sexta-feira, 31 de março de 2017

Por que transmitimos a fé?

Transmitimos a fé porque Jesus ordenou-nos: “Ide, fazei discípulos de todas as nações!” (Mt 28,19)  

Nenhum cristão autêntico deixa a transmissão da fé apenas ao cuidado dos especialistas (catequistas, párocos, missionários). Somos cristãos para os outros. Isso significa que cada cristão autêntico deseja que Deus chegue também aos outros. Ele diz para si: “O Senhor precisa de mim! Sou batizado, confirmado e responsável para que as pessoas à minha volta façam a experiência de Deus e cheguem ao conhecimento da Verdade.” (1Tm 2,4) Madre Teresa utilizou uma boa metáfora: “É frequente observares fios elétricos ao longo da estrada. Se a corrente não passa por eles, não há luz. O fio é o que somos tu e eu. A corrente elétrica é Deus. Temos o poder de a deixar passar através de nós e, assim, fornecer ao mundo a Luz, que é Jesus, ou de recusarmos que Ele Se sirva de nós, permitindo com isso que a escuridão se alastre”.
PROF. FELIPE AQUINO


sábado, 25 de março de 2017

O que foi a reforma protestante

A Reforma protestante é longa e complicada. Neste texto, vamos dar apenas as informações mais importantes
A Reforma aconteceu no século XVI com o frade agostiniano alemão Martinho Lutero. Foi uma questão religiosa, mas, dado o clima da época, tomou proporções eclesiásticas e políticas que ninguém imaginava. O povo e os príncipes cristãos alemães esperavam a renovação da Igreja, no século XVI, pela eliminação dos abusos, sem alteração da fé e da constituição da Igreja. Isso gerou o “caldo de cultura” da Reforma.


