Se formos a fundo,
veremos que o ateísmo é uma opção religiosa
Ateu vem da palavra grega
“atheos”, ou seja, aqueles que negam (“a”) a existência de Deus (“Theos”).
Ateu, portanto, é todo aquele que não acredita em Deus, ou seja, em um ser
superior. É uma atitude de descrença perante a afirmação religiosa de que
existem divindades e que elas exercem influência no universo e na conduta
humana. Porém, dentre esses, existem aqueles que militam pela causa da não
existência de Deus e aqueles que simplesmente negam a existência d’Ele por não
achar provas racionais para tal. Esses últimos estão na linha dos agnósticos,
que negam o Senhor, porque Sua existência não pode ser provada. Hoje, no mundo,
por volta de 749,2 milhões de pessoas se dizem não crentes, ou seja, 11% da
população. O país mais ateu do mundo em porcentagem é a Suécia com 85% de
Ateus. O Brasil se encontra entre as populações mais religiosas com 76% de
crentes (pessoa que acredita em alguma forma de religiosidade).
Todavia, se formos a
fundo na questão do ateísmo, vamos ver que a verdadeira descrença em seres
superiores é bem rara. Na verdade, desde sempre, o ser humano é marcado pela
religiosidade, a tal ponto que, na arqueologia, a diferença fundamental entre
restos mortais de primatas e seres humanos é a presença de religiosidade
através de sinais de ritos religiosos nos ossos humanos (sacrifícios) e nos
utensílios que eles usavam. Embora a propaganda pós- iluminista e midiática
insista em querer enganar as pessoas no sentido de que a razão e a fé são
antagônicas, na verdade “a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas
quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade” (São João Paulo
II).
Grandes cientistas
religiosos
É curioso observar que a
maior parte dos grandes cientistas é de religiosos como, por exemplo, Nicolau
Copérnico († 1543), fundador da cosmovisão moderna; Newton († 1727), fundador
da física teórica clássica; Ampére († 1836), que descobriu a lei fundamental da
corrente elétrica, Gaus († 1855), importante matemático alemão; Darwin (†
1882), criador da teoria da evolução; Albert Einstein († 1955), fundador da
física contemporânea e da teoria da relatividade; Millikan († 1953), físico
ganhador do prêmio Nobel de 1923; Plank († 1947), fundador da física quântica e
Nobel em 1918; Erwin Schrödinger († 1961), criador da mecânica ondulatória e
ganhador do prêmio Nobel de 1933; Wernher von Brown († 1977), americano criador
dos foguetes espaciais.
Após essa lista de
crentes, poderíamos fazer outra de famosos ateus, anticlericais, que se
converteram em seu leito de morte, como Voltaire e Antonio Gramsci (conforme
noticiado recentemente em diversos jornais e sites).
É difícil achar um
verdadeiro ateu
A verdade é que muitos
que negam ou desprezam Deus e a religião, tantas vezes buscam o transcendente
(ser ou força superior) de outras formas. Penso que seja bem difícil achar um
verdadeiro ateu. Não é coincidência que, enquanto cresce o ateísmo no mundo,
crescem outras formas mais ou menos veladas de busca de transcendência, como a
fixação por ETs, a atração pelo mórbido, como os zumbis e outros. Coisas ainda
mais sutis revelam a busca de “algo a mais”, como o endeusamento na ciência
pelo cientificismo, a absolutização do prazer no consumismo e até o uso e abuso
de drogas entorpecentes que trazem sensações transcendentais.
Nessas formas veladas de
transcendência podemos ver o risco que o ateísmo pode representar para a
sanidade pessoal e social. Daí, é muito fácil cair em ideologias grotescas como
o comunismo, o nazismo, o feminismo radical e a moderna ideologia de gênero, ou
até as formas bizarras de religiosidade e superstições, que pautam suas crenças
em forças ocultas de objetos, mantras, astros e animais.
O ateísmo é um opção
religiosa
Importante notar que o
ateísmo, na verdade, ele não deixa de ser uma opção religiosa. Se para os ateus
é impossível provar racionalmente a existência de Deus, é preciso dizer que o
inverso é verdadeiro. Ninguém pode provar que Deus não existe. Se não existe
uma definição racional ou científica definida, tudo fica no plano da fé: eu
acredito ou não. Fica claro que o ateísmo tem uma configuração religiosa e isso
se evidencia entre os ateus que militam pela causa ateia como se fosse
realmente uma religião que quer “converter adeptos”.
Querendo ou não, mesmo
que se negue, o amor e o transcendente são a marca mais profunda do ser humano.
A busca da beleza e do amor, impossível aos animais, mostra que o homem anseia
por algo superior e, como Santo Agostinho, lembrando de seus tempos de
paganismo, muitos poderão dizer: “Tarde Te amei, ó beleza tão antiga e tão
nova… Estavas comigo, mas eu não estava contigo. Assim, longe de Ti, me detinha
nas criaturas que nada seriam, se em Ti não existissem”.
André Botelho - Casado e pai de três filhos. Com formação em Teologia
e Filosofia Tomista, Andrade é fundador e moderador geral da comunidade
católica Pantokrator, à qual se dedica integralmente.
http://www.pantokrator.org.br
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