre a face da terra serão arrebatados ao céu ou lançados ao fogo do inferno.
“As imagens do culto católico não são de ídolos; não são feitas para serem adoradas. São veneradas com carinho para recordar o próprio Jesus Cristo, sua mãe, ou alguém que o seguiu de forma extraordinária, a quem chamamos de santos. Com as imagens, relembramos seus feitos, seus ensinamentos. Os fiéis têm por elas veneração, isto é, respeito, admiração, consideração. – O mesmo respeito que têm pela fotografia de uma pessoa que lhes é querida”. Estas são palavras de D. Murilo Krieger, bispo, autoridade eclesial, sendo, portanto voz da Igreja. Imagens nos mostram onde Deus agiu.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Uma fé viva vence a superstição



Vi ou ouvi, não lembro quando, a frase: quando a chama da fé enfraquece, acende a lâmpada da superstição. Fé é a iluminação interior que nos faz crer naquilo que não vemos e/ou ainda não aconteceu. Superstição é crendice, ideia falsa a respeito do sobrenatural. Pela fé, nós cristãos cremos e aceitamos a encarnação da Palavra Viva, Jesus; também pela fé cremos que sua morte de cruz é penhor de salvação para todos; cremos na sua ascensão aos céus e no seu retorno. Ainda pela fé, nós católicos acreditamos na presença real de Jesus na Eucaristia. Portanto, Jesus e seu sacrifício salvífico são o centro da fé cristã.  
Nós católicos cremos também na intercessão dos santos e dos anjos, mas isso não invalida a premissa de que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Isso porque essa intercessão passa por Jesus, ou seja, é efetuada em nome e através de Jesus; de outra forma seria ineficaz, na realidade impossível. Jesus é a ponte que faz chegar ao Pai a súplica dos intercessores, sejam os santos no céu ou nós na terra.
Aqui está de maneira super resumida o âmago da nossa fé. Não é questão dogmática nem doutrinária, é pura e simplesmente questão fundamental da fé cristã. O que estiver fora disso intrinsicamente é contrário aos ensinamentos da Igreja.
A superstição onde entra? Já mencionamos aqui a respeito dos folhetos contendo correntes de oração, novenas às almas aflitas, orações (ditas) poderosas – não de intercessão, mas de atuação efetiva de santos populares – deixadas na matriz paroquial. Quando as encontro, rasgo-as e jogo no lixo. Certa vez ao fazer isso, fui interpelado por alguém que deixara tais correntes; com paciência e afabilidade, apesar de certo destempero inicial da pessoa, expliquei-lhe que aquilo não era o modo adequado de culto, aproveitando a ocasião para anunciar o querigma. Tal pessoa acalmou-se, ouvindo com atenção a explanação que culminou numa catequese básica.  
Por que relato este episódio? Porque muitas pessoas não conhecem sequer o básico, os fundamentos da fé.  Sua fé é fraca, incipiente; não há luz suficiente, apenas um lusco fusco. Aí então, como diz o ditado, a lâmpada da superstição se acende e acende forte. O tipo de superstição comentado é apenas o mais leve. Há piores, totalmente contrários à doutrina da Igreja, tais como a crença em horóscopos, benzedeiras, quiromancia, cristais energéticos, sem citar as falsas doutrinas.
Amados irmãos e irmãs, nos esforcemos para aprender ao menos o mínimo necessário para professar a nossa fé com autoridade e segurança. Sejamos íntimos da Palavra de Deus na leitura diária da Bíblia, aumentando assim a intensidade da fé; consultemos regularmente o CIC (Catecismo da Igreja Católica) para conhecer melhor o que nos ensina a Igreja a respeito dos dogmas e da escritura sagrada.   Assim a chama da fé é intensamente aumentada, iluminando mais e mais nosso coração, nossa mente, e apagando de vez a lâmpada da superstição.


sexta-feira, 5 de julho de 2019

Miserere



Ouvi gente dizendo que o terremoto  acontecido no Haiti foi castigo de Deus. Entre outras bobagens, o que chamou mais atenção foi a suposição de que a prática do vodu tenha sido o motivo da tragédia. Deus todo poderoso teria castigado os pagãos! Como vimos anteriormente, Deus não castiga ninguém.
Cataclismos acontecem; as forças da natureza são incontroláveis. Porém as consequências, a dimensão das tragédias são responsabilidade humana. O homem ainda não encontrou, apesar de toda ciência e tecnologia disponíveis, meios de controlar os fenômenos meteorológicos e atmosféricos, ou seja, não conseguimos controlar a natureza. Mas ainda assim, o grande responsável pelos desastres naturais é o homem. O homem desmata, assoreia cursos d’água, aplaina elevações, causa erosão. Construímos onde não se deve; em encostas instáveis, em várzeas de rios, no sopé de vulcões. Cidades são erigidas sobre falhas geológicas notadamente conhecidas.
E no caso do Haiti? Sem minimizar o poder destrutivo do terremoto, o grande fator que potencializou a tragédia haitiana é a miséria. No inicio do século vinte os americanos ocuparam o Haiti. Defendendo seus interesses, preocuparam-se apenas com o aspecto geopolítico; o povo haitiano...  bem, o povo haitiano que se lixasse... são negros, pobres, incultos... Pobre Haiti: explorado pelos colonizadores franceses, explorados como mão de obra barata pelos americanos, explorados pelos compatriotas da dinastia “Doc” e seus “tonton macoutes”. Se o país tivesse infra-estrutura, instituições operantes, uma defesa civil organizada, por certo a dimensão da catástrofe seria bem menor.
Não, o terremoto não foi castigo de Deus.  Mas as consequências foram resultado do pecado. Não o pecado do sempre sofrido povo do Haiti, mas o pecado do resto do mundo. Mundo que gasta bilhões de dólares, euros, iens, em pesquisas inúteis, dispende fortunas em armamentos, em guerras sem sentido e ignora povos que vivem em situação de miséria extrema. O responsável pela tragédia haitiana não foi Deus. Fomos nós.