Quem foi Lutero?
Martinho Lutero nasceu, em 10 de novembro de 1483, em Eisleben. Teve infância dura, sujeita, em casa e na escola, à disciplina severa. A partir de 1501, na Universidade de Erfurt, estudou filosofia nominalista com tendência relativista que eliminava a harmonia entre a ciência e a fé.
Certa vez, a caminho da Universidade (02/07/1505), foi quase fulminado por um raio; em consequência, fez o voto a Santa Ana, de entrar no convento se não morresse. Lutero tinha um temperamento escrupuloso e pessimista, temia o juízo de Deus sobre os seus pecados; algo que o deixava inquieto.
Em julho de 1505, à revelia do pai, Lutero entrou no convento dos Agostinianos de Erfurt. Em 1507, foi ordenado presbítero. Em 1510 ou 1511, passou quatro semanas em Roma, onde conheceu a vida da Cúria. Isso tudo, porém, não o impressionou muito nem abalou a sua fidelidade à lgreja. Foi nomeado professor de Sagrada Escritura em Wittenberg. Vivia, porém, inquieto ao pensar na sua fragilidade moral e nos juízos de Deus. Jejuava, praticava vigílias de oração, mas sem conseguir paz.
Estudando as cartas de São Paulo aos gálatas e aos romanos, encontrou uma solução: achou que não deveria se importar tanto com aquilo que fazia, precisava apenas ficar firme na fé e na confiança em Jesus Salvador. Ele dizia: “É a fé, e não as obras boas, que salvam o homem”. Para Lutero, o homem foi totalmente corrompido pelo pecado original e, então, só pode pecar; o livre-arbítrio está vendido ao pecado; não se pode apelar para ele. E a concupiscência desregrada, que é o próprio pecado, é inextinguível no homem. Só lhe resta confiar (ter fé) nos méritos de Cristo, porque ninguém tem mérito próprio.
O surgimento das 95 teses de Lutero
Para Lutero, quando Deus declara o homem justo, não lhe está apagando os pecados, mas apenas resolve não os considerar, cobrindo-os com o manto da justiça ou da santidade de Cristo. Lutero baseava-se especialmente em Rm 1,17: “O justo vive pela fé”; por isso, desprezava a Carta de São Tiago que fala da importância das obras.
Essa doutrina era como que o “Evangelho” de Lutero. Era uma revolução dentro do Cristianismo. Lutero juntou a isso outras teses: a rejeição dos sacramentos, do sacerdócio ministerial, do sacrifício da Missa, da Tradição da Igreja e da hierarquia. Enfim, tudo aquilo que fazia a vida da lgreja Católica.
Lutero era professor em Wittenberg, quando surgiu a questão das indulgências na Alemanha; e já havia a prevenção contra elas por causa de abusos de oficiais eclesiásticos. Lutero insurgiu-se contra o pregador das indulgências, Tetzel, em 31 de outubro de 1517, e afixou na porta da igreja de Wittenbergu, conforme o costume das disputas acadêmicas, uma lista de 95 teses em latim sobre as indulgências.
As teses de Lutero espalharam-se rapidamente pela Alemanha e fora dela, chegando até Roma. A Santa Sé mandou o Cardeal Caetano a Augsburgo para ouvir Lutero (12-14/10/1518), mas não conseguiu demovê-lo de suas posições doutrinárias.
A ruptura com a Igreja
O brado de revolta de Lutero encontrou ressonância fácil entre os príncipes da Alemanha, que tinham antigos ressentimentos contra a Santa Sé por questões políticas. Entre os protetores de Lutero, começou a destacar-se o príncipe Frederico, o Sábio, da Saxônia.
Em 1519, houve, em Leipzig, uma famosa disputa pública, na qual Lutero expôs mais claramente sua doutrina: só é verdade religiosa aquilo que se pode provar pela Sagrada Escritura (princípio básico do protestantismo). Ele atacou o primado do Papa e desprezou a Tradição e o Magistério da Igreja. Então, em 1520, no dia 15 de junho, o Papa Leão X publicou a Bula Exsurge, que condenava 41 sentenças de Lutero e o ameaçava de excomunhão, caso não se submetesse dentro de 60 dias. Em dezembro desse mesmo ano, o frade queimou a Bula e um livro de Direito Eclesiástico em praça pública. O Papa excomungou formalmente Lutero em 3 de janeiro de 1521.
Lutero, então, convocou seus compatriotas alemães para se unirem a ele em três obras: o “Manifesto à Nobreza Alemã”, no qual exortava os príncipes a assumir a reforma da Cristandade, constituindo uma Igreja alemã independente; o “Cativeiro da Babilônia”, que considerava os sacramentos, regulamentados pela Igreja, como um cativeiro – só ficariam o batismo e a ceia operando pela fé do sujeito; e “A Liberdade Cristã”, que concebe a lgreja como uma comunidade invisível, da qual só fazem parte os que vivem da verdadeira fé.
Em 1521, houve a Dieta de Worms, à qual Lutero compareceu na presença do Imperador Carlos V; recusou retratar-se e foi condenado à morte. Mas Frederico o Sábio escondeu o frade no Castelo de Wartburg, onde ficou dez meses (maio 1521 – março 1522) sob o pseudônimo de “Cavaleiro Jorge”. Começou, então, a tradução da Bíblia para o alemão a partir dos originais; foi completada em 1534. No castelo de Wartburg, Lutero sofreu crises nervosas violentas, que ele considerava como assaltos diabólicos.
Enquanto Lutero estava preso, a agitação crescia em Wittenberg; os clérigos casavam-se; a Missa era substituída pelo rito da Ceia do Senhor, em que se recebiam pão e vinho sem confissão prévia nem jejum eucarístico; as imagens dos santos eram removidas. Em 1525, Lutero casou-se com Catarina de Bora, monja cisterciense apóstata, e teve seus filhos.
Fim da vida de Lutero
Os últimos anos de vida de Lutero foram angustiosos para o reformador: além dos aborrecimentos e das decepções, ele sofria achaques corporais; se alastravam a indisciplina e a procura de interesses particulares nos territórios reformados; os príncipes dominavam as questões religiosas. Lutero depositava suas esperanças num próximo fim de mundo. Em 1543, escreveu ansioso: “Vinde, Senhor Jesus, vinde, que os males ultrapassaram a medida. É preciso que tudo estoure. Amém”. – Finalmente, morreu em 18 de fevereiro de 1546, em sua cidade natal de Eisleben. (D. Estevão Bettencourt)
As ideias e o movimento de Lutero tiveram seus ecos fora da Alemanha. Vários reformadores surgiram, partindo todos do mesmo princípio: a única fonte de fé é a Bíblia (Sola Scriptura), lida independentemente do Magistério da Igreja e da Tradição. Entre esses chefes destacam-se: Ulrico Zwingli (1484-1531), que pregou em Zürich (Suiça) e cujos seguidores sem demora se agregaram ao Calvinismo. Outro reformador notável foi João Calvino, em Genebra.
As ideias reformistas de Lutero não eram novas; ele teve vários precursores que defendiam as mesmas teses em séculos anteriores: John Wiclef, na Inglaterra; João Huss, na Polônia; Jerônimo de Praga, Guilherme de Occan e outros.

Prof. Felipe Aquino

sexta-feira, 17 de março de 2017

A PENITÊNCIA E SUAS RAZÕES


Numa sociedade que cria os seus filhos sem limites e como "crianças mimadas", fica realmente muito difícil entender o porquê de se fazer penitência.
Neste episódio de "A Resposta Católica", Padre Paulo Ricardo fala sobre as formas de mortificação e explica, a partir dessa imagem comum do contexto familiar, como podemos educar o nosso corpo para crescermos na vida em Deus.
O corpo humano pode ser comparado a uma criança mimada, aquela que deseja ter todas as suas vontades satisfeitas e, mesmo que isso ocorra, ela ainda é irritadiça, preguiçosa e indolente. Assim é o ser humano, assim é o corpo humano.
Quanto mais come, mais letárgico fica; quanto mais dorme, mais sono tem; e assim por diante. Trata-se da primeira consequência do pecado original, da mãe de todas as doenças: a filáucia, que pode ser definida como o amor de si contra si e cujo lema é “foge da dor, busca o prazer".
Esse lema está muito presente na sociedade moderna, que incentiva a busca desenfreada pelo prazer, pela satisfação de todos os desejos, representado pela “liberdade". Enquanto isso, o ser humano se torna cada vez mais vazio e menos resistente à dor. Não suporta ser contrariado e se desestrutura quando perde algo ou alguém. Pudera, não foi ensinado a isso, não exercitou a moderação, não praticou a ascese e a disciplina.

O tempo da Quaresma está chegando. A Igreja ensina e estimula o católico a praticar o jejum, a oração e a esmola. Essas três formas de penitência são um remédio para o combate das doenças espirituais, sendo que o jejum auxilia no combate à gula, a oração no combate ao orgulho e à soberba, e a esmola no combate à avareza. São exercícios que, se feitos com seriedade, têm a capacidade de arrancar o cristão católico das garras do relativismo que domina o mundo atualmente.

(Pe. Paulo Ricardo)

sexta-feira, 10 de março de 2017

As Armas de um Ministeriado


“Porque, como o corpo é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito.” (I Cor 12, 12-13)
Cada pessoa tem sua personalidade e sua forma de pensar e agir em determinadas situações. Cada pessoa tem uma vocação, dons, capacidades, muitas vezes, específicas. Cada pessoa tem afinidades e gostos pessoais. Mas mesmo com tantas particularidades existe algo que nos é comum: somos filhos de Deus e chamados a viver o amor entre os irmãos como o próprio Cristo nos amou primeiro. (cf. Jo 15, 12)
Amar o outro e partilhar com ele a vida com o objetivo de alcançar a Deus, nos faz unirmos a nossa fé em Grupos de Oração para, juntos, vencermos as adversidades e nos tornarmos mais fortes diante do objetivo maior: o céu.
Vivendo em grupos, formados a partir de muitos membros, estes por sua vez bem diferentes, com posicionamentos, pensamentos e ações distantes e por vezes contraditórias, gera em nós a necessidade de buscar em Deus armas para a vivência cotidiana do Ministério. O servir não é um ‘peso’ ou uma demonstração de sofrimento, mas sim um testemunho para que outras pessoas busquem a Deus a partir da nossa própria doação.
Assim, diante dos enfrentamentos diários que temos a tantos contextos a que estamos inseridos, Deus nos apresenta armas para vivermos o nosso ministério (Cf. 6, 13-18):
A primeira arma que Deus nos apresenta em sua Palavra é a Verdade. Precisamos falar e viver a verdade em nosso cotidiano, que, em dadas situações, pode ser dolorosa, mas necessária para o crescimento espiritual de si mesmo e dos irmãos. A falta de verdade nos afasta de Deus que é “Caminho, Verdade e Vida” (cf. Jo 14,6) e nos leva a caminharmos sozinhos, desarmados e sem vigilância diante das ciladas do inimigo de Deus.
A Justiça é a segunda arma que Deus nos mostra para a boa vivência no ministério a que Ele nos chamou. Não há como ser misericordioso sendo injusto, e também não há como merecer o Reino dos Céus sem viver a justiça (cf. Mt 5, 10). Se errou, perdoe. Se erraram contra ti, não julgue, mas procure sempre o diálogo. Não se deixe enganar pela fofoca ou por críticas sem fundamentação, bem como não permita que barreiras sejam criadas por pensamentos diferentes ou mesmo baixa afinidade pessoal.
A terceira arma apresentada por Deus a nós é a Prontidão. Um ministeriado deve sempre estar pronto a servir.  Sua disposição está no amor que gera obediência. Devemos assumir nossos postos e nos manter abastecidos e de malas prontas à missão que nos espera. Para termos prontidão é preciso aprender sempre a ser prevenido e vigilante (Mt 24, 42), para que, quando for solicitada a nós uma missão, estarmos prontos para a vitória, que não significa humanamente dar sim para todas as missões, mas buscar ouvir de Deus o chamado.
Sendo verdadeiro, justo e pronto para a batalha, a próxima arma que temos de ter é a fé. Ela é o escudo que nos defenderá de nós mesmos e do inimigo. É preciso perceber que Deus é o centro de nossa missão, assim não somos os ‘donos’ da messe, mas simples servos, que por amor obedecem e fazem frutificar. A fé é como o combustível que nos faz lutar até o fim, bem como levantar ao cair e gritar por socorro quando assim precisar.
Por fim é preciso de duas grandes armas: “O capacete da salvação e a Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus”. Sem a vivência espiritual e dos direcionamentos de Deus não é possível uma missão ter sucesso. O ministeriado precisa se alimentar cotidianamente da fonte de toda a força. Seja para protegê-lo como um capacete ou para o ataque como uma espada, o Espírito Santo deve ser o guia de cada uma de suas ações. A leitura de Palavra de Deus, o Santo Terço, a Eucaristia, a Confissão, a Oração Pessoal, o Jejum, a Adoração e o Grupo de Oração semanal são exemplos práticos de como abastecer-se desta força para a batalha.
É preciso perceber que a maior de nossas armas está justamente na mudança de ordem das letras da palavra “arma” - “amar”. É preciso que amemos uns aos outros (cf. Jo 15, 17), pelo amor encontraremos o caminho da boa vivência e do sucesso na vida e em cada missão.

Eder Machado- Grupo de Oração Cristo é Deus – Caucaia (CE)

Coordenador Estadual do Ministério de Comunicação Social da RCC Ceará

sábado, 4 de março de 2017

O Espírito descerá sobre ti


O "século da Igreja", como foi muitas vezes definido o século XX, já se iniciará sob o signo de uma necessidade: o desejo da presença criadora e libertadora do Espírito Santo.[1]
Em 9 de maio de 1897, o Papa Leão XIII publicou a Encíclica Divinum Illud Munus, sobre o Espírito Santo, "lamentando que o Espírito Santo fosse pouco conhecido e apreciado, concita o povo a uma devoção ao Espírito.
Passadas algumas décadas e convocado solenemente no dia 25 de dezembro de 1961, através da Constituição Apostólica Humanae Salutis, a vida da Igreja contemporânea ficará profundamente marcada pelo Concílio Vaticano II (1962-1965).
Teve o Concílio o mérito de recolher e direcionar vozes proféticas do século XIX, que buscaram redescobrir a integridade e o ministério da Igreja, bem como movimentos na primeira metade do século XX, entre eles: Movimento Litúrgico, Movimento Bíblico, Movimento Ecumênico, etc., e que traziam um desejo comum: "renovar a vida da Igreja e dos batizados a partir de um retorno às origens cristãs".[2] Para seu promotor, o Papa João XXIII, o Concílio deveria ser uma "abertura de janelas" para que um "ar novo e fresco" renovasse a Igreja.
Depois de quatro etapas conciliares, o Papa Paulo VI encerrou o Concílio Ecumênico Vaticano II em uma cerimônia ao ar livre, na Praça de São Pedro, no dia 8 de dezembro de 1965.
Tendo também sido qualificado como o Concílio do Espírito Santo, "O Vaticano II foi um verdadeiro Pentecostes como o mesmo João XXIII havia desejado e ardentemente pedido” e, embora a dimensão carismática jamais deixasse de existir na realidade e na consciência eclesial, sobretudo na Lumen Gentium, em seu primeiro capítulo, o Vaticano II nos torna manifesto esta realidade não como algo secundário, mas como fundamental. Segundo este documento a Igreja é intrinsecamente carismática.
Não se havia passado um ano sequer ao término do Concílio, quando em 1966 começou a despontar o fenômeno religioso chamado Renovação Carismática. Não sendo, pois, um acontecimento isolado, podemos localizar a Renovação Carismática como um dos desdobramentos da evolução da espiritualidade pós-conciliar. A Renovação Carismática Católica, ou o Pentecostalismo Católico, como foi inicialmente conhecida, teve origem com um retiro espiritual realizado nos dias 17-19 de fevereiro de 1967, na Universidade de Duquesne (Pittsburgh, Pensylvania, EUA).
Na perspectiva do Cardeal Suenens, João XXIII estava consciente de que a Igreja necessitava de um novo pentecostes e acrescenta: “Agora, olhando para trás, podemos dizer que o concílio, indicando a sua fé no carisma, fez um gesto profético e preparou os cristãos para acolher a Renovação Carismática que está se espalhando por todos os cinco continentes”.[3]
A Renovação Carismática apareceu na Igreja Católica no momento em que se começava a procurar caminhos para pôr em prática a renovação da Igreja, desejada, ordenada e inaugurada pelo Concílio Vaticano II.
Pentecostes não é da RCC, mas fomos chamados a colocar em destaque esta graça. Quando Deus chama uma expressão, Ele a dota de uma especificidade que precisa ser exercitada para que haja coerência com o querer de Deus. Quando fugimos disso, perdemos a razão de ser como o sal que perde o sabor. Se vivermos fiéis a esta vocação nossa cidadania cristã será completa. Não podemos, pois, fazer de conta que somos carismáticos, e vivermos na alternativa, na superficialidade. No entanto, se formos fiéis a esta vocação aí sim haverá sentido em orarmos em línguas, falarmos em profecia, porque conhecemos e experienciamos aquilo que dá consistência a todas estas coisas.
A experiência do BES dá sentido, dá-nos a razão de ser. É uma experiência fundante. Quando nossos Grupos de Oração saem desta visão, passam a ser um grupo de reza, uma reunião de partilha, e não foi para isso que fomos chamados, embora sejam coisas boas. Para sermos testemunhas eficazes de Jesus nos tempos de hoje, precisamos desta experiência; para aqueles que não a tiveram, a descoberta maravilhosa deste Deus; para os que já a tiveram, uma repleção. Esta experiência não nos dá um poder de glamour, mas um poder espiritual para testemunhar Jesus Cristo, mesmo preso e chagado. Testemunhá-lo com poder é nosso papel. O Espírito que vem em Pentecostes é para todos, sem distinção de pessoas. Não vem só uma vez, mas no próprio Livro dos Atos dos Apóstolos há várias efusões do Espírito. Há pessoas com resistências para com esta experiência, há outros que acham que já a tiveram e na verdade não.
Precisamos interceder para que este Espírito apareça e aja em nós de forma visível. A experiência de Pentecostes não se esgota naquela primeira experiência pessoal. O Senhor quer nos dar mais Espírito Santo. “O mundo precisa de santos e vós sois tanto mais santos quanto mais deixardes que o Espírito Santo vos configure à Pessoa de Jesus Cristo. Eis o segredo da efusão do Espírito, caminho de crescimento proposto por vossos Grupos de Oração e vossas comunidades” (Papa João Paulo II). Para ter mais Jesus Cristo é preciso ter mais Espírito Santo.
Desejamos olhar para a Virgem Maria e aprender dela a docilidade ao Espírito Santo. Sabemos que, na justa medida, nós também queremos fazer com que Jesus nasça no coração das pessoas, pela Evangelização. Para tanto, sabendo que a graça concedida à Renovação Carismática Católica é que sejamos “apóstolos do Batismo no Espírito Santo”, buscamos a fidelidade à recomendação do Papa Francisco, de que levemos adiante este apostolado, para o bem da Igreja.
O Jubileu de Ouro da Renovação Carismática Católica, a ser celebrado em Roma, junto com o Papa Francisco, na Solenidade de Pentecostes deste ano de 2017, tem conduzido nossa reflexão e nossa oração na direção de “Um novo Pentecostes para uma nova Evangelização”. A Virgem Maria, com sua docilidade aos planos de Deus, acolheu o dom do Espírito Santo para a Encarnação do Verbo, esteve de pé aos pés da Cruz, acompanhou a primeira Comunidade Cristã no testemunho de Cristo Ressuscitado e esteve no Cenáculo, orando, preparando e acolhendo o dom do Espírito Santo. Por isso, para preparar a desejada renovação da graça do Pentecostes, a Renovação Carismática Católica do Brasil terá como tema deste ano de 2017 a palavra do Anjo Gabriel dirigida à Nossa Senhora: “O ESPÍRITO SANTO DESCERÁ SOBRE TI” (Lc 1, 35).
Neste ano de 2017 somos chamados, como intercessores, para interceder por toda a humanidade, pedindo a Jesus a graça do Batismo no Espírito Santo para todos.
Deus os abençoe!
Núcleo Nacional do Ministério de Intercessão